Diagnóstico

28.8.13
E o diagnóstico da minha médica de família foi: "Você está apanhadinha de todo!"
Portanto, é oficial que pifei de vez. Quer dizer, de vez não, que eu sou mais de ir pifando por ciclos.
Agora, resta-nos saber o que vai ser deste blog comigo a tomar um inibidor selectivo de recaptação de serotonina. Se calhar é desta que vamos ter pequenos-almoços de iogurte natural feito em casa e filhos exemplares, com cachos de oiro em vez de cabelos com lêndeas, e vasos cheios de flores e receitas a tresandar a ervas aromáticas e, quem sabe, cortinados. Cortinados esvoaçantes, como na publicidade. É possível até que este blog venha a ter posts cheios de motivação e esperança no futuro.
Aguardemos, então, pelos efeitos positivos da coisa e esperemos que sejam tão evidentes como os secundários.

Workshopaholic

25.8.13
No último workshop que fiz, com a maravilhosa Rita Cordeiro, alguém me perguntava se era o primeiro que fazia. Eu disse que não, que ali na Retrosaria já tinha feito quatro.
Já em casa, e depois de tentar fazer uma flor em crochet (enfim, sou uma crente), pus-me a fazer umas contas de cabeça, enquanto vasculhava gavetas, e cheguei à conclusão que nos últimos cinco anos fiz oito (OITO ?!) workshops:

1- Revisão e Preparação do Original, na Booktailors;
2- Escrita Criativa, na Companhia do Eu;
3- Patchwork e Quilting (em dois workshops), na Retrosaria
4- Costura, na Retrosaria;
5- Tricot 2, na Retrosaria;
6- Iniciação ao crochet, na Retrosaria.
(Entre o 5 e o 6, ainda houve um de Literatura Portuguesa, na Pó dos Livros, mas não encontrei as fotocópias).

Está visto, sou a freak dos workshops.

Tenho falta de ar

22.8.13
Confirma-se: não sei fazer dietas, não quero fazer dietas, não vou fazer dietas (vamos fazer de conta que eu fiz dieta nestas duas últimas semanas). Não é que me custe horrores deixar de comer certas coisas, não, custa-me muito mais deixar de beber. Não é, tão pouco, por me faltar a força de vontade, basta-me olhar para uma ou duas fotos tiradas nestas férias para manter-me firme nesse objectivo, é mesmo porque me parece doentio passar os dias a pensar em comida.
Resolvida essa questão (quer dizer, falta-me emagrecer, mesmo sem dieta, mas depois penso nisso), tenho de resolver esta falta de ar que me anda a enervar. Se fosse só antes de adormecer, como acontecia ocasionalmente, ainda vá que não vá, mas no momento em que estou a repreender o mais velho que acabou de atirar o mais novo ao chão, que por sua vez estava em cima de um degrau de um bebedouro do jardim da Estrela, já não me parece uma cena assim tão fácil de lidar. Uma pessoa sente que pode ter um ataque cardíaco, quando um está no chão a chorar e o outro a gritar como um louco, por estar de castigo, e ainda tem a mais velha, sem saber para onde se virar, que opta por nem olhar para mim para não sobrar para ela.
A sério, que merda de mariquice me havia de aparecer agora de quase velha!
Ainda assim, não é a falta de ar que mais me perturba. O que me deixa mesmo, mesmo preocupada é ter perdido a capacidade de me rir de mim própria. Esse é o meu sinal de alerta. Isso e ver sinais de cancro em todo o lado.

Perguntas que eu gostava mesmo de saber a resposta

21.8.13
Uma pessoa decide fazer poupanças para um projecto que quer levar a cabo dali a um ano. Isso implica que durante 12 meses deixa de fazer um certo número de coisas que lhe agradam sobremaneira, que lhe fazem bem, que lhe trazem uma espécie de apaziguamento com a vida e tudo e tudo, mesmo sem ter a garantia de que o tal projecto possa vir a acontecer, porque isso, obviamente, é impossível de se saber.
Uma pessoa faz o quê, abdica do que quer fazer agora para, eventualmente, depois ter uma experiência maravilhosa?
(juro que esta questão sempre me perturbou)

Ruído

20.8.13
Não sei se já disse alguma vez, mas a Alexandra Lucas Coelho é genial. Quer dizer, eu não sei quais os critérios para se considerar alguém genial, mas para mim uma pessoa genial é a Alexandra Lucas Coelho.
Uma pessoa do seu tempo com a bagagem dos tempos que passaram e o bilhete na mão para os que se avizinham.
E depois, talvez por gostar tanto da forma como ela escreve, por gostar tanto do que ela faz, por querer ser como ela, pronto, encontro, quase sempre, nas crónicas que escreve um bocado de mim. Que querem? há quem se veja a passar férias na República Dominicana, eu vejo-me nas crónicas da Alexandra Lucas Coelho. Cada qual sonha com o que quer.
Ela gostava de sair de dentro da História. Eu gostava de sair, por uns tempos, da Casa. "Quando há muito ruído não se vê, e aquilo que não se vê ficará por escrever. O silêncio não é luxo, é utopia."

Viver no Porto

17.8.13
É sair de casa sozinha depois do jantar, para arejar as ideias, pedir um copo de vinho e acabar a beber sei lá quantos mais com amigos que iam chegando uns atrás dos outros.

Momentos

14.8.13
O que vou dizer a seguir é mais uma constatação, mas pareceu-me um exagero, além de uma tremenda falta de gosto, estar a fazer outro título igual. Estou num momento crítico da minha vida e tenho as unhas dos pés fodidas. Uma coisa não está relacionada com a outra, acho eu.
As obras da casa de lá terminaram, finalmente (ah, eu não tinha contado que ia mudar de casa e depois já não ia, porque o senhorio prometeu fazer obras e fez?), pelo que devo regressar a Lisboa, com a casa de cá a precisar de ser pintada outra vez. Ou então, deixamos assim as mãozinhas, tão giras, nas paredes.

Constatando algumas coisas #3

12.8.13


Depois de uma semana sozinha com os mais novos, sem televisão, sem computador e sem hidratos de carbono sou obrigada a concluir que realmente é muito fácil viver quando se tem saúde e dinheiro suficiente. É claro que pode ter-se dado o caso de o meu cérebro ter sofrido com a falta dos hidratos (diz que estes são o principal alimento da massa cinzenta), mas como é do conhecimento geral, dar demasiado uso à cabeça é meio caminho andando para a infelicidade. 
Passei, portanto, uma semana em que as minhas únicas actividades consistiam em entreter os miúdos, com uma actividade diferente todas as manhãs (brincadeiras na praia de Matosinhos, passeio de metro até ao jardim do Morro, jogar às escondidas no Palácio de Cristal, etc.); depois fazer o almoço, deitá-los para uma sesta, descer para o quintal, dar-lhes banho, fazer o jantar, deitá-los, ler e dormir. 
Passou-se assim uma semana relativamente tranquila. Sem grandes desesperos, nem euforias. Tudo sob controle. 
Ainda por cima, seiscentas e tal páginas depois, fico a saber que o sentido da vida é a vida não ter sentido e que perfeito é o cenário em que "o homem nasce, trabalha, casa, procria e morre".  Muito apropriado.
Também tive de chamar um picheleiro, para mudar a resistência do cilindro, que se lembrava de já ter cá estado. Sabia que em tempos tinha morado aqui um jornalista e tudo. Eu também era jornalista, na mesma altura, mas isso passou-lhe despercebido. Normal.
No quintal vou ganhando algumas batalhas e perdendo outras, mas estou confiante. Eu sei que não parece, olhando para a foto ali em cima, mas se tivessem visto o Antes, concordariam que tenho razões para ter esperança. Pelo menos enquanto não voltar a Lisboa, aos hidratos e a outros vícios. 

Constatando algumas coisas #2

5.8.13
Agosto é um mês terminal.

Constatando algumas coisas #1

5.8.13
Nas férias é bem mais fácil perceber a piada de ter irmãos quando:

 Acampamos todos juntos,

 andamos de carrinhos de choque
e tiramos fotografias de família (aqui a minha avó com quatro netos e oito bisnetos)

Terapia

2.8.13
Nas últimas semanas tenho experimentado todo o tipo de terapias (chamemos-lhes assim). Comecei com costelinhas acompanhadas de arroz de grelos e arroz pica no chão, mais vinho tinto, com estas duas miúdas. Mentira, começou antes disso, com um passeio pelo Porto, nós as três, mais esta boa gente, ou até mesmo antes, no Guedes.
Seguiu-se um belo arroz de peixe, acompanhado de melhor conversa e vinho branco, até às tantas da manhã e mesmo assim a saber a pouco.
E logo depois de tanto conforto, o confronto: acampar com quase toda a família (oito adultos, dois adolescentes e quatro crianças), com muito churrasco, vinho tinto e super bock. Passei sem distinção.
Quase refeita do confronto, novo conforto: amigos de longa data, gin tónicos, mojitos, e outras terapias espirituosas, seguidas de filetes de sardinha panados com arroz de tomate e, claro, vinho tinto.
Mesmo assim, depois disto tudo, os resultados tardavam a verificar-se. Até hoje, depois de três horas a lutar com a relva do Brasil, que a minha avó insistiu plantar no meu quintal da casa do Porto, há uns dez anos, e com outras plantas infestantes (talvez ainda vá a tempo de fazer um registo fotográfico, mas não prometo nada).
Ouvi várias vozes sobre a impossibilidade de arrancar aquilo, que era preciso máquinas, ou no mínimo foucinhas, mas eu decidi que ia tratar de desbastar aquele quintal e que ia fazê-lo sozinha. E se eu decidi, meus amigos, é melhor saírem da frente.
Resultado: Calita 2. Natureza 1. Na verdade, olhando para o quintal, não é óbvio (ainda) que eu tenha saído vitoriosa, mas avaliando o meu estado de espírito, depois do desbaste e da picanha e do vinho tinto, acho que sim, ganhei. Com distinção.