Dia #4

16.3.20
Acordei tarde. O Jaime tinha saído para vender vinho a um cliente que lhe telefonou. Pelo que tenho visto nos últimos dias, o vinho está na lista de bens essenciais a ter na despensa. Percebo perfeitamente e, tendo em conta que o nosso salário depende disso, agradeço.
Os comandos da TV desaparecem amiúde, os rapazes passam eternidades ligados aos telemóveis, ou computador e ainda não começamos a arrumar a casa, que parece ser o primeiro mandamento do recolhimento.
Comemos canja ao almoço e o resto da bola que o Jaime fez ontem, ou melhor que o Nicolau fez com a ajuda do Jaime. Nenhum do autoclismos funciona. Um já estava avariado há algum tempo, mas fomos adiando chamar um canalizador, depois de termos posto mãos à obra, à vez, e ter sido pior a emenda que o soneto. Agora avariou-se o outro, portanto temos de andar com baldes para cima e para baixo. Moral da história: Não se deve deixar muitas coisas para tratar quando aparecer um vírus.
O jogo de dardos que eles receberam no Natal foi finalmente pendurado. Só comecei a sentir que alguma coisa está diferente quando o Jaime me disse que a professora do Nicolau estava a marcar aulas online com os alunos. Por causa disso decidimos marcar duas horas por dia de trabalho académico para os dois, coisa que não nos tinha ocorrido antes, o que mostra a importância que damos ao percurso escolar dos nossos filhos.
Acabou há pouco a entrevista do Primeiro-ministro na SIC e não estava nada à espera de achar que António Costa esteve melhor do que Rodrigues Guedes de Carvalho, mas às tantas o pivot cumpriu um papel necessário.
Estou com as dificuldades respiratórias habituais das crises de rinite alérgica e a pensar quantos dos telefonemas recebidos pelos SNS24 são de hipocondríacos.

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