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Sozinha

25.6.15
De todas as coisas difíceis de ser (temporariamente) mãe solteira, a pior é aquele momento em que eles perguntam se podem sair da mesa, depois de jantar, e eu fico a ouvir a Radar sem ninguém com quem conversar,ou discutir, enquanto eles pintam a manta. Literalmente.

Telefonema de longa distância

1.6.15
- E o que vais fazer hoje?
- Bifes de peru grelhados.
- (risos) Tenho saudades tuas.
- Não tenhas, estou insuportável.

A dor

28.5.15
Tenho muito calor. Detesto a combinação muito calor+pensos higiénicos+dores de garganta+sozinha com as crianças. Se pudesse retirar só uma coisa desta combinação, retirava a "dor de garganta".
Era muito melhor retirar o "sozinha com as crianças", já que isso significaria ter o Jaime em casa em vez de a milhares de quilómetros, mas eu sei que se tivesse essa opção escolheria livrar-me destas anginas. A dor apaga, quase sempre, tudo o resto.

Desencontros

26.1.14
É um desencontro no encontro isto de duas pessoas que se abraçam no aeroporto e, depois de consoladas as dores da distância, um ansiar voltar a casa e o outro entrar num avião para qualquer sítio.

Beleza interior

19.1.14
No meio disto tudo esqueci-me de uma coisa importante. O Jaime, quando chegar daqui a oito dias, vai encontrar uma gaja fanada. Não chegava ter uma gaja de peles flácidas, com um corte de cabelo à foge que te aleijo e buço, ainda tem de a encontrar sem dentes, ou sem um dente, vá.
O que vale é que continuo esta beleza interior (estou a revirar os olhos, caso não tenham notado).

Então, decidi

9.1.14
tomar um banho demorado, fazer um bolo de maçã e canela e acabar de ler o livro. E apercebi-me que se calhar devia era ter uma vida de merda.
Assim, aquele momento em que os meninos chegam passava a ser uma bênção, um bálsamo, e não o terramoto que habitualmente é: gritos, chapadas, dedos entalados, iogurtes entornados, etc.
Seja como for, vejo como estão crescidos e percebo, finalmente, essa coisa da passagem do tempo. Passou rápido, realmente.
Aliás, não sei se por causa desta nova perspectiva temporal, ou se por algum amadurecimento emocional, pela primeira vez não chorei a despedir-me do Jaime.

Colher

31.10.13
O Jaime chega amanhã (ler isto como quem ri a olhar para o sol). Vamos lá ver a lista:

- terminar 20 sacos Ó Bai-me à loja - check 
- arrumar de uma vez por todas as roupas - check
- vender as fraldas reutilizáveis para pagar um anúncio no Homelidays - check
- enviar uns press releases - em execução 
- fazer a depilação - check

(reparo que a minha vida, vista assim, parece bastante ridícula. Devia ir colher flores. Devia ia colher qualquer coisas, só porque gosto do verbo colher)

Bien sûr

18.10.13
Durante as três semanas e tal em que o Jaime estará fora decidi que, para além dos afazeres habituais, tinha de:

- terminar 20 sacos Ó Bai-me à loja
- arrumar de uma vez por todas as roupas
- vender as fraldas reutilizáveis para pagar um anúncio no Homelidays
- enviar uns press releases
- fazer a depilação

Passou uma semana e o que é que eu posso riscar da lista? Nada, pois claro. Mas vamos receber os primeiros hóspedes na Guest House. Yupiiiiiiiiiii! São franceses.

Ironias

16.10.13
Então, desta vez fomos atendidos pelo universo e os meninos não ficaram doentes mal o pai se pôs a milhas, mas como o universo é assim, como dizê-lo, engraçado, ficamos nós, ambos os dois, doentes. Ele do outro lado do mundo e eu neste a sofrer do mesmo.

Os insondáveis mistérios da vida

10.10.13
Com a premissa de que o ser humano se adapta a qualquer situação, penso frequentemente se seria capaz de viver em circunstâncias desumanas e se é suposto prepararmos os nossos filhos para o pior (às vezes parece que é). Penso no Zé Francisco, na Manuela e no Ludgero, na Irma Lópes Aurélio e nos 300 migrantes que morreram à procura de uma vida melhor. Penso nos caminhos, no milhares de cruzamentos, que terão trazido todas estas pessoas até aqui. Estas e não outras.
A sério, tenho de deixar de tentar perceber os insondáveis mistérios da vida.

P.S O Jaime lá foi e desta vez demora-se mais no outro lado do mundo. Também nunca vou perceber porque nos custa tanto estar afastados, quando até deviam saber bem umas férias um do outro.

Viver a vida

1.7.13
No sábado fomos à praia. Apanhámos um autocarro da carris e outro da TST até à Caparica, encaixámo-nos numa nesga de areia livre de toalhas e guarda-sóis, corri e mergulhei no mar com um biquíni demasiado gasto para tanta coisa a abanar e, pasmem-se, foi muito divertido. Além de que os miúdos deixaram lá uns três quilos de ranho, que era o que se pretendia.
No regresso, enquanto eles os três dormitavam num autocarro cheio de gente, eu pensava que sim, que teria estado melhor deitada numa sombra com a Eudora Welty, mas não sendo possível, não vale a pena estar a fazer disso um caso. Se calhar, faz mesmo mais sentido viver a vida e pronto.
Depois, no dia seguinte, chegou o Jaime e a máquina fotográfica, por isso as fotos são só de domingo.

 Nova brincadeira favorita dos rapazes: pintar as unhas

 Da escala em Paris: desapareceram 20 macarons num instante
O repouso do guerreiro

Declaração de amor

20.6.13
"Gaja. Tu és isto. Vi este vídeo dez vezes. És tu. Perfeito mas atrapalhado, mal filmado. Belo mas envergonhado pela forma de ver..."

Fanicos

14.6.13
Lá foi ele até Timor, como os D'Avinci (do que me fui lembrar!), e eu aqui com um vazio estranho, as unhas mais roídas que o costume, insónias pouco habituais, daquelas em que uma pessoa de se deita e não dorme, ao contrário do que costuma acontecer-me que é adormecer logo e acordar a meio da noite e, aí sim, não voltar a dormir, o que também tem sido relativamente raro, uma vez que dormir é uma coisa que faço bastante bem. 
Por isso, ando com os nervos em franja e/ou à flor da pele (e agora reparo nas coisas bonitas que os nervos compõem), pelo que deveria ter evitado construir uma casa de papelão para os rapazes, não só porque demorei muito mais tempo a colá-la do que eles a destruí-la, como passei o tempo todo a empurrá-los para o lado a insistir que me deixassem acabar aquilo e a reclamar que assim não conseguia fazer nada e que me deixassem em paz, que é exactamente o efeito oposto àquele que se pretende quando se entra numa empreitada destas. 
Enfim, mas é quase fim-de-semana e vamos de comboio até ao Porto, por isso devo consegui redimir-me. Ou isso, ou dá-me um fanico. 

Se formos a ver, na doença e na saúde, é do corpo que falamos

24.3.13
Este post vai parecer despropositado (ao que isto chegou, eu já penso no que os posts vão parecer!), mas eu estou sozinha em casa com duas crianças pequenas, depois de ter deixado a criança grande em Sete Rios para ir para o Porto, sozinha, ter com o pai, e de ter partido o passe da carris, e de ter perdido o recibo, ou de o ter dado ao Nicolau, que o comeu, e de ter esperado pelo 701 mais de meia hora com um puto a chorar que lhe doía a língua e outro que queria flores...

Nos últimos dois, três anos, tenho vivido relativamente bem com as marcas da passagem do tempo - isto é, com o rápido envelhecimento do meu organismo -, com a "desculpa" das gravidezes depois dos 35 anos mais o meu natural desprendimento com a aparência. No entanto, tenho vindo a sentir-me bastante desconfortável com o meu corpo de uma forma pouco habitual, uma vez que as crises com a minha aparência são bastante frequentes. 
Eu percebo a lei da gravidade e, de alguma forma, estava preparada para ela. Custa-me olhar para a minha barriga, mas aceito que um sítio que acolheu três fetos e um embrião esteja neste estado e, tendo em conta o que eu gosto de comer e beber, até não está nada mal, diga-se. Agora, esta coisa da gravidade ter chegado lá baixo, e quando digo lá baixo quero mesmo dizer às partes íntimas, à pássara, portanto, ou órgão genital feminino, se preferirem (vagina? a sério que preferem vagina a cona?) está a mexer-me com o sistema límbico. Eu não sei ao certo explicar o que está diferente, mas meti na cabeça, e toda a gente sabe que é o que está na cabeça que conta, que a minha "nabiça" está diferente. E eu podia, e estava quase a fazê-lo, pôr-me aqui a explicar o que está diferente, mas acho que ninguém está interessado nisso.

Das duas uma, Jaime, ou deixas de fazer estas viagens a Timor, ou passas a fazê-las de surpresa, tipo, depois de amanhã vou para Timor, porque assim está visto que não funciona. Quer dizer, se desta vez os pequenos foram atacados pela febre aftosa, eu nem quero imaginar o que será na próxima.

Ei-lo

23.1.13

O dia do regresso. Desta vez comprei flores e tenho um vestido novo. É claro que vou passar as próximas horas a arrumar, mas eu gosto de começar as coisas ao contrário, começar a casa pelo telhado, enfeitar antes de arrumar, escrever o título antes do texto, começar a comer o corneto pela pontinha do cone, essas coisas.
Ajuda estar um belo dia de sol, pelo que poderei abrir todas as portas e janelas que houver para abrir. Também me aconteceu uma coisa curiosa no caminho de regresso a casa: uma cadela (tipo buldogue) decidiu virar-se a mim a ladrar feita louca. A cadela chamava-se Timor.

Mapas e janelas

20.1.13
Há dois anos atrás parece que foi tudo bem mais simples, este é o único post da primeira viagem do Jaime a Timor. Há dois anos atrás parece que foi há uma eternidade...
Bom, uma vez que só arranjo lâmpadas fundidas (as tais que viriam substituir a luz ao fundo do túnel), vou abrir as janelas e as portas para aproveitar a pouca luz do exterior e venho já contar umas coisas, a ver se acabo com este choradinho insuportável que até a mim já mete nojo. Ou, então, vou ver mapas de cidades que não conheço, que é uma coisa que me deixa sempre bem disposta.

Cuidado com o que desejas

19.1.13
Uma leitora lembrou-me que quando estive sozinha em Londres desejei não voltar a estar sozinha. Achei que ela tinha percebido mal, porque estar sozinha é assim uma coisa que desejo com muita, muita frequência. Viajar sozinha nem tanto, porque nas duas únicas experiências que tive fiquei com a sensação que me faz falta olhar para o lado e dizer, "uau, já viste isto?" (numa cena que estão a filmar na Pont des Invalides), ou, "podíamos ir ali comer uma baked patatoe ao Convent Garden, que dizes?", mas ela tinha razão. Pelos vistos, naquele momento, apeteceu-me não estar longe deles, e eu digo pelos vistos, apenas por um trejeito de conversação, porque recordo-me, com muita precisão, dessa vontade. Por isso, sei o que estou a dizer quando reitero esse meu desejo de solidão, sossego, ou o que lhe quiserem chamar. 
Neste momento, e nunca é demais insistir que é mesmo um sentimento momentâneo (é claro que agora podíamos fazer contas e perceber que o total destes momentos provavelmente excede o tempo restante, mas isso agora não interessa nada) eu preciso de sentir que eles me fazem falta. Porque, até há uns minutos atrás, eu ia jurar que era capaz de os abandonar, por já não conseguir aguentar mais esta coisa-sem-nome que significa vocês são a melhor coisa do mundo e a pior coisa do mundo.

Dia de Reis

6.1.13
E lá foi ele, o nosso Rei, para o Oriente, como convém nesta altura. Durante as próximas duas semanas e meia, sou mulher de um emigrante a cuidar dos três filhos sozinha (lá está, incrível como as coisas se repetem de geração para geração! Felizmente, na terceira, a emigração dura apenas alguns dias. Por enquanto...).
Eu costumo arranjar uma forma muito particular de lidar com estas coisas: zango-me e torno-me uma pessoa bastante insuportável. Desta vez ele decidiu imitar-me e zangou-se também, sem, no entanto, tornar-se tão insuportável quanto eu. Perfeito, pensei, assim ele só tinha de virar costas, como quem vai ali espairecer e volta já. Cheguei a pensar que nem ia chorar nem nada, quando muito podia deixar cair uma lagrimita assim disfarçadamente, mas qual quê, fiquei tal qual como da outra vez. Isto de se amar alguém perdidamente é uma seca, ou deverei dizer uma molha?

P.S Entretanto, acabei de decidir que quero começar uma tradição nesta família: a partir do próximo ano festejaremos os Reis, como nunca fizemos. Uma vez que no Natal temos de nos separar ano sim, ano não, nos Reis estaremos juntos, todos, para todo o sempre. Será a nossa festa da família.

Muito bom

15.10.12
Sim, tudo está bem quando acaba bem. E não há sentimento que se compare a ver o nosso gajo regressar, sobretudo acompanhado da banda sonora "pai, pai, paiiiii;" e coreografia de braços estendidos, perninhas arqueadas, beijos repenicados, olhos a brilhar and so on and so on (não sei, pareceu-me bem aqui o inglês, afinal estávamos no aeroporto).
Mas, pronto, esse momento já lá vai. Agora temos o pai a recuperar do jet lag e do dia passado em casa com os dois, enquanto a mãe, bom, não tem que recuperar de nada, porque a mãe não faz nada, como se sabe. E eu até podia estar a ser irónica (que estou, é certo), mas esta é a realidade de milhares de mulheres, assim por alto. Mulheres que tratam dos filhos sozinhas e que, ao contrário de mim, trabalham para os sustentar, sozinhas. Portanto, nem vou por aí. Até porque eu, supostamente, pertenço a uma "classe" que pode (e deve) trabalhar para pagar a quem me limpe a casa, limpe o cu aos meus filhos e me limpe o cu a mim, daqui a uns anos. Mas, bom, eu pareço ser a única portuguesa que nunca esperou que um canudo fizesse a diferença por aí (e eu tinha tudo para esperar isso, mas por aqui, então, é que não vale mesmo a pena ir).
Ou seja, voltamos ao normal. E normal é bom. Não é sempre, mas algumas vezes normal é bom. Eu diria até que é muito bom.

Dia 13

13.10.12
O dia mais comprido de todos, depois da noite mais comprida de todas. Dormi sentada grande parte do tempo com o Nicolau ao colo, que ele não é a traineira que é o Isaac, quando está doente, mas só está bem no colo. Ainda durante a noite, todas as camas, menos a da Bea, que esteve sempre vazia, foram vomitadas. Mesmo assim, e apesar do meu terrível mau humor, o dia não correu mal de todo. Só não percebo porque é  que eles, os rapazes, não gostam de canja.
E, pronto, não se pode dizer que tenha corrido tudo bem, mas, ao fim e ao cabo, tudo corre bem quando acaba bem, não é assim? Que é basicamente o que vamos confirmar daqui a 18 horas, certo?
De resto, olha, não me vou pôr aqui a fazer contas para dizer que só um de nós é que sabe o que é estar 336 horas totalmente sozinha a cuidar de três filhos. Dia e noite. E metade dessas horas a cuidar de dois filhos doentes.