A casa

28.11.13
Quando numa manhã fria de domingo eu desço até ao jardim para cortar a relva, enquanto o Jaime fica dentro de casa a organizar as coisas para os hóspedes que hão-de chegar, dou por mim a confirmar o que há muito adivinhava: a casa, enquanto objecto concreto, não é o meu espaço primordial.
É claro que também eu quero uma porta para fechar ao fim do dia, ter lençóis lavados para pôr na cama, embrulhar-me num cobertor a ouvir a chuva lá fora, sentar-me à mesa com um prato de carne de porco à alentejana e um copo de vinho, sobretudo quando tudo isto vem com o valor acrescentado de braços abertos a correr na minha direcção quando entro em casa, de partes de mim para aconchegar dentro dos lençóis e conversas para acompanhar a refeição.
Mas o meu espaço primordial fica a caminho de algum sítio e a minha casa naqueles braços e corpos que são partes de mim.

5 comentários:

  1. que bonito como o descreves. sinto muito assim também.

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  2. Tão, mas tão doce, daquela doçura que verdadeiramente interessa :)

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  3. A casa, os SPAs, as lareiras, as mantinhas, a roupa de qualidade, o Feng Shui, os chazinhos.
    Andam a querer envelhecer a juventude. Enfraquecem os bravos. Distraem os audazes. Resistência, resistência, camarada.

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  4. E sim, o amor é lindo, é lindo !
    :D

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