(obrigada pela foto, Xana)
Andava a adiar relacionar-me com Jorge Luís Borges (não sei quando é que comecei a ler autores em vez de livros, ou melhor sei mas já lá vamos), porque tinha medo de não me apaixonar como me aconteceu com outros escritores - que por acaso tenho evitado ler para continuar a olhá-los com os mesmos olhos de há muitos anos. É o caso da Marguerite Duras e do Milan Kundera. E, efectivamente, os meus receios confirmaram-se. Talvez por ter começado com um livro muito particular, não sei.
Acontece que, por caso, fiquei a saber que o bisavô de Borges terá nascido e vivido em Torre de Moncorvo, antes de emigrar para a Argentina e casar com Cármen Lanifur. Ora, há muitos, muitos anos fui passar uns dias a Torre de Moncorvo com a Xana e a Paula e foi precisamente nessa altura que comecei a devorar livros como quem come cerejas, muitos graças à nossa professora de português Rosa Guedes, que quase todas as semanas me entregava uma saca deles para eu ler.
Lembro-me perfeitamente de estar na esplanada do Manolo a ler "O Amante" e sentir que a Duras sabia exactamente o que eu sentia pela minha mãe e, tal como aquelas pacientes que se apaixonam pelo terapeuta, apaixonei-me de imediato pela escritora.
Para ser mais precisa eu comecei a ler avidamente antes disso, teria uns 12 ou 13 anos, mas não sei se se poderá chamar livros à colecção Sabrina, que um dia encontrei numa caixa que ia para o lixo (sim, em minha casa não existiam livros, mas não vamos começar a falar da minha infância),
Nessa viagem a Moncorvo não sei quantos livros li, lembro-me do diario de Adrian Mole e um dos volumes de As Brumas de Avalon (e da comida da avó da Xana e da maravilhosa viagem de comboio, com o David Bowie no walkman...).
Resumindo, não me apaixonei por Borges (ainda), mas temos Moncorvo em comum e isso parece-me um bom pronúncio.