Cerejas
20.12.10
A prenda de Natal que mais marcou a minha infância foi uma embalagem de cerejas cristalizadas. Foi o meu pai que me ofereceu, juntamente com um cachecol cor-de-rosa, porque nesse ano, eu devia ter oito ou nove anos, os meus pais estavam zangados. Eu não sabia, eles pareciam sempre zangados, mas percebi quando abri as prendas e a minha mãe disse que tinha sido o meu pai a comprar aquelas. Ele não disse nada. Eu fiquei muito tempo a olhar para as cerejas. Não sabia o que dizer, nem o que sentir. Estava feliz, porque o meu pai tinha-me dado uma prenda comprada por ele e, ainda por cima, tão original, tão...verdadeira. Mas também me apetecia chorar (sempre fui muito dada a melodramas, os meus irmão cagaram na cena), não sei bem porquê. Talvez por saber que aquela família estava condenada. Seja como for, as cerejas cristalizadas ficaram sempre associadas ao Natal, ao meu pai e a esse sentimento que aperta o peito até quase não se conseguir respirar (sim, não ultrapassei o complexo de édipo). Por isso este Natal ofereço cerejas. Mais, sou gaja para desejar Feliz Natal aqui e tudo. Olhem só: Feliiiiiiiz Nataaaaaaaaaaaaaaal!
Dela
16.12.10
Tenho dado por mim, muitas vezes, entre o perplexa e o preocupada com o facto da rapariga andar para aí como se tudo na vida fosse muito fácil. É a melhor da turma na escola, porque calhou numa turma muito medíocre, com vários alunos repetentes. É das melhores na turma do Conservatório, porque a turma dela foi feita com uma repescagem de alunos que não entraram à primeira por não terem vaga no instrumento que escolheram, no caso dela o violino. Por essas razões, entre outras (designadamente a predisposição genética, digo eu), é uma menina bastante preguiçosa, ao ponto, por exemplo, de preferir fazer fichas de avaliação do que ter aulas, porque lhe dá menos trabalho.
Além disso, é escolhida para ser a porta voz numa assembleia não sei de quê, por ter o "dom da oralidade"; recebe elogios da professora de coro que a mim me fariam dar pulos de contentamento, e no entanto ela reage como se tudo isso fosse muito natural. A única vez que a vi frustrada foi com a piscina por não conseguir nadar como o outros alunos e isso durou duas aulas.
Vem isto tudo a propósito de ela ontem ter tido a primeira audição de órgão. Como é óbvio, praticar foi mais bolos. Todos os dias lhe lembrava que tinha de praticar e ela lá ia dez minutos para o órgão e já está. Não insisti. Faltavam dois dias para a audição e ela diz que acha que não está preparada. Olha que novidade! Convenci-a que só se fica preparado depois de muito trabalho e isso para ela consistiu em tocar umas seis ou sete vezes as peças que ia apresentar, ou melhor, uma das peças, porque a outra não se lembrou que também ia tocar.
Portanto, lá fui assistir à audição convencida que ela ia ter finalmente a experiência de falhar redondamente numa coisa para a qual não tinha trabalhado o suficiente. Era agora que lhe podia provar que sem dedicação e muito trabalho não se consegue nada. É claro que ela estava descontraída e a mim apetecia-me vomitar.
Resultado: a gaja saiu-se bem, ou menos mal, vá. Tocou melhor do que de todas as vezes que ouvi aqui em casa.
No fim o professor quis conversar com todos os pais e basicamente disse que o que eles fizeram foi o mínimo que podiam fazer, que não podem estar ali para ocupar os tempos livres, que o ensino especializado da música é para ser levado a sério, etc. etc. Mas o mais importante, e que vem de encontro aquilo que me deixa perplexa e preocupada, foi ele ter dito que é professor há mais de 20 anos naquela escola e que nunca viu crianças, como as últimas fornadas de alunos que tem recebido, com tão pouca noção do que é o esforço. É como se nascessem sem esse gene.
Além disso, é escolhida para ser a porta voz numa assembleia não sei de quê, por ter o "dom da oralidade"; recebe elogios da professora de coro que a mim me fariam dar pulos de contentamento, e no entanto ela reage como se tudo isso fosse muito natural. A única vez que a vi frustrada foi com a piscina por não conseguir nadar como o outros alunos e isso durou duas aulas.
Vem isto tudo a propósito de ela ontem ter tido a primeira audição de órgão. Como é óbvio, praticar foi mais bolos. Todos os dias lhe lembrava que tinha de praticar e ela lá ia dez minutos para o órgão e já está. Não insisti. Faltavam dois dias para a audição e ela diz que acha que não está preparada. Olha que novidade! Convenci-a que só se fica preparado depois de muito trabalho e isso para ela consistiu em tocar umas seis ou sete vezes as peças que ia apresentar, ou melhor, uma das peças, porque a outra não se lembrou que também ia tocar.
Portanto, lá fui assistir à audição convencida que ela ia ter finalmente a experiência de falhar redondamente numa coisa para a qual não tinha trabalhado o suficiente. Era agora que lhe podia provar que sem dedicação e muito trabalho não se consegue nada. É claro que ela estava descontraída e a mim apetecia-me vomitar.
Resultado: a gaja saiu-se bem, ou menos mal, vá. Tocou melhor do que de todas as vezes que ouvi aqui em casa.
No fim o professor quis conversar com todos os pais e basicamente disse que o que eles fizeram foi o mínimo que podiam fazer, que não podem estar ali para ocupar os tempos livres, que o ensino especializado da música é para ser levado a sério, etc. etc. Mas o mais importante, e que vem de encontro aquilo que me deixa perplexa e preocupada, foi ele ter dito que é professor há mais de 20 anos naquela escola e que nunca viu crianças, como as últimas fornadas de alunos que tem recebido, com tão pouca noção do que é o esforço. É como se nascessem sem esse gene.
Querido Pai Natal
15.12.10
Este ano quero que me transformes numa mãe igual a esta: divertida e feliz a tratar da canalha.
É um rapaz
10.12.10
O Nicolau farta-se de dar pontapés e eu digo-lhe olá baixinho e que os pontapés do lado de fora são do irmão do meio. Vimo-lo ontem num ecrã de computador e ficámos a saber que era um menino e que era o Nicolau, apesar da Beatriz não gostar do nome. Acontece muitas vezes (agora menos, à medida que vou crescendo) esquecer-me que estou grávida, não só porque me sinto bem, ainda que constantemente cansada, como demasiado ocupada com o Isaac e com sei lá eu mais o quê, porque ao fim do dia não sei onde gastei o meu tempo. Não sei, vejo-os crescer, tornarem-se pessoas com a matéria que lhes damos e talvez isso seja tudo o que interessa saber.
Eu logo vi
5.12.10
Então, ao que parece, quem nos criou foi um vírus. Pois, isso mesmo. Agora podem fechar a boca que eu passo a explicar: Pelos vistos uma equipa de veterinários verificou que ao administrar um retrovírus numas ovelhas prenhas, infectadas com um determinado vírus (não sei qual, porque apanhei o documentário a meio), a placenta deixava de produzir as moléculas que permitem ao saco embrionário manter-se preso ao útero, o que os levou a concluir, depois de algumas experiências, que os vírus são necessários para o sucesso da gravidez. Ora, sabendo que a placenta é a grande responsável pela formação do cérebro humano (eu não sabia, pensava que aquela viscosidade servia apenas para alimentar o feto, ponto final), alguns cientistas chegaram à conclusão que certos atributos exclusivamente humanos, como a linguagem por exemplo, são-nos fornecidos pelos vírus. LuisVillarreal, um desses cientistas, vai mais longe ao afirmar que sentimentos complexos, como o amor, existem graças a esses seres. Mais, o biólogo está convencido que os vírus não terminaram a tarefa e acredita que surgirão novos seres humanos.
Provavelmente toda a gente já sabia disto mas eu, que só soube agora, estou pasmada. Mesmo tendo ouvido a teoria de que nós somos um vírus da boca do Agent Smith.
Provavelmente toda a gente já sabia disto mas eu, que só soube agora, estou pasmada. Mesmo tendo ouvido a teoria de que nós somos um vírus da boca do Agent Smith.
Só mais uma coisa
3.12.10
Como é óbvio o Jaime não virou electricista e eu não sou (ainda) costureira. O Lytton, marido da Carrington, também sofre com herpes e, apesar de isso acontecer em Outubro de 1918, é a pessoa de quem me sinto mais próxima actualmente.
Estou grávida há demasiado tempo*
3.12.10
Aqui o senhor rapaz mandou a ecologia dar uma volta, porque se recusa a usar as fraldas que nos custaram os olhinhos da cara. Não sei porque carga de água (esta é mais uma daquelas belas expressões) as ditas começaram a assar-lhe o rabinho e ele, claro, cada vez que as vê desata numa gritaria e esperneanço nunca visto. Ora, eu que sempre disse de peito cheio, a quem quer que estivesse a ouvir-me, que uma das grandes vantagens destas fraldas era manter a pele do bebé saudável, sinto-me ligeiramente defraudada. Acontece que vem aí outra cria e portanto o investimento não foi de todo em vão.
É claro que se esta gravidez estivesse imbuída da mesma eco-consciência que a anterior, em vez desta estúpida ego-consciência, estaria muito preocupada e já teria feito as contas para perceber de quantas fraldas livrei o aterro sanitário durante este ano, para me sentir um pouco melhor. Mas, assim como assim, estou-me a borrifar. O que eu quero saber é quando é que vou voltar a ter uma vida normal, ou seja, deixar os filhos ao cuidado de alguém para ganhar a vida. Sim, porque quem fica com eles em casa ganha o quê, já agora?
*tenho a impressão que ainda não deixei de estar grávida desde Janeiro de 2009.
É claro que se esta gravidez estivesse imbuída da mesma eco-consciência que a anterior, em vez desta estúpida ego-consciência, estaria muito preocupada e já teria feito as contas para perceber de quantas fraldas livrei o aterro sanitário durante este ano, para me sentir um pouco melhor. Mas, assim como assim, estou-me a borrifar. O que eu quero saber é quando é que vou voltar a ter uma vida normal, ou seja, deixar os filhos ao cuidado de alguém para ganhar a vida. Sim, porque quem fica com eles em casa ganha o quê, já agora?
*tenho a impressão que ainda não deixei de estar grávida desde Janeiro de 2009.
Como sobreviver três semanas e meia desligada em seis passos
30.11.10
1) ocupar o tempo com outras coisas, tais como: tirar todas as mobílias, roupas, louças e tralhas várias de uma casa e passá-las para outra.
2) ficar ligeiramente deprimido e/ou mesquinho sem vontade de saber o que se passa, porque afinal de contas toda a gente tem vidas magníficas e faz coisas extraordinárias, enquanto nós tentamos secar roupa num estendal que não funciona.
3) confirmar, junto de uma pessoa próxima, quantos comentários temos no blog para ficarmos a saber que estar aqui ou não estar é absolutamente igual ao litro.
4) convencermo-nos (e isto exige algum esforço) que o herpes labial, a gravidez que vai quase a meio, o bebé a dizer MAAAAIIINHE e PAAAAIII e os livros que lemos são coisas que só interessam a nós e, algumas delas, a mais meia dúzia de pessoas que podem telefonar a perguntar.
5) definir objectivos interessantes, como contabilizar as despesas mensais, e, depois de somados todos os recibos, descobrir que num mês foram gastos 559,73€ no supermercado e 175,9€ em refeições fora de casa.
6) ir dormir às 10h da noite.
2) ficar ligeiramente deprimido e/ou mesquinho sem vontade de saber o que se passa, porque afinal de contas toda a gente tem vidas magníficas e faz coisas extraordinárias, enquanto nós tentamos secar roupa num estendal que não funciona.
3) confirmar, junto de uma pessoa próxima, quantos comentários temos no blog para ficarmos a saber que estar aqui ou não estar é absolutamente igual ao litro.
4) convencermo-nos (e isto exige algum esforço) que o herpes labial, a gravidez que vai quase a meio, o bebé a dizer MAAAAIIINHE e PAAAAIII e os livros que lemos são coisas que só interessam a nós e, algumas delas, a mais meia dúzia de pessoas que podem telefonar a perguntar.
5) definir objectivos interessantes, como contabilizar as despesas mensais, e, depois de somados todos os recibos, descobrir que num mês foram gastos 559,73€ no supermercado e 175,9€ em refeições fora de casa.
6) ir dormir às 10h da noite.
Off
5.11.10
Desligo o computador por uns dias, mas antes de o empacotar alguns apontamentos:
*Está-lhe no sangue, para o bem e para o mal, esta coisa de relatar.
*Fui ao teatro. Gostei muito. E da baixa cheia de gente numa noite quase de Verão. Lisboa, às vezes, tem um certo encanto.
*O Jaime gostava de ser electricista. Eu disse-lhe que podia ser costureira e começarmos uma vida nova.
*Está-lhe no sangue, para o bem e para o mal, esta coisa de relatar.
*Fui ao teatro. Gostei muito. E da baixa cheia de gente numa noite quase de Verão. Lisboa, às vezes, tem um certo encanto.
*O Jaime gostava de ser electricista. Eu disse-lhe que podia ser costureira e começarmos uma vida nova.
13 meses
2.11.10
Sempre gostei de babyblogs mas eu nem sequer um álbum de fotografias dos pequenos tenho, quanto mais um registo do dia a dia com eles. Além disso, conhecendo-me como me conheço, sei que seria tremendamente difícil escrever apenas sobre um aspecto da minha vida, ainda que seja O aspecto que ocupa os meus dias e dá cabo da minha existência, apesar do sentido que lhe dá, à minha existência.
Isto tudo para dizer que o pequeno tem 13 meses. Passou um ano, um mês e dois dias desde que nasceu. O primeiro ano é um acontecimento e tanto, porque basicamente é quando eles iniciam tudo o que vão aperfeiçoar daqui para a frente, excepto o uso da sanita. Aprendem a comer, a andar, a falar, a exigir em decibéis improváveis numas cordas vocais tão imberbes.
Olho para o Isaac e já vejo mais o rapazinho do que o bebé. Talvez por ele ser tão independente: quer comer sozinho, beber café, pôr a manteiga no pão e não é grande fã de colo. Tem um sorriso que ilumina as madrugadas (ele acorda às 6h) e testosterona q.b para 70 cm de gente. Continua a gostar de comer papel, de ver a máquina a lavar a roupa, de guardar coisas dentro de coisas (tecidos dentro das minhas galochas, por exemplo), de andar nu pela casa e de fazer sons guturais enquanto corre de um lado para o outro. Usa a primeira palavra que aprendeu - então - regularmente e contextualizada, mas diz poucas coisas que se percebam. Come bem e dorme assim-assim. Dá beijos deliciosos.
É o meu menino.
Auch!
27.10.10
"mas como eu odeio a mediania! De resto, a mediania é um estranho objecto de estudo: humilde, ambiciosa e sem ilusões. (...)" Virginia Woolf
As reticências no fim da frase significam que esta parte do texto não foi traduzida na íntegra (o diário foi publicado em cinco volumes e a edição portuguesa resumiu-o para dois). Apetece-me procurar o original para saber se a escritora continua a discorrer sobre a mediania. É que é um assunto que anda a passear na minha cabeça há décadas. Odeio ser mediana. E só vivo relativamente bem com isso, porque a doutora Soledade disse que era uma coisa boa. E eu acredito em tudo o que ela diz.
Ah, naturalmente a mediania a que Virginia Woolf se refere é à de terceiros.
As reticências no fim da frase significam que esta parte do texto não foi traduzida na íntegra (o diário foi publicado em cinco volumes e a edição portuguesa resumiu-o para dois). Apetece-me procurar o original para saber se a escritora continua a discorrer sobre a mediania. É que é um assunto que anda a passear na minha cabeça há décadas. Odeio ser mediana. E só vivo relativamente bem com isso, porque a doutora Soledade disse que era uma coisa boa. E eu acredito em tudo o que ela diz.
Ah, naturalmente a mediania a que Virginia Woolf se refere é à de terceiros.
O jardim
22.10.10
No lado esquerdo ficarão as aromáticas; em frente talvez deixe ficar os cactos e planto a buganvília mais umas quantas flores; No lado direito ficará a horta e no lado de cá teremos o grelhador num canto e o compostor no outro.
É uma pena estar ali no meio uma palmeira em vez de uma árvore de frutos, mas enfim ainda deve dar para um limoeiro, ou abacateiro.
É uma pena estar ali no meio uma palmeira em vez de uma árvore de frutos, mas enfim ainda deve dar para um limoeiro, ou abacateiro.
É capaz de ser da idade
22.10.10
Não sei bem como explicar isto mas acontece-me sentir a testa encorrilhar-se toda e, juntamente com as pálpebras, cair para cima dos olhos deixando-me sem enxergar o que se passa à minha frente e ao mesmo tempo com falta de ar.
treze semanas e meia
21.10.10
A data provável do parto é 24 de Abril, mas espero bem que faça como os outros e se aguente mais uns dias (não mais do que três, obrigada), porque não quero estar no hospital no dia em que a primogénita festeja o décimo aniversário.
Não há fome que não dê em fartura
19.10.10
Para o caso de estardes preocupados devo dizer que apesar do buraco no estômago - só porque não se vê não quer dizer que não esteja lá, como o do Boris Yellnikoff - as coisas correram bem. O Isaac gostou da Vera e ao que parece divertiram-se muito enquanto o pai desesperava numa reunião de burocratas e a mãe inventava palavras para descrever o Pepe que pastava vacas numa paisagem mexicana.
As cenouras, ou a falta delas, não acrescentaram mais prejuízos além do esgotamento da glândula lacrimal e acabaram por ser substituídas pela abóbora que, juntamente com a batata e as ervilhas, resultou num belo consomé.
Agora vou aproveitar a fase hipomaníaca e tratar de umas coisas urgentes.
As cenouras, ou a falta delas, não acrescentaram mais prejuízos além do esgotamento da glândula lacrimal e acabaram por ser substituídas pela abóbora que, juntamente com a batata e as ervilhas, resultou num belo consomé.
Agora vou aproveitar a fase hipomaníaca e tratar de umas coisas urgentes.
Acabaram-se as cenouras
19.10.10
e eu não sei fazer sopa, muito bem, sem cenouras. As últimas terão sido usadas ontem, mas não me lembro. Quando é assim deve comprar-se mais, para não acontecer eu querer fazer sopa e não ter cenouras, nem poder ir comprar porque o bebé está a dormir. O ideal, até, é nunca deixar acabar as cenouras. Mas acabaram, pronto, que hei-de fazer senão chorar como se a minha vida estivesse a acabar também?
babysitter
18.10.10
O jantar do bebé está pronto. A casa está aceitável. Podes vir senhora desconhecida que vai cuidar do meu bebé durante três horas e meia (entretanto vou tentar não abrir um buraco no estômago tamanha é a ansiedade).
Há sensações universais 1
15.10.10
"Fico sempre satisfeita quando se chega ao fim de uma visita e vejo que a simpatia se não alterou (...) - e no entanto fico sem saber como explicar esta sensação de esforço e de mal-estar que as pessoas de quem mais gosto conseguem produzir em mim." Virginia Woolf.
Outra casa
15.10.10
É a terceira vez que mudo de casa grávida. Da primeira, quando me mudei do Largo da Maternidade para a Boavista, foi o meu irmão e um amigo, que por acaso era o Jaime, que ajudaram. Da segunda, quando vim para Lisboa, foi um grupo de amigos (incluíndo o Jaime, naturalmente, mas já não apenas amigo, e o pai da Beatriz, quase ex-marido e ainda amigo, na altura) que ajudaram a carregar a carrinha no Porto e outros a descarregar aqui em Lisboa. Da terceira, daqui da Tomás da Anunciação ali para o jardim da Parada, será uma empresa de mudanças.
Das duas uma: ou temos cada vez mais tralha, ou cada vez menos amigos. Acho que é um pouco das duas. Uma pena isto de irmos enchendo a vida de coisas e esvaziando de pessoas. Mesmo que as pessoas sejam uma merda, grande parte do tempo.
Das duas uma: ou temos cada vez mais tralha, ou cada vez menos amigos. Acho que é um pouco das duas. Uma pena isto de irmos enchendo a vida de coisas e esvaziando de pessoas. Mesmo que as pessoas sejam uma merda, grande parte do tempo.
Coisas novas
12.10.10
"Velha janeleira"- velha que passa o dia à janela.
Mais lá para a frente talvez conte coisas desta experiência que é fazer um curso de escrita criativa. Mas, já agora, aproveito para registar que a minha vida está muito mais animada, ou colorida, com o pequeno a caminhar pela casa. Ao amarelo e branco do chão da cozinha, por exemplo, juntou-se o verde do majericão que ele espalhou convictamente.
Mais lá para a frente talvez conte coisas desta experiência que é fazer um curso de escrita criativa. Mas, já agora, aproveito para registar que a minha vida está muito mais animada, ou colorida, com o pequeno a caminhar pela casa. Ao amarelo e branco do chão da cozinha, por exemplo, juntou-se o verde do majericão que ele espalhou convictamente.
...
11.10.10
Perdi totalmente o controle da situação: Há roupa espalhada pela casa, brinquedos em sítios mais que improváveis, novelos de pó a rolar pelo chão e no meio disto tudo eu sempre despenteada e de lábios gretados. O que vale é que o bebé está feliz.
Banalidades
8.10.10
Ao ler o diário de Virginia Woolf apercebo-me que nos primeiros dois meses do ano de 1915 a única coisa que ela fez além de escrever, ler, passear com o marido, assistir a concertos e, ocasionalmente, jantar com amigos foi limpar as pratas uma vez. Actividade que descreveu como "uma coisa fácil e proveitosa de se fazer". Também tinha intenção, num dos dias, de coser um vestido que se desfez num dos passeios, mas não lhe apeteceu.
Cada vez mais me parece evidente que isto de ter que ganhar a vida a trabalhar é uma tremenda perda de tempo. Ou então, não, é uma forma de não nos suicidarmos aos 50 e poucos.
Virginia Woolf, Diário, Primeiro Volume 1915-1926, Tradução Maria José Jorge, Bertrand Editora, 1987
A lentidão dos dias
7.10.10
Esta coisa de ter um bebé de um ano, uma filha que perde as pautas do órgão a caminho da piscina e que nunca sabe onde deixou as sapatilhas, um humor próprio do primeiro trimestre da gravidez, mais a mudança da casa é capaz de ser areia a mais para a minha camioneta. E eu tenho uma camioneta daqui até ao Brasil, mas a bem dizer a areia é da grossa, daquela da praia da Póvoa.
É que ainda por cima preciso de me levantar 20 vezes durante a noite para fazer xixi, logo agora que o bebé dorme razoavelmente e quando não o faz o pai trata dele! Também começaram as insónias e os sonhos totally freaks para ajudar à festa.
Talvez a doutora do hospital tenha razões para ficar chocada ao ouvir que não tenho ninguém para me ajudar com o bebé (tirando o pai, claro), talvez eu devesse falar com pessoas verdadeiras e não com as que estão na minha cabeça, ou, quem sabe, podia tentar ir ao ginásio e ao cinema, mas quando, quando????? ao fim do dia estou morta e às 8h30 (quando o ginásio abre) quase a morrer.
Enfim, pelo menos os meus amigos fizeram o favor de se meter à estrada num dia de inverno para cantar os parabéns ao Isaac e, dessa forma, evitar que eu tivesse de viver com o meu pior pesadelo: uma festa sem ninguém.
É que ainda por cima preciso de me levantar 20 vezes durante a noite para fazer xixi, logo agora que o bebé dorme razoavelmente e quando não o faz o pai trata dele! Também começaram as insónias e os sonhos totally freaks para ajudar à festa.
Talvez a doutora do hospital tenha razões para ficar chocada ao ouvir que não tenho ninguém para me ajudar com o bebé (tirando o pai, claro), talvez eu devesse falar com pessoas verdadeiras e não com as que estão na minha cabeça, ou, quem sabe, podia tentar ir ao ginásio e ao cinema, mas quando, quando????? ao fim do dia estou morta e às 8h30 (quando o ginásio abre) quase a morrer.
Enfim, pelo menos os meus amigos fizeram o favor de se meter à estrada num dia de inverno para cantar os parabéns ao Isaac e, dessa forma, evitar que eu tivesse de viver com o meu pior pesadelo: uma festa sem ninguém.
Vida de emigrante
6.10.10
Mais uma vez voltámos mais cedo para Lisboa do que previsto. É estranho isto de termos os amigos, os afectos, a família lá e a nossa vida cá...
Economia familiar
1.10.10
A enfermeira F. foi despedida. Avizinham-se tempos difíceis no Centro de Saúde Santo Condestável.
Há um ano (continuação)
29.9.10
[Aviso: isto é um relato de um parto. Quem não estiver para isso é favor ignorar]
Depois de uma noite, como dizer, horrível, com contracções de cinco em cinco minutos e eu a respirar, a respirar a pensar que fui teimosa em insistir no parto normal, que fui parva, que estava louca, que não aguentava...na manhã seguinte as contracções pararam logo a seguir ao banho. Durante o pequeno almoço, chorei, chorei, chorei. A enfermeira de serviço perguntou o que se passava e eu chorava, chorava, chorava. Disse que estava cansada e que era um bocadinho maricas.
sms enviado às 8:33:31 para o Jaime: "Bom dia. Contracções toda a noite, perda de sangue, dilatação na mesma. Vou pedir para não continuarem com isto"
sms enviado às 10:54:09 para o Jaime: "Nova indução feita. Pelo menos o médico diz que saio daqui hoje"
O Jaime chegou por volta das 14:00 (hora das visitas no piso quatro) e já eu estava muito aflita com as contracções. Esmaguei-lhe os dedos muitas, muitas, vezes. A enfermeira fez o toque: três dedos de dilatação! estava a funcionar, estava a progredir yupi, yupi, yupi. Três dedos significava que podia levar epidural. "Daqui a bocadinho já desce para a sala de partos", disse a enfermeira e eu pensei, "falta pouco, falta pouco" e este falta pouco era para acabarem com aquele horror, não pensei que ia finalmente ver o bebé. Passaram duas horas e eu respirava, respirava (muito inspirei e expirei vigorosa e sonoramente!) pensava que o Isaac estava tão assustado como eu, que precisava de oxigénio e respirava e esmagava os dedos do Jaime e a certa altura disse: "Vai chamar a enfermeira, porque honestamente NÃO AGUENTO MAIS e estou aqui estou a gritar os três caralhos". A enfermeira veio meia contrariada, tinha passado pouco tempo desde o último toque, mas de repente ouvi sinos a tocar, trombetas, aleluias, o que quiserem, ou seja, a mulher de branco disse: "eh lá, mas já está com sete dedos de dilatação, como é que é possível? vai já lá para baixo".
E a partir daqui começa outra fase do trabalho de parto: Eu a ser levada numa maca pelos corredores do hospital a grande velocidade com uma auxiliar a gritar (talvez fosse surda): "respira filha, respira, olha que bem que ela respira", a chegar à sala de partos onde me esperava a enfermeira Carla (de S. João da Madeira, um verdadeiro anjo da guarda) e, meus senhores, a anestesista. Acho que corri para ela e beijei-lhe os pés em súplica, ou pelo menos foi o que me pareceu.
Depois foram quatro horas à espera que o bebé descesse (põe-nos deitadas horas a fio e querem que o bebé desça), sem dores, com o Jaime ao meu lado, com um ambiente muito sereno e apesar das não sei quantas pessoas que enfiaram as mãos pelas minhas partes íntimas acima, etc., eu estava, sei lá, feliz. Podia ser da ocitocina em excesso, ou do oxigénio. Entretanto, a dilatação estava completa, mas a cabeça do bebé estava mal encaixada. Três médicas vieram confirmar a posição do bebé e que havia espaço para ele passar (eu sei, é uma imagem decadente) e comecei a sentir que não havia grandes certezas em avançar com o parto normal.
Então, deviam ser umas 20h30, pediram ao Jaime para sair para mais uma avaliação, ele saiu e eu vi entrar umas dez pessoas, ou mais, dentro da sala. Uma das médicas com luvas e máscara. Tudo a colocar-se em posição e a dizerem que tinha chegado a hora. Disseram para me preparar para fazer muita força e que era melhor o pai esperar lá fora (achei tão injusto para ele), porque iam usar ventosa. Eu agarrei-me aos ferros da cama, disse que estava pronta e a enfermeira Carla, que já tinha tratado de avisar o Jaime sobre o que se estava a passar, abriu a porta, só o suficiente para eu e ele nos olharmos nos olhos e dizermos sem falarmos que era agora e que ia correr tudo bem.
Três vezes a fazer força, duas médicas a saltar em cima da barriga, o bebé a sair, o Jaime a entrar e eu incrédula, porque ele estava ali tão pequenino, tão bonito, tão desprotegido, tão meu. O pai cortou-lhe o cordão umbilical enquanto eu tentava segurar nele - estava tão escorregadio. Fazia-lhe festas na cabeça, dizia que já tinha passado, que estava tudo bem e apetecia-me enchê-lo de beijos, que deve ser assim uma espécie de lambidelas na nossa espécie. Só depois olhei para o Jaime e chorávamos os dois, claro.
A seguir veio tudo o resto.
Um pequeno apontamento
A ideia de uma sala cheia de gente (estudantes, suponho, mais pediatras, enfermeiras, etc.) a ver-me parir é coisa para não me deixar nada satisfeita. No entanto, devo dizer que naquele momento foi completamente indiferente, porque desapareceu tudo à minha volta, só existia o Isaac e depois o Jaime. Além disso, gostei de receber os mimos e as palmadinhas de "Parabéns, esteve muito bem".
Depois de uma noite, como dizer, horrível, com contracções de cinco em cinco minutos e eu a respirar, a respirar a pensar que fui teimosa em insistir no parto normal, que fui parva, que estava louca, que não aguentava...na manhã seguinte as contracções pararam logo a seguir ao banho. Durante o pequeno almoço, chorei, chorei, chorei. A enfermeira de serviço perguntou o que se passava e eu chorava, chorava, chorava. Disse que estava cansada e que era um bocadinho maricas.
sms enviado às 8:33:31 para o Jaime: "Bom dia. Contracções toda a noite, perda de sangue, dilatação na mesma. Vou pedir para não continuarem com isto"
sms enviado às 10:54:09 para o Jaime: "Nova indução feita. Pelo menos o médico diz que saio daqui hoje"
O Jaime chegou por volta das 14:00 (hora das visitas no piso quatro) e já eu estava muito aflita com as contracções. Esmaguei-lhe os dedos muitas, muitas, vezes. A enfermeira fez o toque: três dedos de dilatação! estava a funcionar, estava a progredir yupi, yupi, yupi. Três dedos significava que podia levar epidural. "Daqui a bocadinho já desce para a sala de partos", disse a enfermeira e eu pensei, "falta pouco, falta pouco" e este falta pouco era para acabarem com aquele horror, não pensei que ia finalmente ver o bebé. Passaram duas horas e eu respirava, respirava (muito inspirei e expirei vigorosa e sonoramente!) pensava que o Isaac estava tão assustado como eu, que precisava de oxigénio e respirava e esmagava os dedos do Jaime e a certa altura disse: "Vai chamar a enfermeira, porque honestamente NÃO AGUENTO MAIS e estou aqui estou a gritar os três caralhos". A enfermeira veio meia contrariada, tinha passado pouco tempo desde o último toque, mas de repente ouvi sinos a tocar, trombetas, aleluias, o que quiserem, ou seja, a mulher de branco disse: "eh lá, mas já está com sete dedos de dilatação, como é que é possível? vai já lá para baixo".
E a partir daqui começa outra fase do trabalho de parto: Eu a ser levada numa maca pelos corredores do hospital a grande velocidade com uma auxiliar a gritar (talvez fosse surda): "respira filha, respira, olha que bem que ela respira", a chegar à sala de partos onde me esperava a enfermeira Carla (de S. João da Madeira, um verdadeiro anjo da guarda) e, meus senhores, a anestesista. Acho que corri para ela e beijei-lhe os pés em súplica, ou pelo menos foi o que me pareceu.
Depois foram quatro horas à espera que o bebé descesse (põe-nos deitadas horas a fio e querem que o bebé desça), sem dores, com o Jaime ao meu lado, com um ambiente muito sereno e apesar das não sei quantas pessoas que enfiaram as mãos pelas minhas partes íntimas acima, etc., eu estava, sei lá, feliz. Podia ser da ocitocina em excesso, ou do oxigénio. Entretanto, a dilatação estava completa, mas a cabeça do bebé estava mal encaixada. Três médicas vieram confirmar a posição do bebé e que havia espaço para ele passar (eu sei, é uma imagem decadente) e comecei a sentir que não havia grandes certezas em avançar com o parto normal.
Então, deviam ser umas 20h30, pediram ao Jaime para sair para mais uma avaliação, ele saiu e eu vi entrar umas dez pessoas, ou mais, dentro da sala. Uma das médicas com luvas e máscara. Tudo a colocar-se em posição e a dizerem que tinha chegado a hora. Disseram para me preparar para fazer muita força e que era melhor o pai esperar lá fora (achei tão injusto para ele), porque iam usar ventosa. Eu agarrei-me aos ferros da cama, disse que estava pronta e a enfermeira Carla, que já tinha tratado de avisar o Jaime sobre o que se estava a passar, abriu a porta, só o suficiente para eu e ele nos olharmos nos olhos e dizermos sem falarmos que era agora e que ia correr tudo bem.
Três vezes a fazer força, duas médicas a saltar em cima da barriga, o bebé a sair, o Jaime a entrar e eu incrédula, porque ele estava ali tão pequenino, tão bonito, tão desprotegido, tão meu. O pai cortou-lhe o cordão umbilical enquanto eu tentava segurar nele - estava tão escorregadio. Fazia-lhe festas na cabeça, dizia que já tinha passado, que estava tudo bem e apetecia-me enchê-lo de beijos, que deve ser assim uma espécie de lambidelas na nossa espécie. Só depois olhei para o Jaime e chorávamos os dois, claro.
A seguir veio tudo o resto.
Um pequeno apontamento
A ideia de uma sala cheia de gente (estudantes, suponho, mais pediatras, enfermeiras, etc.) a ver-me parir é coisa para não me deixar nada satisfeita. No entanto, devo dizer que naquele momento foi completamente indiferente, porque desapareceu tudo à minha volta, só existia o Isaac e depois o Jaime. Além disso, gostei de receber os mimos e as palmadinhas de "Parabéns, esteve muito bem".
Há um ano
28.9.10
Troca de sms depois de ser internada para indução do parto do Isaac (ATENÇÃO, nenhuma mensagem foi censurada, pelo que pedimos desculpa por um ou outro momento lamechas, mas eu estava em vias de parir, por isso há que ter esse facto em conta):
enviada às 10:59:25 para o Jaime: "Um quarto com vista para o rio :)"
enviada às 11:19:39 para o Jaime: "Não creio. Estou muito bem vestida ;) amo-te"
enviada às 12:14:53 para o Jaime: " Liga à minha mãe. Ela ligou mas não pude atender. Até já papá :D"
enviada às 12:20:40 para a Andreia: " Miúda, estou no hospital a induzir o parto :( 41 semanas, placenta calcificada blábláblá. Espero que pelo menos nasça hoje. Beijos grandes."
enviada às 12:22:54 para o Jaime: " O que vale é que posso ver a Praça da Alegria!"
enviada às 12:44:03 para o Jaime: "O dr.Pina e a enf. Elvira ficaram tristes com a minha falta de pronúncia do Porto."
enviada às 12:52:22 para o Jaime: "Jaime, isto pode durar 3 dias!!! Só ao terceiro dia partem para cesariana. MEDO!"
enviada às 15:58:08 para a Beatriz: "Olá princesa, a mamã ainda está à espera que o Isaac saia. É um preguiçoso como a mana, ainda vai demorar. Um beijo grande."
enviada às 21:03:55 para o Jaime: "As contracções não param...eu queria tanto dormir."
enviada às 21:31:57 para a Xana: "Estou em agonia, é melhor não :) mas há-de acabar, mais cedo ou mais tarde. Obrigada."
enviada às 22:20:11 para o Jaime: "Tou ligada ao ctg novamente."
enviada às 23:07:05 para o Jaime: "Nada. Nem se consegue tocar no colo."
enviada às 23:47:39 para o Jaime: "Até já meu amor"
No dia seguinte enviei mais dois sms, um bastante desesperado, diga-se, mas o melhor estava para acontecer às 20:49, quando o bebé saiu e, depois do pai lhe cortar o cordão umbilical, veio encostar-se ao meu peito.
P.S e as lamechices não acabam. O Jaime acabou de me oferecer um rolo de papel com todos os sms que trocámos há um ano, desde que fui internada, até sair do hospital.
enviada às 10:59:25 para o Jaime: "Um quarto com vista para o rio :)"
enviada às 11:19:39 para o Jaime: "Não creio. Estou muito bem vestida ;) amo-te"
enviada às 12:14:53 para o Jaime: " Liga à minha mãe. Ela ligou mas não pude atender. Até já papá :D"
enviada às 12:20:40 para a Andreia: " Miúda, estou no hospital a induzir o parto :( 41 semanas, placenta calcificada blábláblá. Espero que pelo menos nasça hoje. Beijos grandes."
enviada às 12:22:54 para o Jaime: " O que vale é que posso ver a Praça da Alegria!"
enviada às 12:44:03 para o Jaime: "O dr.Pina e a enf. Elvira ficaram tristes com a minha falta de pronúncia do Porto."
enviada às 12:52:22 para o Jaime: "Jaime, isto pode durar 3 dias!!! Só ao terceiro dia partem para cesariana. MEDO!"
enviada às 15:58:08 para a Beatriz: "Olá princesa, a mamã ainda está à espera que o Isaac saia. É um preguiçoso como a mana, ainda vai demorar. Um beijo grande."
enviada às 21:03:55 para o Jaime: "As contracções não param...eu queria tanto dormir."
enviada às 21:31:57 para a Xana: "Estou em agonia, é melhor não :) mas há-de acabar, mais cedo ou mais tarde. Obrigada."
enviada às 22:20:11 para o Jaime: "Tou ligada ao ctg novamente."
enviada às 23:07:05 para o Jaime: "Nada. Nem se consegue tocar no colo."
enviada às 23:47:39 para o Jaime: "Até já meu amor"
No dia seguinte enviei mais dois sms, um bastante desesperado, diga-se, mas o melhor estava para acontecer às 20:49, quando o bebé saiu e, depois do pai lhe cortar o cordão umbilical, veio encostar-se ao meu peito.
P.S e as lamechices não acabam. O Jaime acabou de me oferecer um rolo de papel com todos os sms que trocámos há um ano, desde que fui internada, até sair do hospital.
Da senilidade
24.9.10
Há pouco estava a falar sozinha, numa conversa imaginária com uma vizinha, e dizia-lhe que era melhor assim, ter outro bebé de seguida, porque afinal já ia fazer 37 anos...pausa...37? Não, eu vou fazer 38, certo? E precisei de fazer as contas. Ora, quando se chega a uma altura em que é preciso contar os anos desde que nascemos é grave. Digo eu.
Depois vem o choque: 38 anos (ok, falta meio ano, whatever)?!?!?!?!?!? Foda-se, como é que eu vou fazer 38 anos? Tá bem que já vivi em mais do que uma cidade, trabalhei em mais do que três empresas, já casei e descasei, tive filhos e um aborto, mas...sei lá, eu ainda nem sei o que quero ser quando for grande! É melhor começar a pensar nisso muito depressa.
Depois vem o choque: 38 anos (ok, falta meio ano, whatever)?!?!?!?!?!? Foda-se, como é que eu vou fazer 38 anos? Tá bem que já vivi em mais do que uma cidade, trabalhei em mais do que três empresas, já casei e descasei, tive filhos e um aborto, mas...sei lá, eu ainda nem sei o que quero ser quando for grande! É melhor começar a pensar nisso muito depressa.
Vá comer mato a uma bouça*
23.9.10
Sopa de nabiças, um prato de massa com cherne e um quiwi (quivi?): o almoço do bebé.
*expressão da minha mãe, off course
*expressão da minha mãe, off course
Resoluções de ano novo
21.9.10
Recomeçar a conduzir e aderir ao Mob Carsharing. De outra forma este ano lectivo será incomportável.
inquérito
21.9.10
criado por Miguel Esteves Cardoso, Pedro Mexia e José Diogo Quintela
Com que idade percebeu que falhou na vida?
Aos seis, sete anos, quando a minha mãe me disse que o ballet e o piano era para os ricos.
Qual a diferença ente um tripeiro e um alfacinha?
Os tripeiros fazem das tripas coração. Os alfacinhas fazem saladinhas insossas.
Qual a sua qualidade que mais irrita os amigos?
Não ter papas na língua.
Qual o seu defeito que mais os enternece?
Acho que nunca enterneci ninguém.
Trata de forma diferente as pessoas feias e bonitas?
Sim.
Quando está com uma pessoa deficiente, exagera no ignorar da deficiência?
Sim.
Com que figura pública se acha fisicamente parecida?
Com a Hilary Swank.
Tem números que memorizou no telemóvel só para não atender?
Só memorizo os que quero atender.
Com que regularidade se googla?
Todos os dias, várias vezes.
Que jornal ou revista usaria para matar um insecto?
Que tipo de insecto?
Se fosse jantar com o Wody Allen, onde o levaria?
Ao Afonso.
O que almoçou hoje?
Massa.
O que deveria ter pedido?
Que alguém me fizesse o almoço (e o jantar para logo, já agora).
Qual o segundo momento mais marcante da sua vida?
Não sei.
Sem ser essa mariquice de morrer a dormir, como é que preferia morrer?
Pacificamente.
Qual o seu pintor favorito da escola flamenga.
Se eu conhecesse a pintura flamenga...chamava-lhe um figo!
Agora a sério, alguma vez encolheu a barriga?
Sim.
Num incêndio em sua casa, que objecto faria tudo para salvar.
O menino da lágrima.
Qual o luxo pré-crise de que tem saudades?
Já tive saudades de ir à depilação.
Já teve problemas com um vizinho?
Sim. A senhora de baixo queria que eu usasse passadeiras em casa para não ouvir os nossos passos.
Quantas vezes já fez amor a uma terça-feira?
À volta de 411 vezes.
Já fingiu que não viu uma amigo de há 20 anos.
Não.
Quando votou nulo o que escreveu?
Nunca votei nulo.
Qual a música mais foleira que canta no duche?
Não canto no duche.
Quando foi a última vez que teve medo de um médico?
Tenho quase sempre.
Numa luta entre um tubarão e um tigre quem ganha?
Depende.
Diz salsicha ou salchicha?
Salsicha.
Tem ciúmes dos seus amigos?
Alguns.
Alguma vez sentiu que engorda mais facilmente do que os outros?
Não.
Se pudesse prescindir de um só partido político, de qual prescindia?
Para quê?
Este é um dos três melhores inquéritos que já respondeu na vida?
É o único, por isso não tenho termos de comparação.
Com que idade percebeu que falhou na vida?
Aos seis, sete anos, quando a minha mãe me disse que o ballet e o piano era para os ricos.
Qual a diferença ente um tripeiro e um alfacinha?
Os tripeiros fazem das tripas coração. Os alfacinhas fazem saladinhas insossas.
Qual a sua qualidade que mais irrita os amigos?
Não ter papas na língua.
Qual o seu defeito que mais os enternece?
Acho que nunca enterneci ninguém.
Trata de forma diferente as pessoas feias e bonitas?
Sim.
Quando está com uma pessoa deficiente, exagera no ignorar da deficiência?
Sim.
Com que figura pública se acha fisicamente parecida?
Com a Hilary Swank.
Tem números que memorizou no telemóvel só para não atender?
Só memorizo os que quero atender.
Com que regularidade se googla?
Todos os dias, várias vezes.
Que jornal ou revista usaria para matar um insecto?
Que tipo de insecto?
Se fosse jantar com o Wody Allen, onde o levaria?
Ao Afonso.
O que almoçou hoje?
Massa.
O que deveria ter pedido?
Que alguém me fizesse o almoço (e o jantar para logo, já agora).
Qual o segundo momento mais marcante da sua vida?
Não sei.
Sem ser essa mariquice de morrer a dormir, como é que preferia morrer?
Pacificamente.
Qual o seu pintor favorito da escola flamenga.
Se eu conhecesse a pintura flamenga...chamava-lhe um figo!
Agora a sério, alguma vez encolheu a barriga?
Sim.
Num incêndio em sua casa, que objecto faria tudo para salvar.
O menino da lágrima.
Qual o luxo pré-crise de que tem saudades?
Já tive saudades de ir à depilação.
Já teve problemas com um vizinho?
Sim. A senhora de baixo queria que eu usasse passadeiras em casa para não ouvir os nossos passos.
Quantas vezes já fez amor a uma terça-feira?
À volta de 411 vezes.
Já fingiu que não viu uma amigo de há 20 anos.
Não.
Quando votou nulo o que escreveu?
Nunca votei nulo.
Qual a música mais foleira que canta no duche?
Não canto no duche.
Quando foi a última vez que teve medo de um médico?
Tenho quase sempre.
Numa luta entre um tubarão e um tigre quem ganha?
Depende.
Diz salsicha ou salchicha?
Salsicha.
Tem ciúmes dos seus amigos?
Alguns.
Alguma vez sentiu que engorda mais facilmente do que os outros?
Não.
Se pudesse prescindir de um só partido político, de qual prescindia?
Para quê?
Este é um dos três melhores inquéritos que já respondeu na vida?
É o único, por isso não tenho termos de comparação.
sono*
20.9.10
Era gaja para dormir 20 horas e ficar na mesma. Isto de haver mais do que um coração a bater dentro de nós é cansativo.
*este vai ser tema de posts durante alguns anos, certo?
*este vai ser tema de posts durante alguns anos, certo?
Ah, e não compro mais nenhum livro da Mónica Marques
17.9.10
porque não aceitou ser minha amiga no facebook. E até estava curiosa para saber o que viria a seguir ao "Transa Atlântica", mas eu sou assim, uma pessoa vingativa.
Manias
17.9.10
Comprei "O Bom Inverno" - eu que me recuso a comprar os livros quando toda a gente anda a falar deles, enfim, manias - e li-o ontem. O enredo fez-me lembrar um filme de terror série b, não sei, talvez João Tordo gostasse, tal como os personagens do livro, de ver o seu romance adaptado ao cinema. É uma história muito bem contada, sem dúvida, e é incrível como algumas passagens se conseguem ver, como se estivéssemos lá, mas não posso dizer que tenha gostado. Sei é que não lia um livro com tanto prazer há muito tempo. Faz sentido?
João Tordo, O Bom Inverno, Dom Quixote, 2010
João Tordo, O Bom Inverno, Dom Quixote, 2010
No Centro de Saúde
15.9.10
Nada como a primeira consulta de saúde materna para ficarmos logo mais descansadas:
Médica: Sabe que depois dos 35 tem de fazer amniocentese?
Eu: Sei que há esse protocolo, mas na anterior gravidez fiquei só pelas análises bioquímicas, optei por não fazer a amniocentese. Nesta, se for possível, preferia fazer o mesmo.
Médica: hmmm (de olhar esbugalhado).
Eu: A amniocentese serve apenas para detectar o síndrome de Down, não é (isto foi o que me disseram no hospital quando estava grávida do Isaac)?
Médica: Não, não, a amniocentese recolhe as células descamadas do líquido amniótico para análise do ADN, portanto ficamos a saber quais a doenças genéticas que o feto poderá ter. Não estou a dizer que vai ter algum problema, mas sabe que com a sua idade...
Eu: Sim, compreendo, mas a vantagem de ser o terceiro filho é que não ficamos tão ansiosas, estamos muito mais relaxadas.
Médica: Pois, mas só porque as outras duas correram bem, não quer dizer que esta vá correr...
É, ou não é um descanso? É claro que eu podia pagar a um médico no privado que me faria sentir lindamente, uma vez que me estaria a cobrar os olhos da cara, mas vou continuar no Centro de Saúde, até porque a enfermeira F. está quase a voltar de férias e com ela é outra coisa.
P.S Não tenho nada contra o SNS, antes pelo contrário. Fui muitíssimo bem acompanhada no Hospital Francisco Xavier, na anterior gravidez.
Médica: Sabe que depois dos 35 tem de fazer amniocentese?
Eu: Sei que há esse protocolo, mas na anterior gravidez fiquei só pelas análises bioquímicas, optei por não fazer a amniocentese. Nesta, se for possível, preferia fazer o mesmo.
Médica: hmmm (de olhar esbugalhado).
Eu: A amniocentese serve apenas para detectar o síndrome de Down, não é (isto foi o que me disseram no hospital quando estava grávida do Isaac)?
Médica: Não, não, a amniocentese recolhe as células descamadas do líquido amniótico para análise do ADN, portanto ficamos a saber quais a doenças genéticas que o feto poderá ter. Não estou a dizer que vai ter algum problema, mas sabe que com a sua idade...
Eu: Sim, compreendo, mas a vantagem de ser o terceiro filho é que não ficamos tão ansiosas, estamos muito mais relaxadas.
Médica: Pois, mas só porque as outras duas correram bem, não quer dizer que esta vá correr...
É, ou não é um descanso? É claro que eu podia pagar a um médico no privado que me faria sentir lindamente, uma vez que me estaria a cobrar os olhos da cara, mas vou continuar no Centro de Saúde, até porque a enfermeira F. está quase a voltar de férias e com ela é outra coisa.
P.S Não tenho nada contra o SNS, antes pelo contrário. Fui muitíssimo bem acompanhada no Hospital Francisco Xavier, na anterior gravidez.
Entretanto
13.9.10
Vou experimentar fazer uma sopa com as beldroegas que cresceram no vaso da salsa.
Não identifiquei a planta, quando a vi, mas percebi que só podia ser uma infestante. Imediatamente lembrei-me de um trabalho que fiz para a revista Forum Ambiente com o botânico João Gonçalves da Costa, antigo colector do Instituto de Botânica Dr. Gonçalo Sampaio, e que me marcou profundamente.
Além do conhecimento que transbordava de tudo o que dizia, ele falava das plantas como se fossem pessoas que conhecia daqui e dali. Mas o que me espantou verdadeiramente foi ele referir-se a duendes, a propósito de na Escócia as casas terem heras para os esconder, como se fossem criaturas reais. Primeiro fiquei surpreendida, depois à medida que o fui ouvindo pareceu-me perfeitamente natural que existissem seres que tentam proteger a Natureza.
E lembrei-me dele ao ver as beldroegas (Portulaca oleracea), porque notava-se que tinha uma certa simpatia pelas infestantes. Dizia ele que as austrálias (Acácia melanoxylon) e os eucaliptos (Eucalyptus globulos e E. obtusa), por exemplo, são árvores que continuam a lutar pela sobrevivência, depois de verem o continente que as acolhia partir-se: o velho continente lemuriano que se transformou na várias ilhas que hoje constituem o continente australiano, a Nova Zelândia e a Tasmânia.
Resumindo, além de uma bela sopa, as beldroegas serviram para me lembrar a magia do jornalismo.
soltas
11.9.10
e como estive longe do computador muitos dias, tenho um monte de coisas para contar. Então é assim:
de todas as coisas estranhas do livro do Murakami, que acabei de ler, o que me deixou mais intrigada foi o facto de praticamente todos os personagens terem 31 anos.
também terminei a gola em tricot e posso dizer que ficou bonitinha mas cheiinha de defeitos.
constatamos que o gajo pequeno não gosta de comida embalada, nem sopa dos restaurantes.
estou grávida. Não sei de quanto tempo (a contar desde o UPM, estarei de oito semanas), nem se está tudo bem, porque ainda não fui ao médico.
(isto começa tudo em minúsculas, porque diz que é bem)
de todas as coisas estranhas do livro do Murakami, que acabei de ler, o que me deixou mais intrigada foi o facto de praticamente todos os personagens terem 31 anos.
também terminei a gola em tricot e posso dizer que ficou bonitinha mas cheiinha de defeitos.
constatamos que o gajo pequeno não gosta de comida embalada, nem sopa dos restaurantes.
estou grávida. Não sei de quanto tempo (a contar desde o UPM, estarei de oito semanas), nem se está tudo bem, porque ainda não fui ao médico.
(isto começa tudo em minúsculas, porque diz que é bem)
E cá estou eu
11.9.10
Antecipámos o regresso não por causa da cantoria enervante dos grilos, ou porque a falta do que fazer fez-nos, afinal, mais comichão do que seria de esperar (o ano passado, no Alqueva, estivemos lindamente, por exemplo, e não tínhamos praias, apenas uma piscina biológica que partilhávamos com rãs e uma cobra), mas porque o meu sobrinho ficou com uma otite e o miúdo precisava da mãe dele, como precisam todos quando estão doentes. Vai daí arrumámos as tralhas da barraca na mala do carro e fizemo-nos à estrada. Os antipáticos do parque de campismo, que se diz ecológico mas é uma treta, não nos devolveram o dinheiro das duas noites que não usufruímos mas também não o pedimos.
Assim sendo estou de volta às lides internéticas e posso adiantar que de seguida janto umas ameijoas.
Assim sendo estou de volta às lides internéticas e posso adiantar que de seguida janto umas ameijoas.
Chegou
1.9.10
O Jaime chegou. Antes disso, de manhãzinha, fui ao mercado comprar flores para enfeitar a casa e deixei adiantado um caril de gambas para o almoço. Depois da sopa do Isaac, por volta das 11h, fui buscá-lo ao aeroporto com as crianças. Levei um vestido novo e sombra nos olhos. Isto é ficção.
A realidade: O Jaime chegou e eu estou manca, dei um jeito nas costas. A casa cheira a estrugido queimado e os brinquedos do Isaac estão espalhados por todo o lado. Eu fui ao aeroporto de táxi (como eu odeio taxistas, santo deus!), com um carro estacionado à porta e a chave na gaveta da consola, porque não sei conduzir, apesar de ter carta de condução. E não levei vestido nenhum, fui com as únicas calças de ganga que me servem (as de grávida), o cabelo oleoso e buço. Até as caxineiras, que são mulheres que têm toda a legitimidade para usar bigode, tiram o buço quando os homens chegam do mar, e eu fui buscar o meu neste estado.
Mas é assim a vida, um dia serei uma dona de casa como deve ser, até lá sou eu assim.
A realidade: O Jaime chegou e eu estou manca, dei um jeito nas costas. A casa cheira a estrugido queimado e os brinquedos do Isaac estão espalhados por todo o lado. Eu fui ao aeroporto de táxi (como eu odeio taxistas, santo deus!), com um carro estacionado à porta e a chave na gaveta da consola, porque não sei conduzir, apesar de ter carta de condução. E não levei vestido nenhum, fui com as únicas calças de ganga que me servem (as de grávida), o cabelo oleoso e buço. Até as caxineiras, que são mulheres que têm toda a legitimidade para usar bigode, tiram o buço quando os homens chegam do mar, e eu fui buscar o meu neste estado.
Mas é assim a vida, um dia serei uma dona de casa como deve ser, até lá sou eu assim.
Férias
31.8.10
Daqui a poucos dias vou mudar de sítio por uma semana, vou para o Alentejo. Há quem lhe chame férias, mas no meu caso não posso dizer que sejam. Sim, vou mudar de cenário e vou partilhar os dias com outro adulto (yiupi!!!!!!), de resto não muda muito mais a minha rotina.
É claro que me vai saber bem, muitíssimo bem, mas férias, férias, senhores, era eu sair de casa de manhã toda aprumadinha, ou mais ou menos, pronto, que eu não sou gaja de me aprumar por aí além, passar o santo dia em frente a um computador a receber, ou a dar, ordens, chegar a casa ao fim do dia e dar banho ao bebé e enchê-lo de beijos, mimar a pequena e enchê-la de beijos e dar beijos ao grande. Depois cozinhava, estendia roupa, mudava a areia dos gatos e essas merdas todas que passo o dia a fazer, só que durante essas férias demorava muito menos tempo, porque estava feliz e cheia de energia. E já agora podiam ser umas férias grandes, daquelas de três meses, como quando andávamos na escola.
É claro que me vai saber bem, muitíssimo bem, mas férias, férias, senhores, era eu sair de casa de manhã toda aprumadinha, ou mais ou menos, pronto, que eu não sou gaja de me aprumar por aí além, passar o santo dia em frente a um computador a receber, ou a dar, ordens, chegar a casa ao fim do dia e dar banho ao bebé e enchê-lo de beijos, mimar a pequena e enchê-la de beijos e dar beijos ao grande. Depois cozinhava, estendia roupa, mudava a areia dos gatos e essas merdas todas que passo o dia a fazer, só que durante essas férias demorava muito menos tempo, porque estava feliz e cheia de energia. E já agora podiam ser umas férias grandes, daquelas de três meses, como quando andávamos na escola.
Ai, a mobilidade
30.8.10
Eu tinha coisas para contar, e parece que das boas, mas o rapaz (que já não é fanado, nasceu-lhe o primeiro dente, ontem) deu em desaparecer da minha vista em segundos. Ele costuma estar aqui agarrado à cadeira a gritar MA MA MA MA MA MA MA, mas, ou porque o ignoro, ou porque descobriu que há coisas bem melhores para fazer, pigas-se num abrir e fechar de olhos e lá se vai a minha concentração. Agora, por exemplo, gatinha agarrado ao capacete da irmã, como se fosse um volante. Anda assim pela casa a grande velocidade até encontrar algum obstáculo, como a pequena soleira da porta do WC. Quando a Bea está em casa corre atrás dele, como não está corro eu. Olha, aí vem ele a mastigar papel. Espero que seja papel...
Domingo
29.8.10
Não sei em que dia da semana morreu o meu pai. Fez 24 anos, no dia 22 de Agosto, no domingo passado, que morreu. A cerimónia fúnebre foi uma segunda-feira e o enterro a uma terça-feira. Eu tenho mais dois anos do que ele tinha quando morreu. Já não sonho com ele tantas vezes como sonhava. Já não me acontece ficar chocada porque, afinal, ele está morto. Acontece-me pensar que tudo aconteceu há muito pouco tempo. Ontem, antes de dormir (lá está, à noite, sempre à noite), lembrei-me dele agarrado à minha avó materna, que vivia connosco, e ainda vive com a minha mãe, em cuecas a chorar baba e ranho, porque os pais dele estavam velhinhos e qualquer dia morriam...
De noite 2
25.8.10
Estou num sítio indefinido, a uma hora indefinida a fazer as coisas que se costumam fazer nos sonhos - correr feita louca; conversar com amigos em casa estranhíssimas, sempre com corredores infinitos; à procura de alguma coisa que nunca se sabe o que é, no meio de florestas verdes mais verdes que o verde; ou com os pés metidos na neve branca a olhar para um infinito negro, sem luz. Enfim, esse tipo de coisas - e de repente apareço eu a gritar a mim própria: TRIGO, TRIGO, TRIGO e começo a pensar: mas que raio quer esta agora? sempre com a sensação de que aquilo é uma palavra chave para alguma coisa, mas também pode ser para ir em direcção àquele campo de trigo em frente. Depois, com muito esforço, lá percebo que é para acordar. Abro os olhos e fico à espera. Trinta segundos depois ele chora. É assim quase todas as noites. A palavra chave não é sempre a mesma e raramente me lembro dela. Parece-me que durante o sono tenho uma vida mais interessante.
Escrever um romance, ou assim
24.8.10
Eu faço quilts e tricot. Cozinho pequenos-almoços, almoços e jantares. Ponho roupa na máquina, tiro da máquina, ponho no estendal. Mato melgas e formigas. Limpo a areia dos gatos, às vezes escovo-os e apanho as bolas de pêlos que vomitam. De vez em quando aspiro. Trato da loiça. Dou banho aos pequenos e corto-lhes as unhas e o cabelo. Faço os possíveis com os vasos. Distribuo mimos, beijos e colo. Esfrego o quarto de banho com cif. Passo a esfregona com sonasol no chão da cozinha e outro líquido qualquer na madeira. Limpo cocós e lavo fraldas à mão. Vou todos os dias às compras para ter sempre produtos frescos e evitar embalagens desnecessárias. Às vezes faço bolachas e bolos. Vou passear para o jardim. Arrumo a roupa nas gavetas. Às vezes faço as camas. Canto. E não percebo porque caralho acho que devia fazer mais alguma coisa.
O patchwork é kitsch 5'
19.8.10
Esta semana consegui finalmente terminá-lo. Optei por fazer o avesso em tons monocromáticos, preto, branco e cinzento, para quando não me apetecer cor. Enquanto quiltava, à máquina (actividade imprópria para o Verão), apercebi-me que o resultado final diz muito de mim: Gosto de começar os quilts, pensar nas cores, nas formas, juntar os tecidos, etc. Depois, quero vê-lo terminado o mais depressa possível, mesmo que não fique tão perfeito como gostava, para pensar no que vou fazer a seguir.
A crise dos 10 meses e meio
17.8.10
Eu sei que quando voltar a trabalhar (sabe-se lá quando e a fazer o quê) vou sentir falta disto: dele a gatinhar pela casa, a agarrar-se aos meus pés e a trepar pelas minhas pernas. Dela: "e, então, que achas que podemos fazer hoje?", das brincadeiras ao faz de conta, das bolachas no forno. Do barulho, sei que até desta barulheira infernal vou ter saudades. Dos jardins durante a tarde. Do cinema ao fim do dia. De cozinhar para a prol (ou talvez não). De ter um blog onde mostro as crianças para que não haja enganos e toda a gente saiba que sou uma mulher muito preenchida e que ser mãe é do mais cool que existe. De não ter que levar com a imbecilidade de muitos dos nossos melhores profissionais, que passam horas no emprego, não necessariamente a trabalhar.
Sei disso tudo, mas agora o que eu queria era a merda de um trabalho.
Sei disso tudo, mas agora o que eu queria era a merda de um trabalho.
Havemos de trocar umas ideias sobre o assunto
17.8.10
Olha, eu também já estive para o comprar, mas depois sou arrepanhada por uma sensação de não-é-ainda-altura-de-Bolaño.
Agosto 2
13.8.10
Ficava-me pelo Post de baixo e Agosto seria um mês com gelados, bricadeiras e alegrias várias derivadas de sermos uma família feliz e bonita. Acontece que sofro de uma miopia cerebral que me faz sentir tudo desfocado. Preciso de semicerrar o sistema nervoso central para tentar focar a realidade. Às vezes, claro, acontece vermo-nos muito felizes, e assim, sem estar a semicerrar os nervos e fico um bocado baralhada, mas admito que não acontece tantas vezes quantas seria de esperar.
Ontem, por exemplo, fomos passear para a baixa. Estava um fim de tarde ameno, o JP Simões actuava no jardim do museu do Chiado, muita gente assistia e Lisboa fazia-se sentir. Tivemos de vir embora mais cedo do que o previsto, porque o gajo bebé gosta muito de dormir na cama dele e, portanto, não descansou enquanto não o viemos deitar.
Naturalmente ainda não tínhamos chegado à baixa já eu tinha percebido que ele não ia adormecer. Já ia com pouca vontade. Já ia com as trombas com que voltei para casa.
Talvez dez meses seja muito tempo para estar em casa a cuidar de um bebé sem família por perto (ontem apercebemo-nos que o Isaac nunca ficou mais do que 15 minutos afastado de um de nós), talvez seja mais difícil para umas pessoas do que outras. Não sei. Sei que dois dias inteiros em silêncio absoluto me iam saber muito bem.
Ontem, por exemplo, fomos passear para a baixa. Estava um fim de tarde ameno, o JP Simões actuava no jardim do museu do Chiado, muita gente assistia e Lisboa fazia-se sentir. Tivemos de vir embora mais cedo do que o previsto, porque o gajo bebé gosta muito de dormir na cama dele e, portanto, não descansou enquanto não o viemos deitar.
Naturalmente ainda não tínhamos chegado à baixa já eu tinha percebido que ele não ia adormecer. Já ia com pouca vontade. Já ia com as trombas com que voltei para casa.
Talvez dez meses seja muito tempo para estar em casa a cuidar de um bebé sem família por perto (ontem apercebemo-nos que o Isaac nunca ficou mais do que 15 minutos afastado de um de nós), talvez seja mais difícil para umas pessoas do que outras. Não sei. Sei que dois dias inteiros em silêncio absoluto me iam saber muito bem.
Que tipo de mãe sou eu?
11.8.10
Não faço ideia que tipo de mãe pareço (eu acho sempre que, em muitos aspectos, sou a pior de todas as que conheço), mas tenho a certeza que sou boa mãe, porque:
i) Passo a vida a questionar as minhas opções - não seria melhor para mim ser uma gaja independente, com muito vinho na garrafeira, SG Ventil na carteira e sexo ocasional?
ii) Tento perceber as diferentes fases das crianças - o bebé está a incomodar a sua refeição? lamento, mas ele precisa de flexibilizar as cordas vocais. A menina podia estar mas era caladinha antes que lhe fodesse as trombas? Não, não porque está a entrar na pré-adolescência.
iii) Decido ser eu a criá-los durante os primeiros anos de vida (ou pelo menos o primeiro) - Como, estás atrasado, mas já passa das 18h, estás à espera que seja eu a dar-lhe a sopa, banho e adormecê-lo, não é? Estou farta disto, recuso-me a continuar a viver desta forma, bláblábláblá...Ah, estás a trabalhar? e eu, estou de férias?
i) Passo a vida a questionar as minhas opções - não seria melhor para mim ser uma gaja independente, com muito vinho na garrafeira, SG Ventil na carteira e sexo ocasional?
ii) Tento perceber as diferentes fases das crianças - o bebé está a incomodar a sua refeição? lamento, mas ele precisa de flexibilizar as cordas vocais. A menina podia estar mas era caladinha antes que lhe fodesse as trombas? Não, não porque está a entrar na pré-adolescência.
iii) Decido ser eu a criá-los durante os primeiros anos de vida (ou pelo menos o primeiro) - Como, estás atrasado, mas já passa das 18h, estás à espera que seja eu a dar-lhe a sopa, banho e adormecê-lo, não é? Estou farta disto, recuso-me a continuar a viver desta forma, bláblábláblá...Ah, estás a trabalhar? e eu, estou de férias?
O deserto na chuva
10.8.10
A sardinheira e a buganvília ali estão, carregadas de areia do deserto trazida pela chuva. E, hoje, nada me parece mais poético do que isso.
*suspiro*
10.8.10
Ainda bem que já comecei O Elefante Evapora-se, porque aparece logo no início um rapaz de trinta anos que se despediu do emprego e que a certa altura diz: "Falta-me a capacidade para levar as coisas a bom porto. A meio caminho, perco-me por estradas e travessas e fico a ver navios."
Ora, isto soou-me tremendamente familiar e como tal estou ansiosa por saber o que vem a seguir. E se isso não é a melhor coisa que um romance pode oferecer - também não sei ao certo qual é, não sou nenhuma crítica literária, mas quando leio não estou à espera de uma trama, estou à espera de me descobrir dentro do livro -, pelo menos ajuda-me a não pensar neste lindo mês de Agosto.
Se ao menos me apetecesse fazer alguma coisa...
P.S Não acontece nada na vida do rapaz.
Ora, isto soou-me tremendamente familiar e como tal estou ansiosa por saber o que vem a seguir. E se isso não é a melhor coisa que um romance pode oferecer - também não sei ao certo qual é, não sou nenhuma crítica literária, mas quando leio não estou à espera de uma trama, estou à espera de me descobrir dentro do livro -, pelo menos ajuda-me a não pensar neste lindo mês de Agosto.
Se ao menos me apetecesse fazer alguma coisa...
P.S Não acontece nada na vida do rapaz.
A igreja estava cheia (e toda iluminada como na música d' O Trio Odemira)
6.8.10
Eu gosto de ir ao cinema. Muitas vezes decido que vou ao cinema e só depois vejo o que está em cartaz. Não é difícil encontrar alguma coisa, porque o número de salas em Lisboa é considerável, apesar de estarem, praticamente, todas tomadas pelos suspeitos do costume. Depois há a cinemateca, claro, que tenho frequentado muito pouco, infelizmente.
Isto tudo para dizer que de tão habituada a ver filmes com mais duas ou três pessoas além de mim, ia morrendo quando me apercebi que o Inception (A Origem) ia encher a sala. Ora, o cinema também é isso: gente a ver o filme e a comer pipocas e a sussurrar mas, caramba, não podiam ir fazer isso para outro filme qualquer? Eu também gosto de ver filmes com amigos, de conversar e fazer intervalos para comer alguma coisa, mas ir ao cinema é diferente. Para mim, é quase como ir a um santuário para alimentar o espírito e ficar longe dos assuntos terrenos. E neste filme Nolan até consegue levar-nos para o mundo dos sonhos e tudo, por isso estão todos perdoados. Deixem ficar uma esmolinha.
Isto tudo para dizer que de tão habituada a ver filmes com mais duas ou três pessoas além de mim, ia morrendo quando me apercebi que o Inception (A Origem) ia encher a sala. Ora, o cinema também é isso: gente a ver o filme e a comer pipocas e a sussurrar mas, caramba, não podiam ir fazer isso para outro filme qualquer? Eu também gosto de ver filmes com amigos, de conversar e fazer intervalos para comer alguma coisa, mas ir ao cinema é diferente. Para mim, é quase como ir a um santuário para alimentar o espírito e ficar longe dos assuntos terrenos. E neste filme Nolan até consegue levar-nos para o mundo dos sonhos e tudo, por isso estão todos perdoados. Deixem ficar uma esmolinha.
Outra vez?
5.8.10
O chão da cozinha está sujo, a precisar de ser lavado. Outra vez. Chuto os brinquedos do pequeno para os lados, porque não me apetece baixar, outra vez. Adormeceu, outra vez, no colo. Não gostou nada do peixe com batatas. Logo experimento frango com massa. Cozinha, outra vez. E a mais velha ainda não almoçou. A cadeira dele está cheia de comida, outra vez. E eu chateada, aborrecida, quase desesperada com isto tudo. Outra vez.
Sem título
1.8.10
Uma salva de palmas para a Carla Fonseca que perdeu um centímetro na cintura e 0,3 por cento de massa gorda (aumentou um quilograma ao peso que já era excessivo, mas isso não interessa nada) é uma daquelas coisas que se ouve a uma sexta-feira de manhã, pouco depois das 8h30, o que poderá justificar a sensação procedente: o "que é esta merda?", e que fica registada no cérebro sem que se perceba porquê.
Um pouco como o gesto infantil de recortar fotografias, que aparecem nas revistas, de raparigas com olhos cinzentos, porque o rapaz por quem estamos apaixonadas nos diz que a cor de olhos mais bonita é o cinzento. Ora, nós (reparem como uso magistralmente o nós majestático) temos olhos castanhos e em vez de mandarmos o apaixonado lamber a quinta pata do cavalo, não, recortamos fotografias de raparigas que ele acha mais lindas do que nós. Se a psicoterapia juntamente com uma boa dose de ciprofloxacina, ou uns bons copos de tinto à maneira, ou tudo misturado, não é a melhor coisa para se viver em paz, não sei o que será.
Um pouco como o gesto infantil de recortar fotografias, que aparecem nas revistas, de raparigas com olhos cinzentos, porque o rapaz por quem estamos apaixonadas nos diz que a cor de olhos mais bonita é o cinzento. Ora, nós (reparem como uso magistralmente o nós majestático) temos olhos castanhos e em vez de mandarmos o apaixonado lamber a quinta pata do cavalo, não, recortamos fotografias de raparigas que ele acha mais lindas do que nós. Se a psicoterapia juntamente com uma boa dose de ciprofloxacina, ou uns bons copos de tinto à maneira, ou tudo misturado, não é a melhor coisa para se viver em paz, não sei o que será.
O patchwork é kitsch 6
29.7.10
Aqui está o Quilt n.2 com o tal tecido que tinha referido aqui. Ofereci-o a uma linda, linda menina e a mãe dela enviou-me as fotos, porque me esqueci de o fotografar. Obrigada amiga do coração.
Calor
27.7.10
Eu fico com um zumbido na cabeça e uma neblina nos olhos. O bebé não consegue dormir nem comer direito. Já a Bea parece que nasceu com um termostato que lhe permite aguentar calor e frio como se não existisse uma coisa nem outra. Se calhar hoje vamos brincar a arrumar o roupeiro. Ela arruma (se é que se pode chamar ao que ela faz arrumar) e eu fico na piscina.
P.S A partir de agora só fotos de telemóvel...Não que isso faça grande diferença, mas pronto.
Então
23.7.10
Tem quase 10 meses e a palavra que mais vezes repete é "então". Às vezes usa-a em tom interrogativo, outras afirmativo. Diz cão quando vê um animal, qualquer um, pombas incluídas. "Gá" (gato) é a única excepção, mas para os gatos aqui de casa, os outros também são cães. Devora, literalmente, revistas e papéis em geral. A comida preferida é sopa e fruta. Deita-se cedo (19h30) e acorda cedo (7h00), com um intervalo para comer. Gosta de dançar e jogar à bola com o pai. Não tem dentes. Gatinha e anda agarrado às nossas mãos. Há dias em que parece impossível de tão chato que está, ou parece, porque quase sempre o problema é meu e não dele. Reconciliou-me com a maternidade, este rapazinho, mas continua a apetecer-me, muitas vezes, mandar tudo para o caralho.
Costureira
22.7.10
Se em vez de me armar em costureira new age tivesse comprado umas calças, tinha poupado pelo menos 100€.
Ora bem, por onde começar? Comprei o tecido nos saldos para fazer uma calças que me servissem e que não fossem demasiado casual, como tudo o que visto. Depois procurei moldes na net.
Hoje achei que era um bom dia para começar a costurá-las. Pois bem, não só perdi umas duas horas a tentar perceber como se juntavam as peças (e enquanto isso tive de deixar o Isaac comer o guia de Londres, porque é a comer livros e revistas que ele mais se entretém) como, uma vez terminada essa parte, verifiquei que ficaram minúsculas. É que nem era preciso prová-las, mesmo assim é claro que as enfiei para poder insultar-me de quantos nomes me lembrei.
Aproveitei para insultar também a revista brasileira de onde tirei os moldes e que dizia que as calças eram 42.
Depois, não contente com tudo isto, decidi fotografá-las e deixei cair a máquina logo a seguir.
Moral da história: se queres umas calças compra-as na H&M que são baratas, ou evita fotografar coisas que costuras.
Merda
22.7.10
Isto de acharmos que somos parte de um todo e que por isso temos de contribuir com o que pudermos para um mundo melhor e que só faz sentido viver em harmonia com a natureza, e tal, é muito bonito até vermos o nosso filho com a sua própria merda na mão, que sorrateiramente retirou da fralda pousada no chão antes de ser lavada.
Depois das seis
20.7.10
Um dia destes gostava de tentar explicar, e perceber, a minha questão com os fins de tarde. É que chega-se ali às seis horas e eu fico assim tipo melancólica. Nuns dias é mais evidente do que noutros, mas quase sempre sinto-me inquieta e passo a vida a olhar para o rádio da cozinha, ou para o telemóvel, a ver que horas são (o mundo devia ser uma coisa bem mais interessante quando se viam as horas nos relógios). Depois das sete começo a sentir-me melhor. Deve haver uma explicação super esotérica para isso. Vou procurar barra misturar teorias barra inventar.
Dieta, eu disse isso?
19.7.10
Os docinhos de cima são conventuais, de Vila do Conde; a sobremesa do meio do restaurante de Serralves e os muffins da Patrícia.
Não fotografei os rojões à minhota, devorados com gula q.b., em casa da minha mãe, mas não cozinhados por ela, que tem mais o que fazer.
Eu já devia saber que basta referir a palavra dieta para começar a devorar tudo o que me aparece à frente.
Não fotografei os rojões à minhota, devorados com gula q.b., em casa da minha mãe, mas não cozinhados por ela, que tem mais o que fazer.
Eu já devia saber que basta referir a palavra dieta para começar a devorar tudo o que me aparece à frente.
Parede açafrão
16.7.10
Há um ano fizemos esta foto com a intenção de a repetir agora, com o rapaz fora da barriga. Acontece que já não temos a parede açafrão.
Leituras
13.7.10
Pronto, pronto, já percebi. Quando largar o Italo Calvino salto para este, ou outro qualquer do mesmo autor.
A algibeira
12.7.10
Cá está ela. A minha avó usa algibeiras desde sempre. Atam-se à cintura por baixo da saia, junto ao fecho (sim, todas as saias dela têm um fecho), e servem para guardar dinheiro, documentos, chaves e até restos de comida quando é preciso, isto é, quando se vai a uma festa, ou a um restaurante e quer-se trazer restos sem ninguém saber. Também já a vi guardar iogurtes.
"Esta está muito puída, deixa-me ir lá cima buscar a outra que é nova", disse ela. Nestas alturas tenho pena de não saber fotografar, mas ficou prometida uma sessão com a outra algibeira.
Uma espécie de lista
12.7.10
Tenho de mostrar a algibeira da minha avó; limpar o chão da cozinha para o bebé poder gatinhar à vontade e já agora o forno e o microondas para não parecer mal; daqui a nada tenho de o pôr a dormir a sesta; decidir e fazer o que vou almoçar; acabar aquele texto e editar o outro; os vasos, não posso esquecer de plantar os cravos antes que morram; ver os filmes que o Israel me trouxe (credo, a Sara Carbonero é mesmo boa! e o Casillas deu-lhe um beijo durante a entrevista, que bonito!) e mais uns quantos ali à espera na prateleira; e acabar o quilt e comprar as prateleiras para os livros dos pequenos (não, Isaac, isso é porcaria larga o meu sapato!); comprar peixe e fruta urgentemente...portanto, confirma-se, a minha vida não tem glamour nenhum.
No ginjal
8.7.10
Ouvi algumas pessoas queixarem-se da primeira meia hora da peça O Ginjal ou o sonho das cerejas encenada por Mónica Calle. Eu nunca tinha visto nenhuma encenação da peça de Tchèckov, por isso não posso fazer comparações. Sei que aquela meia hora às escuras me pareceu, apesar de um bocado difícil, poderosa. E a peça está cheia de momentos assim.
A encenadora disse, numa entrevista, que esta é uma peça "onde aquilo que se diz é menos importante do que aquilo que acontece" e, de facto, acho que resume bem o que vi no palco do Maria Matos.
A encenadora disse, numa entrevista, que esta é uma peça "onde aquilo que se diz é menos importante do que aquilo que acontece" e, de facto, acho que resume bem o que vi no palco do Maria Matos.
Filme de adultos*
5.7.10
A Bea andava a insistir há algum tempo que queria ir ao cinema ver um filme comigo, ou seja ver um filme de adultos. Encontrado o dia que dava mais jeito faltava escolher o filme. Optei pelo A mulher do viajante no tempo, porque li que se tratava, entre outras coisas, de uma fantasia melodramática que nos remete para os grandes melodramas clássicos (Jorge Mourinha dixit) e pareceu-me bem. Gostei bastante do filme e ela também. O mais curioso é que não me espantei por ela conseguir acompanhar o enredo sem problemas - há situações em que pode ser difícil perceber em que tempo está o viajante. Espantei-me por vê-la sacar das bonecas imagina ser, que trazia na mala, e pôr-se a brincar com elas em cima da mesa, enquanto eu terminava o jantar, e fazer de conta que falava com alguém ao telemóvel (de brincar) da hello kitty.
Às vezes esqueço-me que é uma criança.
*(estavam à espera de pornografia? um dia destes...)
Às vezes esqueço-me que é uma criança.
*(estavam à espera de pornografia? um dia destes...)
Quem pensa no que come?
30.6.10
A realidade americana é diferente da nossa. Mas nós sabemos, ou queremos saber, de onde vem a comida que enfardamos todos os dias? O filme é de Ana Sofia Joanes.
A minha marmita
26.6.10
Há um restaurante em Lisboa que serve refeições em marmitas. O dono achou que era um "elemento popular que podia encaixar bem" e eu também acho que sim. É assim, sei lá, rústico e ainda por cima tem um paninho à volta, giro, giro, giro, dizem, que eu ainda não vi.
Enfim, eu que guardei a minha marmita dos tempos em que era operária na fábrica do Sr. Vinhas (e sempre que olho para ela lembro-me daquela vez em que troquei a minha pela da Fátima e comi arroz de frango e ela teve de se contentar com a costeleta), se soubesse que ia estar na moda dali a uns anos tê-la-ia estimado mais.
Bom, pelo menos tenho agora em casa um objecto de culto e não um símbolo da miséria humana que sempre atribuí à minha marmita.
Esclarecimento
25.6.10
Eu não gosto de ter como função cuidar dos filhos. Eu sei que é quase criminoso dizer isto porque muitas mães (e alguns pais), ao que parece - eu tenho sérias dúvidas que seja verdade -, adorariam trocar a profissão pela maternidade a tempo inteiro (a maternidade e a paternidade não são sempre a tempo inteiro?).
Eu gosto de ser mãe, claro; gosto dos meus filhos e de cuidar deles, só não gosto é de fazer disso a minha vida, que culpa tenho eu? Mas faço-o. Faço-o porque posso, naturalmente. Faço-o porque quero. Faço-o porque a alternativa (pagar a outras pessoas para adormecer, alimentar e embalar o meu bebé nuns braços que não são os meus) me parece tremendamente pior. Faço-o porque não há nada que gostasse mais de fazer, ou que fizesse mais sentido do que isto. Só isso.
Eu gosto de ser mãe, claro; gosto dos meus filhos e de cuidar deles, só não gosto é de fazer disso a minha vida, que culpa tenho eu? Mas faço-o. Faço-o porque posso, naturalmente. Faço-o porque quero. Faço-o porque a alternativa (pagar a outras pessoas para adormecer, alimentar e embalar o meu bebé nuns braços que não são os meus) me parece tremendamente pior. Faço-o porque não há nada que gostasse mais de fazer, ou que fizesse mais sentido do que isto. Só isso.
Do estrugido
25.6.10
Eu sei que isto de estar sempre a trazer à baila referências literárias é muito démodé, muito Carlos Magno (ainda que ele cite toda a gente, não só escritores), mas tenho de transcrever um trecho do livro que ando a ler, porque o Italo Calvino descreveu um estrugido como eu nunca vi, ou li. Ora reparem: "Paira no ar um cheiro a fritos a abrir a página, ou melhor a refogado, refogado de cebola, um pouco esturrado, porque na cebola há uns veios que ficam roxos e depois castanhos, e sobretudo o bordo, a margem de cada pedacinho retalhado de cebola fica preto antes de dourar, é o suco da cebola que se carboniza passando por uma série de cambiantes olfactivas e cromáticas, todas envoltas no cheiro do azeite que mal chega a fritar."
Italo Calvino, Se numa Noite de Inverno Um Viajante, Trad. José Colaço Barreiros, colecção Mil Folhas, 2002
Italo Calvino, Se numa Noite de Inverno Um Viajante, Trad. José Colaço Barreiros, colecção Mil Folhas, 2002
Ao almoço
23.6.10
Uma vez que sou doméstica e que, por isso mesmo, chamei panados e arroz de tomate ao blog, deveria publicar mais vezes refeições. Acontece que, normalmente, os melhores pratos são feitos ao jantar e aí não tenho luz suficiente para fotografar com um mínimo de qualidade, nem paciência para andar em cima das cadeiras a fotografar a mesa. Mas, pronto, deixo aqui o almoço de hoje: folhados de peixe (ontem sobrou garoupa do jantar e já pareço a Maria de Lurdes Modesto) com salada de tomate e pepino.
O bebé
22.6.10
Gays e tricot
20.6.10
Arrumámos restos de lãs e agulhas num saco e fomos até ao Príncipe Real para tricotar (a Bea aprendeu com aquela lã verde alface) mas depois acanhei-me: não conhecia ninguém e toda a gente parecia conhecer-se. Quando chegou a única pessoa que eu conhecia tinha, entretanto, encontrado uma amiga e ficámos na conversa, enquanto os gays se organizavam para começar a marcha.
Às tantas chega a Bea: "Oh mamã, isto não é nada uma manifestação de gays, é uma manifestação do amor"!
Às tantas chega a Bea: "Oh mamã, isto não é nada uma manifestação de gays, é uma manifestação do amor"!
Conversa no supermercado ou como começar a gostar muito de brasileiras
18.6.10
- Lindo esse seu rapaz, viu?
- ...
- Vai dar trabalho prá você, vai ter um monte de noras a bater à porta. Muito lindo mesmo.
- É parecido com o pai.
- Ai, isso não sei que não conheço o pai mas a mãe é muito linda!
A mãe, eu, portanto, ficou a olhar para a senhora com uma expressão do género: não sei se sabe mas não é costume dizer-se esse tipo de coisas a desconhecidos mas obrigada, muito obrigada e dava-lhe já aqui um beijo se fosse costume fazer-se isso a pessoas desconhecidas, ai espere aí, por acaso até é, mas eu não costumo fazê-lo, por isso fique só com este olhar de espanto e de eterno agradecimento.
- ...
- Vai dar trabalho prá você, vai ter um monte de noras a bater à porta. Muito lindo mesmo.
- É parecido com o pai.
- Ai, isso não sei que não conheço o pai mas a mãe é muito linda!
A mãe, eu, portanto, ficou a olhar para a senhora com uma expressão do género: não sei se sabe mas não é costume dizer-se esse tipo de coisas a desconhecidos mas obrigada, muito obrigada e dava-lhe já aqui um beijo se fosse costume fazer-se isso a pessoas desconhecidas, ai espere aí, por acaso até é, mas eu não costumo fazê-lo, por isso fique só com este olhar de espanto e de eterno agradecimento.
Da maternidade 1
17.6.10
Estar em casa a cuidar das crianças é um privilégio, estar em casa a cuidar das crianças é um privilégio, estar em casa a cuidar das crianças é um privilégio, estar em casa a cuidar das crianças é um privilégio, estar em casa a cuidar das crianças é um privilégio, estar em casa a cuidar das crianças é um privilégio, estar em casa a cuidar das crianças é um privilégio, estar em casa a cuidar das crianças é um privilégio, estar em casa a cuidar das crianças é um privilégio, estar em casa a cuidar das crianças é um privilégio, estar em casa a cuidar das crianças é um privilégio, estar em casa a cuidar das crianças é um privilégio, estar em casa a cuidar das crianças é um privilégio, estar em casa a cuidas das crianças é um privilégio, estar em casa a cuidar das crianças é um privilégio, estar em casa a cuidar das crianças é um privilégio.
Medo
16.6.10
Tenho medo de acidentes de carro; que um avião caia em cima da nossa casa; que um dique rebente quando estivermos a acampar perto de um rio; que uma árvore, ou a grua aqui do lado, caia em cima de nós; tenho medo do cancro. Tenho medo destas coisas muitas vezes, sobretudo à noite, e chego mesmo a ficar com aquele frio na barriga e a sentir que não entra ar suficiente nos pulmões. Mas eu quero que o medo se foda (é, estou a abusar nos palavrões mas isto já passa).
Porcos
15.6.10
Foi mais umas daquelas vezes em que me aconteceu olhar em volta e ver animais, muitos animais. No Pingo Doce, às 10h da manhã, as pessoas acotovelavam-se para chegar primeiro à carne, ao peixe, aos legumes, como se houvesse falta de alimentos no país. Sabemos que há falta de dinheiro mas, caralho, o que não falta é carninha da Irlanda e verduras de Espanha nas prateleiras!
O que é curioso é que quando nos vemos assim, como animais, vemos porcos. Porque será? Já o Miyazaki transformou os pais da Chihiro em porcos e Marie Darrieussecq transformou a protagonista de Estranhos Perfumes numa porca. São os dois exemplos de que me lembro mas deve haver mais.
E depois fico a sentir-me uma filha-da-puta de merda que come vacas bebés abatidos na Irlanda entre os 8 e os 12 meses. E, ainda que não seja eu a comê-la mas o meu bebé da mesma idade que o vitelo, fico furiosa porque devia procurar alternativas, que as há, e fazer alguma coisa para mudar o mundo e tal.
Não trouxe a vitela, trouxe o novilho, porque não sei com que idade é abatido e a ignorância dá-nos muito jeito!
O que é curioso é que quando nos vemos assim, como animais, vemos porcos. Porque será? Já o Miyazaki transformou os pais da Chihiro em porcos e Marie Darrieussecq transformou a protagonista de Estranhos Perfumes numa porca. São os dois exemplos de que me lembro mas deve haver mais.
E depois fico a sentir-me uma filha-da-puta de merda que come vacas bebés abatidos na Irlanda entre os 8 e os 12 meses. E, ainda que não seja eu a comê-la mas o meu bebé da mesma idade que o vitelo, fico furiosa porque devia procurar alternativas, que as há, e fazer alguma coisa para mudar o mundo e tal.
Não trouxe a vitela, trouxe o novilho, porque não sei com que idade é abatido e a ignorância dá-nos muito jeito!
Fim-de-semana
13.6.10
Toda a gente gosta de fins-de-semana, claro, mas os meus são particularmente bons (a maior parte, pelo menos), porque, entre outras coisas, o bebé tem o pai a cuidar dele e eu posso divagar nas minhas actividades preferidas. Daí o cinema e o adiantar da costura e o começar um novo livro, depois do último do Mário de Carvalho, e o início do Climas e...
Por isso aqui está o top do quilt que comecei este fim-de-semana. Ainda vou fazer uma cercadura (tecido a toda a volta) lisa, acho eu, para ficar um pouco maior.
E agora sigo para Ópera.
Por isso aqui está o top do quilt que comecei este fim-de-semana. Ainda vou fazer uma cercadura (tecido a toda a volta) lisa, acho eu, para ficar um pouco maior.
E agora sigo para Ópera.
Shrink
10.6.10
Fui ver o Kevin Spacey (um senhor!). Fui pelo actor e porque não me apetecia ir ao El Corte Inglès, pelo Nada Pessoal, nem ao Saldanha, pelo Ervas Daninhas. Gostei do filme mas isso é irrelevante (não vou estar aqui a fazer crítica cinematográfica, afinal de contas já deixei clara a minha superioridade intelectual com as escolhas que referi subtilmente).
Porque estou num daqueles dias connected (em português não tem o mesmo significado) com a humanidade, entristeceu-me o homem do acordeão a tocar no meio da rua, apeteceu-me dar-lhe um abracinho. Condoí-me pelas senhoras que almoçavam sozinhas no Amoreiras, todas tão distintas com as mãos tão encarquilhadas...Mas, pronto, as pataniscas com arroz de feijão estavam boas, o rapaz que se sentou ao meu lado no cinema mudou de sítio quando o filme começou e, como só éramos os dois, a senhora avançou o intervalo.
Porque estou num daqueles dias connected (em português não tem o mesmo significado) com a humanidade, entristeceu-me o homem do acordeão a tocar no meio da rua, apeteceu-me dar-lhe um abracinho. Condoí-me pelas senhoras que almoçavam sozinhas no Amoreiras, todas tão distintas com as mãos tão encarquilhadas...Mas, pronto, as pataniscas com arroz de feijão estavam boas, o rapaz que se sentou ao meu lado no cinema mudou de sítio quando o filme começou e, como só éramos os dois, a senhora avançou o intervalo.
Estou preocupada
9.6.10
Porque, se calhar, tenho um problema. Ora passo horas agarrada à máquina de costura, ora a ler desenfreadamente, e a morrer de inveja da senhora que edita os rapazes do Prémio Saramago, ora a facebookar e a blogar. Às vezes até me ponho a escrever, ou a achar que poderia fazê-lo. Faço isto, claro, nos intervalos das sopas, das fraldas, do pronto-pronto-pronto-tadinho-meu-amor-lindo-o-que-foi-o-que-foi-diz-à-mamã, etc.etc.etc. Ora, isto não me parece uma forma saudável de viver a vida. Devia estar focada em alguma coisa. Haverá algum medicamento para isso? Até podia ser que deixasse de falar tanto de mim...
O patchwork é kitsch 4
8.6.10
É impossível ficar indiferente a esta preciosidade, mesmo quem nunca se interessou por tecidos e afins:
Rotinas
8.6.10
As rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas, as rotinas são nossas amigas.
É bom ir mas sabe bem regressar
6.6.10
"(...) devia-se estar consciente - de acordo com Magris, no seu prefácio de El infinito viajar - de que, precisamente no espaço doméstico, no lar, é onde o viajante empedernido joga realmente a vida, a capacidade ou a incapacidade de amar e construir, de ter e proporcionar felicidade, de crescer com coragem ou agachar-se no medo." Vila-Matas (ainda).
e acabam-se as citações do "DiárioVolúvel", até ver.
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