Por outro lado

29.3.12
Eu não sou muito de seguir as regras e apesar de me achar espectacular tenho noção que ninguém se maravilha a olhar para mim. Quando muito reparam em mim se, por qualquer motivo, tiver de acelerar o passo e as mamas se puserem a abanar, não por causa da dimensão desmesurada (que não têm), mas sim por falta de sutiãs em condições.
Além disso, eu estou convencida que as mães que trabalham fora de casa têm uma vida muitíssimo melhor do que a minha e, muitas delas, serão até muito mais espectaculares a cuidar dos filhos do que eu.
Assim sendo, serve este post para dizer que sou uma pobre coitada.

Seguir as regras

29.3.12
Era mesmo isto que eu devia escrever hoje:

"um texto de 100 linhas em que demonstres (subtilmente) como o teu humor é superior, és o maior a confrontar o chefe [ou és a maior a cuidar dos filhos e a fazer tantas coisas que parecem giras] e os teus colegas te invejam, sofreste muito por amor mas isso não te deixou ser pior pessoa, tens muitos amigos que te são caninamente fieis mas ainda assim sofres muito porque nem todos são e que (esta é importante) mesmo quando andas pela rua sem cuidados de maior com o aspecto todos olham e se maravilham contigo porque (apesar de extremamente modesto) és completamente espectacular." daqui

O futuro, o medo e etc.

27.3.12
Não é que tenha dito tudo aqui, mas quase.
De resto, ando um bocado atordoada com tanto sol (também pode ser da diarreia): a Natureza, parece-me, insiste em continuar a fazer o que faz há biliões de anos, apesar de tudo.
Também encontrei uma carteira cheia de dinheiro, no chão, eu que andei anos a procurar moedas de cem escudos, e ninguém a vem reclamar (sim, tentei chegar ao dono da dita).
E estou com medo, não sei de quê, mas como costumo dizer aos pequenos ter medo é bom, desde que saibamos o que fazer com ele.

Pequenos nadas do quotidiano

23.3.12
Estão ali três montes de roupa da minha filha, para ver se quero reaproveitar algum tecido, divididos pelas seguintes categorias: roupa que não me serve; roupa que não gosto; roupa que não me serve e não gosto.

As azeitonas combinam muito bem com o atum. Não combinam assim tão bem com o milho.

As cartas do UNO vão desaparecer misteriosamente daqui de casa. Estou farta de as ver espalhadas pelo chão.

(P.S e este blog faz 2 anos. Está quase a terminar o prazo de validade de coisa/interesse durável na minha vida)

Na caixa do correio 5

22.3.12

De todos os pormenores desta surpresa: o livro da Virginia Woolf traduzido pelo Mário Cláudio; o paninho* à volta do livro e o papel de embrulho, tenho de confessar que este último, além de me fazer soltar uma gargalhada, deixou-me a pensar que as coincidências são uma cena mesmo estranha. É que eu andava precisamente a matutar escrever sobre o Charlie Brown, o snoopy e o seu complexo de Walter Mitty.
Muito obrigada Joana.

* Fiquei, entretanto, a saber que foi tecido numa aldeia da Beira Baixa.

Se até Deus descansou...

21.3.12
O meu filho diz: "senta-te aqui mamã [no chão], vamos conversar", com um envelope na mão (de uma editora a dizer que me esqueci de pagar uns livros que eu não queria e que me impingiram numa daquelas campanhas de telemarketing), e pergunta: "e portanto?". Eu lá respondo o que é suposto: "e portanto é assim" e depois conto-lhe tudo. Ele ouve muito atentamente e depois começa tudo de novo. É a nova brincadeira.
O outro filho, o bebé, usa e abusa da minha incapacidade de os ouvir chorar para conseguir o que quer. O problema é ele estar naquela fase em que não sabe o que quer (schiu, ele não precisa de saber que a mãe está nessa fase há anos) e, portanto (decididamente eu uso em demasia esta palavra), passo a vida a tentar socorrê-lo de coisas ininteligíveis.
A minha filha está "assustada com a puberdade" - palavras dela - e pergunta-me milhares de coisas para as quais eu faço de conta que tenho a resposta.
E isto acontece, muitas vezes, ao mesmo tempo. E eu, que não tenho os problemas do emprego para resolver, que escolhi fazer disto a minha vida, penso: e se estivessem todos caladinhos e me deixassem em paz?
Não vou dizer que preciso de férias, porque ainda há pouco tempo estive cinco dias fora de casa. Mas não tenho problemas em assumir que preciso de um dia de descanso (24h), por semana. Sobretudo quando é do conhecimento geral que até Deus precisou de descansar ao sétimo dia, apesar de se ter limitado a mandar as coisas acontecer. E isso, pelos vistos, é muito mais fácil (ou menos problemático, vá) do que ter de cumprir ordens.

Há sensações universais 5

20.3.12
"É verdade, as crianças incomodam, não se pode dormir, nem ler, nem falar quando há crianças, as crianças é quase tão terrível como a vida."

Marguerite Duras, O Verão 80, Edição Livros do Brasil, 1990.

Cair na realidade

19.3.12
Parece que não sou assim tão espectacular como quero parecer: não consigo escrever em simultâneo uma crónica e um post, enquanto a sopa está ao lume e o bebé a chorar e a roer o fio da bateria.

Dia da mulher

15.3.12



Eu tenho um sonho

15.3.12
que é fazer um plano para a minha vida que resulte (cantei vitória demasiado cedo, parece-me).
Se pelo caminho puder contribuir para que esta nação se erga e viva o verdadeiro significado dos seus princípios, tanto melhor. 
Se não, que os filhos possam crescer o melhor possível com a mãe que lhes calhou e que tenham sonhos. Muito sonhos.

Mostrar ou não mostrar

14.3.12
Por um momento - quando vi que alguém chegou a este blog com a pesquisa "menina de 11 anos coelhinha da playboy" -, acho que percebi aquela coisa de muitas mães não quererem expor os filhos na internet.
Se nunca tinha pensado nisso? Tinha, claro, e penso muitas vezes nos riscos que essa exposição pode acarretar, mas basicamente eu não me dou assim tanta importância e, portanto, não vejo que interesse possa ter a minha vida para a maioria das pessoas. Por isso é que recusei dois convites para ir à televisão (e porque toda a gente sabe que a televisão nos faz mais gordas, obviamente).
Além disso, eu só sei estar aqui, ou noutro sítio qualquer, inteira e assim sendo não há como deixá-los de fora.
Se eu for viver para Cuba também os levo comigo, mesmo sabendo que os comunistas comem crianças ao pequeno-almoço.

Missão cumprida

12.3.12





Cinco dias depois a cumprir um plano para manter a carruagem nos eixos (isto está sempre quase, quase a descarrilar), e que consistia em atacar quatro frentes de frente (lamento a falta de vocabulário de guerra, mas sou nova nisto): 1.corpo são mente sã; 2.casa arrumada cabeça tratada; 3.trabalho e 4.lazer, posso dizer com segurança que a missão foi cumprida.
É certo que falhei caminhadas; comi fondue de chocolate à fartazana, um éclair da Ertilas e batatas fritas; também passeamos pouco, porque o Nicolau ainda estava bastante atacado e, além disso, a casa continua bastante caótica, mas eu sinto-me bem e portanto tudo parece diferente.
É claro que se eu em vez de estar transformada numa espécie de padeira de Aljubarrota a enxotar os inimigos, estivesse a ler numa esplanada, ou a beber umas cervejas e a comer ameijoas, enquanto a empregada limpa a casa, seria, provavelmente, mais feliz, mas assim também está bem, porque eu estou capaz de levar este mundo e o outro às costas e ainda rebentar o focinho a quem se meter à minha frente.

Se isto for um adeus, paciência!

7.3.12
Os vasos estão quase todos mortos e o estrume continua com castanhos a menos. O quarto da costura foi abandonado e as lãs esquecidas. As camas, quando são feitas, ficam com o relevo da colecção de meias perdidas no fundo. Às pequenas camadas de gordura do fogão foram-se juntando outras camadas e nasceram coisas em sítios improváveis: pilhas de livros na consola; caixas, porta-lápis, cartas do UNO e um termómetro mais uns rolos de papel crepe em cima da lareira; xaropes, chaves, rebuçados, comprimidos, tesoura das unhas e moedas, numas prateleiras mínimas da cozinha, etc. etc.
Entretanto, chegaram os vírus. Tínhamos sido poupados até aqui, apesar do Isaac ter começado a creche em Janeiro, mas cá estão em todo o seu esplendor a fazer o meu bebé pequenino tossir como se quisesse cuspir os pulmões.
Parece-me, portanto, que tenho de tomar medidas para voltar a pôr isto nos eixos (partindo do princípio que isto alguma vez esteve nos eixos). Se ao menos soubesse por onde começar...
Volto quando tiver os cornos do touro, mas sem o carro à frente dos bois e com as rédeas na mão e souber o que fazer com isso tudo.

Olha eu

4.3.12
Estou no p3 outra vez.

Da diversão

4.3.12


Se ao menos as tarefas domésticas fossem assim divertidas, mais de metade dos meus problemas (ou até mesmo todos) estariam resolvidos.
Os meus dias não são bons. São cansativos, intermináveis, aborrecidos e, parece-me, cada vez menos tiro prazer das pequenas coisas.
Às vezes tenho dias bons, mas nem sempre sei o que os torna melhores, apesar de já ter detectado uma variável constante, nesses dias, que é aquela coisa que não posso dizer, porque a minha filha lê o blog, mas que está relacionada com a libido.
Depois, o Nicolau dizer mamã, os abraços do Isaac e a cumplicidade da Beatriz justificam a minha existência, mas não a tornam mais divertida. Caótica, intensa, cheia, sim. Divertida, não. E eu gosto de me divertir.

(os desenhos são do Baby TV, em cima estão a passar a ferro e em baixo a varrer, muito contentes e a cantar uma música ridícula)

Eu sempre soube que devia era estar a trabalhar*

2.3.12
Uma pessoa sabe que as coisas estão a correr bem quando a nossa filha se vira para nós e exclama visivelmente intrigada que não percebe porque deverá agradecer-me quando for receber um Óscar.
É verdade, ela tem toda a razão, eu não faço por ela, e pelos irmãos, mais do que a minha obrigação, mas que me vi de repente a partir a loiça toda dos armários, peça por peça, a despejar a comida do frigorífico toda no lixo, a espumar de raiva e a desejar ter ignorado o choro dela para cuidar de mim, como na canção desnaturada, vi. Não me orgulho disso, mas vi.

*fora de casa e com um salário