No limbo

29.8.11
"Quando uma mulher tem ambições (mundanas, intelectuais, ou profissionais como hoje acontece) e meios para as satisfazer, sente-se infinitamente menos tentada que outras mulheres noutras condições a investir o seu tempo e a sua energia na criação dos filhos.", ainda a Badinter.
Eu acrescentaria que as que se deixam tentar vivem num limbo entre a felicidade e o desespero; a vida dentro de casa e a morte fora dela; os doces prazeres do dia-a-dia e o azedo das rotinas domésticas; o conhecimento e o embrutecimento.
No que me diz respeito as paredes gelatinosas deste limbo são-me cada vez mais familiares, o ar que se respira não é igual ao do outro lado, mas é respirável e dou por mim, com o coração em arritmias, a pensar se os meus pulmões, quando chegar a altura, aguentarão o outro ar.

5 comentários:

  1. às vezes o outro ar, o de lá de fora, não é assim tão bom como parece e só nos apetece não ter outras ambições que não sejam, precisamente, criar os filhos, vê-los crescer sem ninguém a chatear, ficar em casa a fazer bolos, arranjar um quintal para plantar umas couves e ser feliz assim. Eu, que já estive dentro de portas, sei o que é essa falta de ar. Mas hoje estou assim, cá fora e sem ar

    ResponderEliminar
  2. sinto-me completamente igual: cá fora e cada vez mais asfixiada e com inveja de não poder estar em casa, ir buscar os meus filhos a horas decentes, ter uma "slowlife" e não esta aceleração louca na qual estou metida...filipa

    ResponderEliminar
  3. eu tive filhos tarde, adorei a minha profissão : livreira & leitora de poesia, depois vieram os filhos & porque tive escolha, parei um pouco o ritmo lá de fora e dediquei-me aos meus filhos, á minha casa, no início foi difícil, mas quando penso ao ritmo louco que levaria se estivesse lá fora e cá dentro, sei que não conseguiria, hoje, ser eficaz nas 2 coisas, mas há quem consiga é claro ...

    ResponderEliminar
  4. Pois, Maria, é isso que eu sinto, mesmo sem essa tua maravilhosa profissão!

    ResponderEliminar
  5. A minha profissão também tinha os seus momentos, é certo, mas livreira, caramba, parece-me uma profissão se sonho...

    ResponderEliminar