De volta ao básico

15.10.18

Tenho umas certas saudades da vontade de vir contar coisas da minha vida. Não sei se esta falta de vontade tem a ver com os mergulhos que fui dando nesta onda new age do auto-conhecimento, ou se estou só deprimida. Em qualquer dos casos, talvez não seja errado concluir que o auto-conhecimento tem efeitos secundários negativos.
Se não, nem imaginam o relato que teriam da minha estadia num daqueles hotéis absolutamente cinematográficos, únicos e quase decadentes como são os hotéis das termas. Ainda há hotéis de três estrelas sem uma única peça do Ikea, faziam ideia? e salinhas espalhadas pelos diferentes andares com livros e revistas e outras com mesas de jogos. Sempre adorei mesas de jogos, por serem tão absolutamente inúteis quanto são apreciadas.
Saí de lá a pensar que tinha de enviar uma mensagem a uma amiga que trabalha na Vogue Portugal a dizer que tinham mesmo de fazer um Editorial nas termas. Eu sei que já se anda a tentar, há uns anos, modernizar o conceito chamando-lhes spa e acrescentado nomes chiques aos tratamentos, mas o regresso dos momentos áureos das termas é agora. Parece-me.
Também escreveria sobre  Fica no Singelo, a maravilha que é ver corpos a interpretar daquela forma, a mostrar que na essência da dança, seja ela de que tipo for, está sempre a mesma força vital, uma espécie de energia primordial.
E não deixa de ser curioso estar a ver bailarinos a explorar os universos da dança e da música tradicionais portuguesas, uma semana depois de uma breve incursão pelas paisagens das curas termais. É como se me estivessem a gritar aos ouvidos back to basics (estava a ver se encontrava uma expressão em português assim sonante, uma expressão à Mário de Carvalho, mas não me ocorre), só é pena haver tanto ruído à volta.

4 comentários:

  1. Delicioso, levei parte, remetendo para a fonte termal :)*

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  2. O melhor título de sempre :) e uma oportunidade para revisitar o maravilhoso "imprecisões".
    Obrigada miss g.

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  3. O auto-conhecimento tem montes de efeitos secundários negativos, não sei para que insistimos. Se essa tua amiga que trabalha na Vogue Portugal precisar de fazer uma reportagem sobre uma mulher de meia idade à procura de auto-conhecer-se melhor num ambiente de revivalismo proto-hipster, apita.

    A questão é que sempre que escreves aqui vale a pena.

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    1. Mariana, essa minha amiga também é tua amiga ;) e tu não és uma mulher de meia idade, ok?

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