Está a chegar ao fim mais um ano. Eu sei que não sou a única pessoa a considerar que o ano começa em Setembro, por causa do ano lectivo. E não, não é (só) por causa dos filhos em idade escolar. Desde que vou à escola sinto essa divisão do calendário.
Portanto, seguindo esta ordem de ideias, acho que posso dizer que este foi um ano complicado (ou filho da puta, como lhe chama o Jaime): um acidente quase mortal, a filha adolescente que deixou de poder contar com a pessoa que lhe garantiu apoio para terminar o secundário em Lisboa, uma operação de urgência e a única pessoa da família com rendimento fixo ficar sem emprego é capaz de ser uma mistura de acontecimentos suficientes para comer uvas passas e pedir desejos de ano novo com a mesma voracidade com que o nosso mais novo come chocolates.
Curiosamente não consigo ver o ano que está a terminar como mau. E isto é quase irritante (eu tenho um fraquinho por pessoas boémias e com adições, por isso as pessoas Zen sempre me irritaram um bocadinho), mas estarmos todos aqui e juntos (eu sei que para ti não é tão bom quanto para mim, Bea, mas deixa-me usufruir mais um bocadinho, sim?) é o fim d' ano perfeito.
Melhor do que isso é estarmos juntos e a reinventar uma nova vida. Ou seja, está tudo bem.
2017/18 foi, aliás, o ano em que tudo voltou ao normal: Portugal ficou em último lugar na Eurovisão, o FCP foi campeão, fizemos uma pequena viagem, sob temperaturas inumanas, ao mundo dos neandertais (que copulavam com denivosanos, mas isto fiquei a saber depois), a Madonna mudou-se para Portugal e está frio na Póvoa, em Agosto.
Arroz Pica no Chão
8.8.18
Há cada vez menos blogs de gente que vem contar o que pensa sobre determinado assunto, ou que vem só desabafar (seja porque se acha espectacular, ou porque só quer sentir que faz parte de alguma coisa), não é?
Pode ser impressão minha, porque alguns dos blogs que mais gostava de ler acabaram, mas acho que não. Há uns anos dizia que isto, a febre dos blogs (escrevia blogues na altura), estava a começar outra vez, só não sabia é que iam seguir a tendência da profissionalização e os que não fossem por aí terminariam.
Eu também já não tenho a mesma ânsia de vir aqui todos os dias vociferar/partilhar/realizar pensamentos mas continuo a sentir que devo fazê-lo (pode ser que dê jeito à minha biógrafa [agora imaginem que eu tinha um blog por me achar espectacular], apesar de manter um diário manuscrito).
A propósito de partilhas, estive na semana passada a ver as gravuras de Foz Côa e a pensar no que terá levado aqueles homens a desenhar bonecos sobrepostos em determinados sítios, quando na mesma rocha tinham muito mais espaço para o fazer. Depois ocorreu-me que sempre imaginei homens a desenhar e não mulheres. E que tudo o que estávamos a ouvir sobre o assunto, ainda que baseado em muitos estudos científicos, era uma falácia. Parecia mesmo que os gajos estavam só a "crossar", como dizia a Bea. Mas já delirávamos, estavam mais de 40 graus, afinal.
Antes de descer a Penascosa, espreitámos a exposição do Júlio Pomar no Museu. Daqui a 20 mil anos estarão os vindouros a olhar para as matrizes das gravuras deste artista (suponho que as telas não sobrevivam)? E o que pensarão da arte desta época, se ainda existirem humanos?
Céus, sou tão século passado! Nem considero a probabilidade da informação digital sobreviver a quase tudo. Logo eu que mantenho um blog para a minha biógrafa.
Talvez seja mesmo uma coisa geracional. Os blogs estão para as redes sociais, como o arroz pica no chão está para os novos gourmet, mas eu ainda preciso de estar aqui. De todas as coisas que fui fazendo, como tricotar meias (é verdade, agora que já não vivo num país tropical, posso voltar ao tricot), fazer mantas patchwork, passando por um negócio de amor ao Porto, este blog é o único que se mantém.
P.S Obrigada pela foto Joana Leandro
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