Pedido de desculpa

2.11.11
Eu não sei se isto - o que eu vou dizer daqui a nada - faz muito sentido, mas estou farta de dar voltas à cabeça, de vasculhar nos sítios mais recônditos do meu cérebro e não tenho ideia de ter pensado nisso - no que vou dizer daqui a nada. Acho que todos concordarão comigo quando digo que facilmente conseguimos estar na pele dos outros quando fazemos um qualquer exercício de imaginação ("Pois, imagino", dizemos muita vezes perante os dramas alheios).
É provável até que muitas pessoas tenham passado mais tempo a viver estas experiências imaginadas do que reais. Eu sei lá quantas vezes me tremeram as pernas a pensar no primeiro beijo (e garantidamente tenho mais primeiras vezes imaginadas do que concretizadas); ou quantas vezes me fugiu o estômago do sítio com saltos de para-quedas e mergulhos da última prancha da piscina da Sopete; ou quantas vezes se tolheu o corpo todo a imaginar a notícia de um cancro, ou de um acidente e por aí fora, que ainda não cheguei ao que queria dizer.
Pois bem, tudo isto e mais algumas coisas já me passaram pela cabeça, mas há uma coisa - a tal que eu ia dizer daqui nada - que nunca me tinha ocorrido: a dificuldade de ter dois filhos pequenos com idades muito próximas. Eu acho que devo ter imaginado isso algures (mas, como disse, não encontro vestígios disso em lado nenhum), porque da primeira vez que fui mãe a ideia de ter outro filho até aos três, quatro anos dela era impensável para mim. E, provavelmente, devo ter pensado que as pessoas que se metiam nisso era porque
a) se sentiam capazes
b) tinham uma criatura paz de alma e portanto o mais natural seria repetir a dose.
Posto isto, quero pedir desculpa a todos quantos passaram por esta situação. Desculpem ter sido capaz de imaginar as coisas mais estapafúrdias e não me ter dado ao trabalho de imaginar aquilo por que estavam a passar. Desculpem, sim? sobretudo as que estavam numa cidade, vila ou aldeia sem avós, tias e primas para os seus pequenos.

9 comentários:

  1. E agora, disseste tudo.
    A minha vénia mais respeitosa a quem tem dois bebés (que é o que eles são, apesar de acharmos que o mais velho já não é bebé) longe dos avós, tios e primos.
    Tiro o chapéu, mesmo.
    Mary

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  2. Eu tenho dois bebés e vivo ao pé da família mais chegada. Mas isso não quer dizer que tenha ajudas. Não que não me queiram ajudar, nada disso, eu é que só recorro a elas em último caso, evito mesmo. Acho que os meus filhos são da minha responsabilidade e quando decidi ter dois bebés, ter ou não ajudas, não foi um factor que tivesse pesado na balança. Tive-os porque quis e estava ciente do trabalho que implicava, não porque tinha quem me ajudasse.

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  3. Percebo o que queres dizer, Marina, mas a questão é mesmo essa: ter a quem recorrer em último caso. Por exemplo, quem ficou com o mais velho quando foste para a maternidade ter o mais novo?

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  4. Ai, ainda bem que percebeste! :)
    Quando fui para a maternidade o bebé mais velho ficou com avó até a bebé mais nova nascer, enquanto o pai estava comigo. Depois ficou com o pai nos 2 dias em que estive na maternidade.

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  5. Parabéns pelo blog! Acabo de o descobrir (parecia que nunca mais chegava a um entusiasmente!). Bem, esta é daqueleas coisas que só se sabe depois de sabida... Filhos seguidos só para aventureiros destemidos, sim, porque a carne viva pode ser muita... A única certeza: tudo passa.

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  6. Desculpe as gralhas, sim? "Entusiasmante" e "daquelas"...

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  7. Obrigada, verão80. Bem, aventureira destemida és de certeza, percebi que tens TRÊS filhos seguidos!!!!!!

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  8. Não posso deixar de enviar um comentário solidário a uma pessoa que, como eu, ainda tem presente no seu corpo a vertigem e as voltas do estômago que o salto da última prancha da Sopete provocava. Poucas coisas me teriam feito sorrir do mesmo modo na rápida "fuga" pelos blogs que acabei de fazer no meio de leituras obrigatórias e indesejadas.

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  9. mrg, mas eu nunca cheguei a saltar. Fui lá cima uma vez e achei que ou aquela gente era maluca, ou eu era uma medricas de todo o tamanho :)

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