Ao sábado a vinharia está aberta e como o Jaime teve de sair para fazer entregas e recolher um frigorífico usado, eu fiquei lá.
Atendi quatro pessoas de manhã e todas cumpriram as regras de segurança, mas não pude deixar de notar que há quem tenha vontade de conversar, ou mais vontade do que habitualmente.
Soube-me bem pentear o cabelo e vestir uma roupa para ir trabalhar, apesar de sentir-me ligeiramente nervosa. Por isso, achei melhor levar comigo a Mungoche, poucas coisas relaxam-me tanto como tricotar.
O Jaime está sempre a dizer que quando isto acabar - a quarentena e suas consequências - vai estar tudo pior. Eu quero acreditar que vai estar melhor em muitos aspectos, ou nos que interessam, pelo menos. Mas, claramente, sou uma pessoa com fé.
Os rapazes ficaram sozinhos, antes e depois do almoço, e quando cheguei convenci-os a preparar um lanche no nosso pequeno pátio. Comeram rápido, discutiram a selecção musical e voltaram para os ecrãs.
O mais novo é o que se aborrece mais facilmente. Passa a vida a dar banho ao Panda. Eu percebo completamente o bem estar que um banho pode trazer (se não fossem as alterações climáticas era capaz de usar e abusar desta terapia), mas isto de dar banho a alguém (ou coisa) é outro nível, que eu ainda não atingi. Quer dizer, eu gostava de lhes dar banho quando eram bebés, porque a seguir adormeciam e eu podia desligar durante umas horas, mas não é isso que acontece neste caso.
Daqui a uma semana faço 47 anos e só me lembrei disso, porque o nosso obsessivo compulsivo dos banhos ao Panda, que faz anos daqui a um mês, não fala de outra coisa, isto é, do seu aniversário. Nesta casa (ou neste núcleo de família) fazemos anos todos no mesmo mês, menos o Isaac, e apesar de Abril ter sido um mês atípico nos últimos dois anos, este ano ultrapassa tudo.
Mas ainda estamos em Março e é preciso viver um dia de cada vez.
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