Bali e eu não somos compatíveis

11.1.16



Durante a semana de férias em Ubud eu só conseguia pensar na mãe da comediante Merril Markoe, uma senhora que, pelos vistos, passava a vida a criticar tudo e todos.
Eu não li o livro que Markoe escreveu, e que inclui algumas passagens do diário da mãe, mas fiquei maravilhada quando a ouvi falar sobre ele, num Daily Show. Primeiro, porque também cresci com uma mãe hiper crítica e tenho noção do potencial humorístico dessa realidade e depois, porque é fascinante haver alguém que escreve nas margens do Oliver Twist: "not one of his best works".
Mas não foi por causa da relação mãe-filha, ou das críticas literárias que me lembrei da mãe de Markoe, mas porque o diário dela era sobre as viagens que fez à Europa (aparentemente tencionava escrever um livro de viagens) onde considerou a paisagem campestre francesa "singularly uninteresting" e a Praça São Marcos, em Veneza, "in terrible taste".
Ora eu, apesar de ter achado Ubud um sítio muito agradável (muito mais do que a costa, onde estivemos o ano passado) e de perceber o interesse que a cidade desperta em tantos viajantes, não lhe consegui achar grande piada. Não consigo abstrair-me da estranheza que é enrolar um pano à cinta para entrar em monumentos que não fazemos ideia do que significam; da comparação do meu suor a escalar os terraços de arroz com o suor dos agricultores; e do ridículo das poses para as fotografias em todo o lado.
É bonito, sem dúvida. Tem restaurantes maravilhosos e galerias de arte porta sim, porta sim e spas e pessoas afáveis e rituais que resistem ao mundo moderno, mas...não sei, não me convence.
A minha mãe costuma dizer que não é compatível com algumas pessoas. Eu, se calhar, não sou compatível com alguns lugares.

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