Na hora do adeus

17.7.15
Aconteceu o que tanto temia. Entraram na camioneta que os leva à praia, um hesitante e o outro decidido, e sentaram-se em lugares opostos. Um de cada lado, portanto.
Ou seja, aquele ritual de dizer adeus, já de si bastante stressante, com todos os pais a procurarem os filhos numa ansiedade inexplicável, tornou-se mais angustiante e ridículo comigo a ter de atravessar a rua para dizer adeus, ora a um, ora a outro e a ver na cara de cada um deles o alívio ao perceberem que afinal não tinha fugido.
É claro que na hora de arrancar teria de decidir de que lado ia ficar para o último adeus. Teria de escolher um filho. Nem sei como consegui manter-me tão calma. É claro que isto não está ao nível d' A Escolha de Sofia, mas não deixa de ser um drama.
Escolhi o Nicolau, porque tem andado mais inseguro, sempre agarrado às minhas pernas, e fiquei ali a acenar (para ele e para as pessoas do autocarro que naquele momento se meteu à nossa frente) com o coração partido.
A camioneta foi-se embora e eu queria desatar a correr atrás para ir dizer adeus ao Isaac, para ele saber que não o abandonei, que não o preteri. Mas, na verdade, foi exactamente isso que fiz.
Contive-me e depois fui-lhe comprar a revista do Jake e os Piratas da Terra do Nunca, que traz uma pistola de água (Jaime, não te zangues).
Ainda bem que em Timor não há camionetas.

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