Passou mais algum tempo (tem passado cada vez mais entre um post e outro) e eu continuo sem nada de muito relevante para dizer. A partir de que momento comecei a traçar a fronteira entre o relevante para partilhar e o não relevante? Não faço ideia.
Mas continuo a escrever, mesmo quando não escrevo. Como quando estou a comer bolachas recheadas de chocolate, que não me sabem bem, a olhar para a televisão e a escrever. Ou quando estou sentada no chão do quarto a olhar para a capa do livro, na foto ali em cima, e a escrever. Curiosamente, a ouvir a cantoria esganiçada do casal na esplanada do café, para entreter a criança sentada no carrinho, não me dá vontade de escrever. Faz-me pensar nas "pessoas a dormir com a cabeça em cima da mesa, crianças a brincar, homens a cantar, mulheres a falar alto, a fazer-nos rir" do Miguel Esteves Cardoso, lembra-me de mim própria a entoar o Olha a Bola Manel, quando as crianças eram mais pequenas, pensar que o rapaz não deve ser o pai da menina no carrinho, mas não escrevo.
Seja como for, acabei de ver o Tully e não estava nada à espera deste filme. Tinha visto a apresentação, decidido que queria vê-lo e pouco mais. Pois bem, vi-o e achei que precisava de deixar de escrever só na minha cabeça, que a certa altura é capaz de ser preciso ver as palavras escritas. Estava a ver o filme e a pensar que a minha ideia da maternidade estava ali muitíssimo bem retratada. Não há como ser mãe sem ser louca.
"Os pais são todos loucos", disse-me uma vez um pediatra e eu, no auge da minha loucura de mãe de primeira filha, achei o comentário completamente despropositado. Até porque só lhe tinha perguntado quantos dias é que um bebé podia aguentar sem dormir. Ora, se eu não dormia por causa do bebé, logicamente era porque o bebé não dormia, logo poderia morrer por privação do sono. Juro que não percebi a cara de espanto do médico, quando eu estava a fazer tanto sentido.
Enfim, não sei se a loucura pelos filhos (diferente da loucura por causa dos filhos mas com pontos comuns) beneficia alguém que não os profissionais de saúde mental mas, para mim, é claro: Não há como ser mãe sem ser louca.
Enfim, não sei se a loucura pelos filhos (diferente da loucura por causa dos filhos mas com pontos comuns) beneficia alguém que não os profissionais de saúde mental mas, para mim, é claro: Não há como ser mãe sem ser louca.
Hoje na aula de ténis chegou um menino que ia treinar de chinelos porque segundo a mãe ele tem sempre muito calor nos pés. E eu juro que me pareceu que todos os outros pais/mães/avos presentes acharam normal... menos o treinador.
ResponderEliminarLá está :D
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