Foi o dia mais estranho. A noite foi relativamente calma, levantei-me só duas vezes, mas foi preciso mudar a fralda ao Nicolau. Está com diarreia, o que não me espanta depois das porcarias que comeu (bom, foram só duas gomas e bolo de chocolate da aniversariante da sala do Isaac). Também pode ser um belo de um vírus qualquer, mas por enquanto não está fazer grande mossa.
Mas, dizia eu, foi um dia estranho. Primeiro, porque me apeteceu ficar com eles todos em casa. Ou melhor, com eles todos na nossa cama. Fazer de conta que o mundo não conta. Cheguei a medir todos os prós e contras. Ainda por cima, assim que fui buscar o Isaac, que acordou às 7h06 (isto é sempre a melhorar), ele disse-me que queria ficar em casa. Por qualquer razão, achei mais seguro jogar pelo seguro e seguir as regras.
Depois, a segunda coisa estranha (agora que penso nisso, a primeira não é nada estranha, passo a vida a querer fazer de conta que o mundo não conta): o Taxi avariou no meio da Av. Álvares Cabral.
E a terceira, a conta da frutaria: 8.88€.
E foi isso. O resto tudo normal, acho eu, incluindo o bilhete na campainha do prédio: "Beatriz, estou na escolinha dos meninos, numa reunião, vai lá ter connosco. Beijinhos".
A reunião depois conto, mas não poderíamos considerar homeshcooling outra vez? Eu gosto daquelas pessoas (e para mim isso é o mais importante, pelos menos no pré-escolar), e percebo as regras, mas não seria tão bom, tão bom respeitar a diferença, perceber que cada criança é uma criança? É claro que não queremos criar meninos com o rei na barriga, mas com o rei na cabeça até nem seria mau, seria? (mas para discutir este assunto é ir ao
sítio do costume).
Passava das 18h00, quando acabou a primeira parte da tal reunião. Saí da sala e fui procurá-los. Estavam os três na sala verde. Cansados. Abraçaram-me ao mesmo tempo. Caguei na cena e vim para nossa casa. Eu tenho um limite no que diz respeito a seguir as regras, já sabes.
Banhei-os à vez e fiz tortilha para o jantar.
O Nicolau foi o primeiro a dormir. Já não quer colo para adormecer. Diz adeus aos irmãos com a mãozinha pequenina e atira-se do meu colo para a cama. Adormece logo a seguir.
O Isaac passou o jantar a rodar aquela coisa de tirar a água da alface. E nestas alturas percebemos, claramente, porque é que não temos vida social, porque é que o espelho nos mostra uma pessoa com cabelos brancos e uma barriga proeminente cheia de covinhas.
É tudo muito giro e espectacular, já sabemos, mas estar à mesa com um puto que passa o jantar a rodar a bacia verde, primeiro com as duas folhas de alface que eu permiti, depois com o saca-rolhas, porque estou-me a cagar, deixa-me comer em paz e sossego e acaba o teu prato, é uma cena que pouca gente estaria disposta a assistir.
E pronto, agora dormem os dois. Vou mimar a mais velha para depois nos deitarmos juntas, como ela adora.
Até já.
P.S continuo a receber propostas de publicidade e já não sei bem como lidar com isso. Podes apanhar um avião para me ajudar?