Culpa

22.11.18
Estávamos a ouvir a Fiona Apple (sim, metemos nojo, a nossa vida é beber vinho, passear e ouvir música enquanto trabalhamos) e ele diz qualquer coisa sobre ser uma pena que uma moça com tanto talento como a Fiona editar tão pouco. Eu returco que provavelmente tem filhos.
Fez-se aquele silêncio de assunto-quase-complicado e rapidamente mudámos de tema.
Ainda há pouco fui obrigada a admitir, numa conversa de café, que ainda não vivo bem com a escolha de ter ficado com os filhos em casa.
Tenho a certeza que não podia ter feito de outra forma, mas parece que ainda falta saber viver bem com isso. Seja como for, este blog tem centenas de posts sobre este amor condimentado de contradições que nos fazem querer ficar e fugir ao mesmo tempo, não vale a pena voltar ao mesmo.
A minha filha diz que a culpa é de eu ter crescido com uma mãe niilista depressiva (acho melhor não querer saber qual a razão dos problemas dela), eu acho que a culpa é minha, obviamente. Mas isso, segundo um livro de auto-ajuda que li há muito tempo, tem a ver com o facto de eu ser primogénita num seio familiar que aniquilou a minha auto-estima (a sério, não queiram saber).
A culpa é um sentimento muito curioso, por acaso, não nos limita como o medo mas suga-nos a essência.
O que vale é que não me têm faltado ocasiões para decantar e repor o essencial.

1 comentário:

  1. Estava aqui a pensar que quando cheguei à Alemanha o normal era as mulheres ficarem em casa a criar os filhos. Na RDA, na mesma altura, o normal era irem trabalhar. Em ambas as sociedades, as mulheres que faziam o contrário do que é esperado delas eram olhadas de canto, e acusadas mais ou menos abertamente de estarem a fazer tudo mal.
    A pressão social é uma barreira tramada entre uma pessoa e si própria.

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