Dia #37

19.4.20
Ando a adiar a assinatura digital de um jornal, por um lado por continuar a preferir o papel e por outro por estar à espera que chegue o jornal que me vai convecer. Não é agora que vai surgir um jornal novo, claro, mas talvez demore menos depois desta crise.
Isto tudo para dizer que não li a entrevista ao historiador Manuel Loff, que poderia ser uma das notícias que me converteria a leitora assinante, mas como tenho andado a pensar nisso vou usar só a informação do título e do lead (será que os meninos da Abut, que fizeram um jornal comigo, ainda se lembram do que é o lead?)
Então, tudo indica que o confinamento tem sido bem sucedido em Portugal. Eu sei que nem toda a gente tem essa impressão, porque encontra muitas pessoas na rua, porque conhece alguém que conhece alguém que foi não sei onde e fez não sei o quê, mas parece ser uma realidade que, em comparação com outros países da Europa, os portugueses fizeram o que lhes foi pedido.
É muito provável que as razões sejam ''o medo, o pessimismo e a tristeza dos portugueses'', como referiu o historiador, mas eu estou convencida que esse sucesso se deve à nossa cultura da obediência. Mas eu não sou historiadora, socióloga, nem doutorada em qualquer ciência social, não tenho como saber se os portugueses são obedientes por sentirem medo (lá está), ou se por sentirem que são uma parte importante na resolução do problema.
Vamos fazer de conta que os portugueses são os meus filhos e nós, os pais, os nossos governantes. Ui, pensando melhor, vamos esquecer, isso. Mas já perceberam, certo? O respeitinho-é-muito-bonito-e-eu-gosto está muito bem inculcado nas nossas cabeças.

6 comentários:

  1. No meu caso é preguiça de sair...

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    1. Olá, Joana :)
      Sempre soube que preguiça é uma grande qualidade!

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  2. Recebi a assinatura do Público pelo meu aniversário por isso pode ser que te arranje o artigo, se quiseres. Aproveito já para responder ao teu post de amanhã (estou a ler isto ao contrário): a telescola faz-me chorar mas é de tristeza por a escola ser igual para todos significar ser igualmente medíocre para todos. Não sei o que viste mas as aulas do 3º/4º e 5º/6º foram mesmo fraquinhas, a tratar as crianças como imbecis. As do 7º/8º, melhorzitas, vá. Os meus não vêem mais aquilo. Mas, pronto, a vontade de chorar não é só da medíocridade, é depressão mesmo. Não há vinho que eu consiga consumir para aguentar estes 2 meses com a sanidade mental à tona de água.

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    1. Minha querida, se não consegues beber durante 2 meses, não sei que te diga. Eu vi 3.º/4.º e 5.º/6.º, precisamente, e a escola não começou a tratar as crianças como imbecis, só agora. Já trata há muito tempo, não sei se tinhas reparado. E deve haver tantas crianças imbecis, quanto adultos, digo eu!

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    2. Expliquei-me mal: não só consigo beber durante 2 meses como já bebi mais neste mês e meio do que no resto do ano (e mesmo assim não chega). Quanto à escola, andei iludida com as escolas dos "meus", que sempre eram (são?) um bocado mais motivadas no sentido de os desimbecilizar. O meu sonho era a telescola ter ido buscar os professores mais fixes, que propunham projectos fixes, os miúdos adoravam aquilo, ficavam cheios de vontade de ir explorar mais, não era preciso avaliar ninguém, e depois bati com a cabeça na mesa de cabeceira.

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    3. Pois. Não te esqueças que muitos (alguns?) agrupamentos têm autonomia para experimentar alternativas. De resto, os professores cumprem (uns melhor que outros, claro) o programa. E o programa é formar imbecis, porque se as pessoas se põe a pensar nunca se sabe onde vamos parar.
      Se calhar devíamos mudar de tema, esta conversa tende a piorar a depressão.

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