Infantil

17.10.18

Tinha deixado os miúdos na escola, acabado de tomar café e ia a pé para casa. Caminhava ligeira, a sentir as calças apertadas, o sutiã folgado e tremia ligeiramente, porque estava com frio. Vi que estava uma folha cor-de-rosa no chão e pensei: "é uma folha cor-de-rosa, que bonito, devia apanhá-la!" e continuei a andar. Estavam outras folhas no chão, como seria de esperar do Outono, e eu a andar e a pensar que se calhar devia voltar para trás para apanhar a folha, que não devia deixar de o fazer só porque é ridículo voltar para trás só para apanhar uma folha e continuava a andar e a pensar: "quanto mais andar mais longe fico e mais tempo demoro a voltar para trás, ou me viro agora ou deixo ficar a folha".
Dei meia volta, andei, andei e pensei: "queres ver que agora não encontro a merda da folha?" Encontrei, claro.
E sim, podia ter sido um momento de catarse, comigo a resgatar todas as oportunidades que me escaparam, porque não parei, ou não voltei atrás quando deveria. Mas foi só um momento infantil.
E a folha só é cor-de-rosa de um lado.

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