Perguntei num dos grupos do whatsapp (só tenho dois, já percebi que sou muito pouco popular) se estaria a pirar, por ter desatado a chorar no meio da rua, quando vi um carro da polícia estacionado, com as portas abertas, o altifalante a tocar os ''Parabéns a Você'' e um agente, com máscara, a olhar para uma varanda e a bater palmas. Também bati palmas, claro, e acelerei o passo para não verem os rios de lágrimas a escorrerem para dentro da camisola. Devia ter baixado a gola, em vez de a puxar até ao nariz. Ainda por cima, mais à frente, ouço alguém a gritar o meu nome e ao reconhecer a voz do querido Rocha procurei a janela e lá estava ele a atirar-me beijos do sexto, ou séptimo andar, não contei quantos eram, os andares. Nem os beijos, mas pareceram-me muitos mais beijos que andares.
No grupo disseram-me que a choradeira era justificadíssima, e eu acreditei. É um grupo onde se fala sobre quem tira a camisa das favas para as cozinhar e quem prefere comê-las com camisas. Um grupo fiável, portanto (que saudades destas conversas ao vivo, minha nossa!).
Tenho sempre com quem contar quando tudo começa a parecer demasiado kinky. Isso, sim, é ter sorte.
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