Isto, porque acordei num daqueles dias em que precisava de uma razão para sair da cama, além das evidentes, e almoçar num bom restaurante pareceu-me a melhor. Ao sair de casa já tinha decidido que ia trazer o livro que estivesse na mesa, fosse qual fosse, porque de certeza traria uma mensagem subliminar.
Não posso dizer que tenha percebido a mensagem, se é que tem alguma, mas também não dei o tempo por perdido. Além disso, acho que foi por causa dele que acabei a ouvir um podcast, que é uma coisa muito pouco habitual, e a certa altura, lembrei-me de quando era pequena e ia para a cama mais cedo imaginar a minha casa. Não sei quanto tempo durou esta incursão pela minha casa imaginária, mas todos os dias eu revia-a detalhadamente e transformava-a. Também não sei se alguma das minhas casas reais se pareceram com a(s) da minha imaginação, mas parece-me que todas cumpriram o propósito que me levava a querer ir dormir mais cedo para sonhar: não ter ninguém a dizer-me como manter o meu espaço. Seria já uma manifestação de independência? É pouco provável, era muito pequena, ainda. Enfim, se calhar era mais uma brincadeira habitual de crianças, mas agora fiquei a pensar nisso e nas mais de dez casas em que vivi.
Às tantas não é assim tão descabido ler livros de auto-ajuda (não são todos?).
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