Nunca me tinha sentido assim

3.9.15
Não compreendo o que se passa na Europa, e não é só por causa da imagem do menino morto que deu à costa, há já algum tempo que não percebo o que se passa nesse continente (é estranho sentir-me já tão distante). Também não faço a mais pequena ideia do que se passa na Ásia, ou nos outros continentes.
Podia até ter uma opinião sobre determinados assuntos, porque já se sabe que não é preciso ter muitos conhecimentos sobre as coisas para se opinar sobre elas, mas nem isso. Bem, talvez tenha sobre o batom da Ana, a nossa empregada, mas nem acerca desse detalhe, muitíssimo interessante, saberia discorrer, creio eu.
Não sei o que me aconteceu. Estou numa espécie de hibernação mental. Nem o livro do Terzani, que terminei hoje, me tirou desta letargia.
E isto seria muito bom se eu estivesse a usufruir desta falta do que fazer, ou se esta apatia fosse a capa natural do frenesim que costuma revolver-me as entranhas perante um novo desafio, mas não é nada disso. Não se passa nada. E isso é muito estranho, quando se passa tanto.

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