Somos todos um (ou estou a dar em mística)

7.9.15
Tentativa falhada de mostrar a animação na nossa rua, ao final da tarde, por oposição à calma que reina quando anoitece

Estamos aqui há pouco mais de uma semana e a Bea já tem amigos que a convidam para eventos sociais. Uma noite destas, quando ela estava em casa de uma amiga e o Jaime num jantar institucional dei por mim a pensar que não devia ter chamado "sardão medonho" ao toké que vive no jardim, já que a partir desse dia nunca mais o ouvi cantar. É claro que ele não poderia saber que lhe chamei nomes, mas um bicho tão considerado aqui em Timor é bem capaz de saber ler pensamentos, ou assim. 
Depois cheguei à conclusão que só podia estar a sofrer com a insularidade. É claro que uma semana não chega para sentir os efeitos do isolamento, mas toda a gente sabe que eu gosto de sofrer de alguma coisa. E estava nisto, e a sentir-me um bocado ourada por causa da cerveja (o que só prova que eu não sou mais eu) quando o gajo começa a cantar. Até me arrepiei. Nessa noite, aliás, fartou-se de cantar, sempre em número par, sinal de boa sorte, dizem. 
Se há uns tempos me tivessem dito que um dia viveria em Timor-Leste e que passaria serões a ouvir e a contar tokés teria achado muita piada. Agora que aqui estou acho mais piada acordar a meio da noite e perceber o absoluto silêncio que reina entre as cantorias dos galos, o ladrar dos cães e a música das muitas festas que estão sempre a acontecer. 
Quando Dili dorme ouve-se um som completamente novo para mim. É como se todos nós, animais incluídos, dormíssemos o mesmo sono. 

3 comentários:

  1. Eu acordo com os gritos (não sabem cantar) das gaivotas que ouço através do saguão, provavelmente nunca teria ouvido falar dos tokés, não fosses tu ter ido viver para Timor.

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  2. A senhora foi viver para Timor com os seus filhos porque o seu Marido já aí estava a trabalhar ou porque ele conseguiu uma boa oportunidade de emprego?
    E a senhora? Tem perspectivas de conseguir um emprego na sua área ou acha difícil?
    E os seus filhotes? Estão a adaptar-se bem?
    Boa sorte para todos vós!!

    Atentamente,
    Cristina Costa

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    1. Obrigada, Cristina.
      O Jaime já trabalhava em Timor há uns anos, mas passava muito tempo em Portugal. Entretanto foi convidado para vir para cá.
      Quanto a mim ainda não está nada definido, depois da escola começar e de as novas rotinas estarem encaminhadas, trato disso.
      De resto os miúdos estão a adorar estar aqui e nós sentimo-nos muito bem neste país.

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