- Então, conta lá, como tem sido isso de conciliar trabalho e filhos? - perguntam vocês com incontrolável curiosidade.
- Olhem, tem sido como estar de férias - respondo eu.
- AHAHAHAHAHA - dizem uns. LOL - escrevem outros. A sério? - perguntam outros tanto.
- Eu explico: Nunca temos a roupa que precisamos para vestir; muitas vezes temos de improvisar refeições; dormimos todos juntos, comemos bolachas com chocolate antes de jantar e nas horas mortas acabamos sempre agarrados ao computador a trabalhar.
- Ah, isso é enquanto não apanhas o ritmo. É uma questão de te organizares, vais ver - dizem vocês, pessoas queridas.
- Eu sei, eu sei - digo eu (mas na verdade não sei nada) - o problema é as funções que aceitei não serem compatíveis com flexibilidade de horário, mas parece-me que conseguiremos viver com isso durante cinco meses (muito à custa da flexibilidade de horário do Jaime, e, pelos vistos, da sanidade mental dele, e porque temos a ajuda da Raquel). Agora, mais do que isso é impensável. A ginástica que temos de fazer para não faltar ao trabalho (no meu caso),ou para conseguir fazer tudo o que é preciso (no caso do Jaime) é surreal.
- Isso significa que depois de acabar o contrato não vais procurar outro emprego?
- Hmmm, pois, não sei, isto de ter um emprego tem mesmo muitas vantagens. Num mês já recebi mais elogios do que num ano, por exemplo, e eu, há que admiti-lo, preciso tanto de elogios como de...sei lá...vinho. E depois, é incrível como se pode justificar tudo e mais alguma coisa com o trabalho, mas efectivamente eu vivo relativamente bem sem ter que me justificar.
- E, então, o salário? não é fixe poderes comprar coisas? - perguntam.
- É, é muito bom, mas os óculos novos, por exemplo, ainda não consegui comprá-los. Durante a semana a óptica está fechada, à hora que chego, e este fim-de-semana, não tive tempo. Talvez no próximo. E a depilação também terá de ficar para depois, para quando não tiver crostas nas canelas.
A propósito de vinho: experimenta o Torre de Menagem (Alvarinho/Trajadura). Boa relação qualidade-preço, como agora se costuma dizer.
ResponderEliminarE boa semana.
Hmmm, já não me lembro a última vez que bebi vinho verde...Ah, já sei, foi em Ponte Lima, mas era tinto. Terei de experimentar este Torre de Menagem.
EliminarHá no Pingo Doce a 2,99. Há dias para vinho branco e dias para vinho tinto; este é muito equilibrado, vais ver (atenção que o vinho verde deve ser do ano anterior àquele em que é consumido, portanto cuidado com as promoções de "antiguidades").
EliminarComo eu a entendo !! Já trabalhei como uma "louca" durante 10 anos vivi para o trabalho ! Depois casei veio o filhote e...deixei de trabalhar (deixei??!!) agora ele tem 6 anos e trabalho 10 horas por semana ! Gosto !!!! Tenho tempo para mim ,para a casa , para os meus dois homens e ganho algum que gasto em mim ,neles , em óculos , depilacao , massagens ...tenho amigas que me incentivam a retomar em forca para nao depender DELE ....eu nao acho !! Estamos bem assim os tres e tds dependemos de todos !!!
ResponderEliminarAs mulheres conseguem tudo, são inventivas, movem-se bem mesmo em território lamacento. Com 3 filhos, os meus dias são sempre maravilhosamente caóticos. Muitos bons dias para si e posts para o blog!
ResponderEliminaré tudo uma questão de tempo!!!eu saio de casa as 7h com a mais nova.. às 8h estou a deixa-la com os meus pais depois de 1h de transportes.. volto a estar com ela as 18h.. chego a casa perto das 20h e já tenho o puto mais velhos com o banho tomado e os tpc´s feitos! toca a jantar... 21h30 putos na cama e depois só me consigo deitar perto das 00h! Sim ainda não morri de cansaço.. mas estou perto! :D é tudo uma questão de tempo..
ResponderEliminar"é tudo uma questão de tempo"... para morrer de cansaço?
EliminarSuzana
Trabalhar com horário fixo é a maior merda. Pronto, a maior é não ter sustento. Trabalhar com horário fixo é a segunda maior merda.
ResponderEliminarNão vou reler este post, disseste uma série de coisas que me angustiam tanto que nem quero pensar nelas. Enquanto tiver que as viver, é contorná-las.
Mas é uma merda tão grande, tão insuportável.
Não sei se tens noção da importância destes posts para as decisões que poderei tomar na minha vida...
ResponderEliminarSou a careta que organiza a vida semanalmente. Uma seca. Mas a verdade é que chego a casa e já sei o que vou cozinhar e tenho tudo o que preciso. Cozinha arrumada às 21h e o resto do serão é meu. Não troco os meus horários rígidos pela aparente liberdade de horários flexíveis.
ResponderEliminargralha
A liberdade é mesmo um conceito muito subjectivo. Eu não duvido que se possa ser livre com horários rígidos e rotinas diárias, e escravo com horários e rotinas flexíveis. O problema é cada um de nós encontrar o seu sítio, que pode ser uma variante das duas coisas, como é o caso do trabalho+férias para quebrar as rotinas.
EliminarEu sou como a Gralha - preciso de planear para ser livre. Quando tenho rotinas, demoro menos a fazer as coisas e fico com mais tempo livre. Prefiro chamar-lhe hábitos em vez de rotinas, que hábito é uma palavra mais bonita. E não me importo que me chamem careta, mas estou quase a começar a fazer ementas semanais.
EliminarQuando digo que odeio horários rígidos, refiro-me ao trabalho. Preferia mil vezes trabalhar por minha conta. Criaria na mesma rotinas, mas as minhas rotinas, de acordo com o melhor para mim e para a minha família. Eu sou uma trabalhadora por conta própria à espera de cair do ramo. Falta é encontrar trabalho por conta própria.
Eu trabalho por conta de outrem, tenho dois filhos pequenos, 3 e 5 anos, entro às nove e saio às 6; adoro cinema, preciso de ler e não, não vivo só para isto, mas quase, e não me importo. Não levo os meus filhos à escola mas vou buscá-los religiosamente. Como é que faço para a minha vida não ser um caos ainda maior e ter alguma sanidade mental? É simples: levanto-me às seis e meia, bebo chá, trato de mim, tomo o pequeno-almoço, faço as papas, trato deles, dou-lhes as papas e vou-me embora. Tem de haver sempre comida feita ou pelo menos meia feita; chego a casa não me ponho a arrumar coisas, também já as deixei arrumadas de manhã, nem a cozinhar, porque já deixei meio feito na véspera ou a descongelar; ah, e sou daquelas mulheres secantes que escolhem a roupa de véspera (é para esquecer o capricho «ai não sei se me apetece azul ou preto» porque a indecisão não compensa os nervos do atraso). Quando chego a casa, tento brincar um bocado com eles e dar-lhes banho com calma, jantamos, lemos histórias e eles vão para cama. Nem sempre corre bem e claro que lamento ter de inventar formas de fazer o essencial, como por exemplo ir cortar o cabelo ou dar um salto ao supermercado. Para isso servem as horas de almoço. É cansativo? É, e paro muitas vezes às dez e meia a perguntar o que significa tudo isto. Mas a verdade é que as crianças também precisam de estar na escola, claro que não precisavam era de estar lá tanto tempo, mas pronto.É importante associar a ideia de organização não à ideia de prisão mas sim de liberdade: é a única forma, para quem não tem outros suportes, de conseguir alguma liberdade, algum tempo livre, por pouco que seja, sem tornar a vida ridícula e enlouquecer de vez. Ah, e um bom copo d eum vinho tinto à noite ajuda imenso.
ResponderEliminar:) Pois ajuda, soubesse eu ficar-me por um copo!
EliminarQuanto à organização: é só a mim que acontece deixar carne meia assada para o jantar e chegar a casa e verificar que o prédio não tem gás? Ou, comprar farinha para os filetes que deixei a descongelar e à hora de irem para a mesa (pouco depois das 19h00) um teve de se deitar cheio de febre, o outro está a berrar de sono, o outro não quer comer, porque não tem fome? E por aí fora. A sério, há qualquer coisa comigo que faz com que os planos saiam sempre tortos.
Claro que não, Calita. Também me acontecem coisas esquisitas. Como no espaço de quatro meses chegar a casa e ter por duas vezes a luz cortada porque me esqueci de ir à caixa do correio. Não me apeteceu, pronto, e não quis saber. É que a organização de uma pessoa também tem tem limites, helás.
EliminarOlá Calita!
ResponderEliminar«Beber reencontra-nos com o melhor de nós, numa atmosfera húmida e nebulizada, e é a própria vida que nos é devolvida em gotículas enfim aspiráveis.»
(olha, faz de conta que escrevi especialmente para ti)
A propósito de rotinas: cada um as vive à sua maneira. Como poderia ser de outro modo? Elas são como os bebés; naturalmente, emergem. Eu também não era nada um animal de rotinas; mas lá que as há, há.
verao80
eu sou uma desgraça, simplesmente não consigo organizar-me quando trabalho full time. Acabámos sempre por comer porcarias ao jantar, e a roupa fica por passar, e é uma confusão....posso citar-te no meu blog? A minha sorte ou falta de sorte, é que sou precária e em muitas alturas do ano trabalho em part time. Ok ganho menos mas corre tudo muito melhor na vida familiar (o meu gajo chega muito tarde)
ResponderEliminarPodes, claro, mas eu confesso que é precisamente para não sufocar em domestiquices que prefiro trabalhar. Sim, tenho, ou melhor temos de as fazer na mesma (empregada doméstica é uma coisa que não cabe no orçamento), mas concentradas numa hora por dia e mais algumas ao fim-de-semana é menos sufocante do que estar o dia todo a pensar que tenho de fazer isto e aquilo e acabar por não fazer, por total e completa desmotivação.
EliminarAi o equilíbrio, o equilíbrio... que busca incessante, pelos vistos muito comum...
ResponderEliminarHá dias com a miúda adoentada, o pai cheio de trabalho e chegar em cima do fecho da escola, eu a sair às 19h30 sem a poder ir buscar e calhar olhar para o recibo de vencimento com o valor / hora, quase tive uma epifania. Não foi desta.
Esqueci-me da parte da barriga a crescer, pesada, mas na altura não entrou nas contas.
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