Somos dois
Os pais não sabem falar de outra coisa
(Adoro o pormenor das mamas sempre a deitar leite. E aquele episódio em que os dois discutiam sobre quem é que bebia mais?)
Já sei porque não gosto de acordar
(Estou quase a terminar o livro, depois acaba-se esta obsessão)
A Cândida acha que somos um pouco como a Irène Jacob em "A Dupla Vida de Vèronique"
Nesse caso não quero ser a Weronika, porque ela morre cedo.
O Homem dos pardais
- Essa pomba que aí está tem a pata esquerda sem dedos? Eu olhei para o enconsto do banco onde estava sentada e confirmei que sim.
- Ah, já sei quem é, disse aproximando-se. Eu não gosto muito de pombas (eu já tinha percebido), mas essa coitada vou alimentando. Depois deu-me o resto do pão, disse como é que eu tinha de fazer e foi à vida dele. Antes ainda referiu qualquer coisa sobre perceber-se que o meu sotaque era do Porto, porque temos uma maneira de falar mais clara.
Gostos
- Vai ser nessa altura que não vou querer estar em casa, não é?
- Oh, tu gostas mais dele do que de chocolate.
- Não, não gosto.
- Tu gostas mais de chocolate do que do teu irmão?!?!?!
- Sim. Mas repara que também gosto mais de ti do que dele.
- E gostas mais de chocolate do que de mim?
- Não.
De noite 1
Retiro tudo o que disse sobre faltar-me o vinho
(antes que alguém me comece a chamar nomes, o bebé já bebe leite de vaca. É claro que mamou na mesma, durante a noite, mas acho que não se embebedou.)
P.S Quem é o Dr. Carlos González? Gosto dele. Diz coisas tão bonitas como:"O leite materno com um pouco de álcool continua a ser melhor que o biberão", no Manual Prático do Aleitamento Materno.
Saúdinha
A mim falta-me o vinho, é o que é, em quantidade, que do resto vou tendo!
Ainda acerca da vida e essas coisas
Enrique Vila-Matas, Diário Volúvel, trad. Jorge Fallorca, Teorema, 2010
E pronto
1) O sol lembra-me a roupa que tenho para lavar e secar;
2) O Vila-Matas que jamais escreverei um diário (sem ser esta masturbação do ego que são os blogs);
3) As mãozinhas gordas do Isaac que tenho de o alimentar.
Era melhor se não fosse preciso dormir
Perguntas difíceis de responder
Situação provisória
O patchwork é kitsch 3
A Primavera,as flores e essas paneleirices todas
Errata
Resposta errada: Não.
Resposta certa: Tu, gorda? mas tu não estás gorda!
Deslocações
É, portanto, natural que muitas das minhas deslocações sejam feitas a pé. Gosto de caminhar, como também gosto de andar de carro, de comboio e de avião, mas sinto-me mais próxima da realidade quando são os meus pés que me levam onde quero ir. Mesmo que eu não saiba concretizar o que é isso da realidade.
Isto ainda a propósito do Robert Greenberg, que também não conduz; do Walser e a descrição da viagem de Simon, a pé, até à aldeia de Kaspar; e de uma viagem Porto/Lisboa que me lembrou "A música do acaso", de Paul Auster, e de como olhamos mais para dentro de nós quando viajamos de carro e mais para fora quando caminhamos. Ainda que este olhar para fora se torne mais introspectivo do que o outro.
Ainda a felicidade
Robert Walser, Os Irmão Tanner, trad.Isabel Castro Silva, Relógio D'Água, 2009
Cápsula do tempo
Dois
Ah, e a barriga é outra das grandes diferenças. Suspeito que desta vez ela não desapareça.
As sapateiras
Quando era miúda diziam-me sempre que eu era muja - os mujas são do lado da minha avó paterna - e eu achava bem, porque era o lado da família mais "idiota". Os idiotas são pessoas com ideias a mais na cabeça, o que as torna cismáticas e, por conseguinte, tristes e imbecis. Como nunca achei os idiotas imbecis parecia-me bem ser muja, até porque combinava com a minha aspiração a intelectual. Também achava piada aos jarazes, do meu avô paterno, que são pessoas com jeito para os prazeres da vida: copos, festas, "vida alegre e fato roto", como ouvia várias vezes lá por casa. Com as sapateiras, a minha mãe e avó, pessoas que vêem no trabalho a resolução de todos os problemas da vida, sejam práticos ou filosóficos, nunca me identifiquei. Mas é lá, em Laúndos, em frente ao terreiro, que estão as minhas raízes, os meus afectos mais profundos e mais difíceis de perceber. É lá que estão as mulheres com quem cresci. Ao ver a minha avó, a minha tia e prima no Público senti o quanto delas tenho em mim e o meu peito apertou-se um bocadinho, por já ser crescida.
P.S ninguém, na família, sabe as origens destes cognomes. Se calhar devia investigar.
É por causa disto que as pessoas têm depressões
Efeito Baumbach
Na noite em que fui ver o Greenberg ao cinema o rapaz não nos deixou dormir e hoje não quer comer. Não sei, é provável que traga comigo as neuroses do cinema, tão provável como as levar já de casa.
P.S aquele diálogo aos 40s podia ter sido escrito por mim, se eu fosse argumentista, ou assim.
Também sou jeitosinha com agulhas*
A festa
Caro Sr. Vila-Matas
Entretanto vou começar a ler o Diário Volúvel e gostava que pudesse vir cá casa jantar, se não tiver mais nada importante para fazer. Tenho cá muitos livros do Cardoso Pires e também estive na Horta, pelo que não nos faltará assunto. Além disso, aqui há uns tempos vi uma exposição no CCB com alguns dos nomes da sociedade secreta d'Os Portáteis. Mas já estou a divagar, era mesmo só para dizer que é parecido com o Hemingway.