Os mortos não têm inimigos

25.8.14


O Filipe esteve em Timor-Leste em 2005, quando fez a Volta ao Mundo, e explica muito bem o que significa visitar o cemitério de Santa Cruz.
Desde então, as coisas mudaram e são cada vez menos os que se lembram do massacre, aliás, não há qualquer referência no cemitério ao acontecido.
No entanto, apercebo-me que por coincidência dá-se o caso de, tal como há nove anos, o presidente indonésio estar em Timor neste momento e de se verificarem os tais retoques de embelezamento em alguns locais.
Era o que estava a acontecer no cemitério muçulmano, que fica ao lado do católico. Obviamente, não pudemos deixar de o visitar também e ficar fascinados com as diferenças. Dois cemitérios distintos, de credos diferentes. Ali, lado a lado. Os mortos não têm inimigos.
Mas Santa Cruz não foi o primeiro cemitério que visitei em Timor e de todos eles trouxe a sensação de que as crianças ocupam um lugar muito importante nesta sociedade. Eu não tenho números sobre a média de filhos por família, ou da mortalidade infantil, mas estou em crer que ambos são bastante altos. Isso explicará a razão de tantas campas com recém-nascidos, mas este culto por um filho que não chegou a viver é pouco comum nos países pobres.

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