Auto-ajuda

13.6.19
O último livro de auto-ajuda que comprei (sim, não foi o primeiro, mas não falemos sobre isso) foi uma espécie de brincadeira, como aquela que as crianças fazem, e todos nós já fizemos, de seguir no passeio sem pisar os riscos, ou atravessar na passadeira só nas partes brancas. Ou seja, disse a mim própria que compraria o livro que estivesse na mesa ao almoço, no Theatro - sim, este restaurante que também é livraria costuma ter livros espalhados pelas mesas, já tinha falado dele no blog das senhoras.
Isto, porque acordei num daqueles dias em que precisava de uma razão para sair da cama, além das evidentes, e almoçar num bom restaurante pareceu-me a melhor. Ao sair de casa já tinha decidido que ia trazer o livro que estivesse na mesa, fosse qual fosse, porque de certeza traria uma mensagem subliminar.
Não posso dizer que tenha percebido a mensagem, se é que tem alguma, mas também não dei o tempo por  perdido. Além disso, acho que foi por causa dele que acabei a ouvir um podcast, que é uma coisa muito pouco habitual, e a certa altura, lembrei-me de quando era pequena e ia para a cama mais cedo imaginar a minha casa. Não sei quanto tempo durou esta incursão pela minha casa imaginária, mas todos os dias eu revia-a detalhadamente e transformava-a. Também não sei se alguma das minhas casas reais se pareceram com a(s) da minha imaginação, mas parece-me que todas cumpriram o propósito que me levava a querer ir dormir mais cedo para sonhar: não ter ninguém a dizer-me como manter o meu espaço. Seria já uma manifestação de independência? É pouco provável, era muito pequena, ainda. Enfim, se calhar era mais uma brincadeira habitual de crianças, mas agora fiquei a pensar nisso e nas mais de dez casas em que vivi. 
Às tantas não é assim tão descabido ler livros de auto-ajuda (não são todos?).

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