Ilustração de Reginaldo Prandi no livro "Ifá, o adivinho"
Nunca o futuro me pareceu uma coisa tão irreal e distante como agora. Até aqui eu conseguia imaginar o que seria o meu futuro. Tinha até vários caminhos alternativos: Seria uma jornalista como a Martha Gelhorn e conheceria o mundo. Ou trabalharia na redacção de um jornal e teria uns quantos filhos de um homem inteligente. Ou teria uma casa sustentável no campo, com vacas, árvores de fruto e um estúdio para escrever e fazer potes de barro. Em qualquer dos casos teria um apartamento na cidade e amigos interessantes. E escreveria.
É claro que nunca fui como a Martha Gelhorn e, apesar de ter três filhos de dois homens inteligentes, o trabalho nas redacções por onde passei não foi bem o que tinha imaginado.
Também não tenho a casa sustentável nem as vacas, mas tenho árvores de fruto e uma máquina de costura.
Ou seja, eu estou já no futuro, por isso não sei mais o que esperar, a não ser que as crianças cresçam saudáveis e felizes. Será bonito, espero eu, ver que adultos se tornarão, mas isso será a vida deles e não a minha.
Depois, li um artigo sobre o mundo nos próximo 20 anos e fiquei a pensar que, realmente, devo ter muito pouco de futurista. É que, apesar de não saber o que esperar do meu próprio futuro, estou convencida que nos próximos 20 anos, por muito que a tecnologia continue a evoluir, vai ser difícil corrigir os erros que cometemos até agora. É, acho que nos próximos 20 anos a humanidade devia olhar para trás, basicamente. O futuro, portanto, está no passado. Sempre esteve (acho que nem eu percebo exactamente o que estou a dizer).
Eu também acho que o futuro está no passado. Só não sei que tipo de preço iremos pagar por não querermos abdicar de uma série de coisas que o futuro nos trouxe.
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