Aos poucos a vida acontece
28.9.15
Já passou um mês desde a nossa chegada e não posso dizer que saiba muito sobre Dili. Para já sei que as melancias são do tamanho das toranjas e que debaixo dos braços do Cristo Rei existem ninhos de pássaros. Muitos ninhos mesmo.
Sei que há famílias timorenses que comem carne de cão e outras não. E que quando alguém morre os familiares levam comida (tipo uma vaca, um porco, uma galinha e por aí fora, conforme as possibilidades) e "festejam" ao longo de vários dias. É comum, por isso, os timorenses pedirem adiantamentos do salário para os funerais. A Ana já nos pediu o primeiro adiantamento e foi quase metade do que ganha para o funeral do tio do marido. Espero que não lhes morra muita gente nos próximos tempos.
Os miúdos da escola do outro lado da rua metem conversa comigo em inglês, perguntam-me com uma pronúncia perfeita: "What's your name?" Eu digo-lhes o meu nome e pergunto-lhes se sabem português (a língua oficial do país deles, juntamente com o tétum), dizem que não.
Em Timor não há vinho, o que existe é importado, mas há uma bebida alcoólica feita a partir da folha de palmeira, ou do milho, que é absolutamente intragável. Eu não consegui provar, porque só o cheiro ia-me matando.
Descobri que há várias formas de fazer ai-manas, um molho picante que deve ser provado com batata doce. E que há sempre um camada fina de pó (bem, a espessura depende do número de vezes que é limpo) em tudo.
Apesar de Dili ser uma cidade pequena é difícil andar a pé, por causa do calor e do pó. Estou a pensar comprar uma bicicleta, apesar de temer pela minha vida no meio deste trânsito caótico.
Gosto muito da Escola Portuguesa e os miúdos começam a gostar também. O Isaac, que faz seis anos amanhã, está a aprender a ler pelo método das 28 palavras.
Gostava de saber mais sobre os timorenses que vivem à nossa volta, mas os expatriados despertam-me a mesma curiosidade. Pelo menos com estes últimos posso conversar.
Deve haver poucos países onde uma pessoa vá ter com o Presidente da República, a meio de um jantar, para o apresentar aos nossos filhos, depois de estes terem demonstrado um interesse desmesurado por Matan Ruak. E deve haver ainda menos países em que um Presidente da República se mostre verdadeiramente entusiasmado por cumprimentar duas pequenas criaturas.
E depois, há sempre mais uma praia paradisíaca para descobrir.
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Olá!
ResponderEliminarCheguei aqui hoje, e gostei muito do blog (carreguei umas quantas vezes num link em baixo que diz "mensagens antigas")...
Mas que grande aventura que se meteram!
Já adicionei o endereço ao feedly para continuar a acompanhar a vossa aventura!
Que tudo corra pelo melhor!