Existência

1.7.17
Nunca me ocorreu que se pudesse alugar (que dizer comprar) um filme de ficção científica indie no clube de vídeo (que dizer na loja de cópias manhosas de filmes) de Colmera, apesar de se encontrar de tudo no meio daqueles milhares de DVDs. Mas foi exactamente o que aconteceu e por isso ontem vimos o Bokeh.
É um filme apocalíptico diferente da maioria dos filmes que eu vi sobre o fim do mundo sem, no entanto, deixar de ser desconcertante. Mas aquilo que mais nos surpreendeu foi os miúdos ficarem a vê-lo com um interesse nunca antes demonstrado num filme de adultos.
Aliás, quando lhes dissemos que podiam ver, pensámos que iam desistir passados três minutos e meio, como é costume, só que aguentaram quase até ao fim. Desistiram na penúltima cena, com o Isaac a chorar, e fizeram-nos prometer que lhes contávamos o fim no dia seguinte.
Ao Isaac contei, ainda antes de ele adormecer, que o filme tinha sido um sonho da protagonista e que tudo tinha acabado bem (sim, menti-lhe com quantos dentes tenho) e na manhã seguinte, ainda meia a dormir, respondi ao Nicolau que sim, que as pessoas tinham aparecido todas outra vez.
Não há grandes coisas a acontecerem no filme (se virem o trailer, praticamente viram o filme), o que torna todo este interesse por parte deles ainda mais surpreendente.
É como se as grandes questões existenciais existissem ainda antes de nós.

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