O tio Abel começou a podar a sebe de buganvílias. Acho que lá para Junho deve terminar. Não por causa do tamanho da sebe, que até é grande, mas porque vai podando aos bocadinhos, uns dez minutos por dia. Depois senta-se a olhar para o infinito. Aprecio-lhe sobremaneira esta forma de passar os dias. Há quem precise de fazer workshops e retiros para conseguir fazer isso, note-se. E, afinal, é muito simples: Um salário para os bens essenciais, um sítio para esticar o corpo durante a noite e tempo livre.
Pelo menos é o que parece visto de dentro da casa com cinco divisões mais a sala e a cozinha. E um closet. Não sei se o tio Abel consideraria um closet um bem essencial.
Parece-me tudo excessivo na nova casa, menos o jardim. Não me importo nada de ter um jardim grande e frondoso, porque os jardins têm mosquitos (e muita fauna em geral) que, juntamente com o calor, são grandes aliados do anti-burguesismo.
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