Feliz por um dia

7.3.14
No dia 5 de Abril de 1988 comi arroz de lampreia pela primeira e última vez. Lembro-me disto, com estes detalhes, porque fazia 15 anos nesse dia.
Ainda não tinham passado dois anos desde a morte do meu pai e acho que nessa altura estávamos a recomeçar a viver. A minha mãe e os meus tios escolheram o dia dos meus anos para sair de casa, festejar a vida.
Fomos almoçar a um restaurante em Apúlia. Não me lembro nem do sabor, nem da consistência do arroz de lampreia, mas sei que não gostei. Lembro-me do sol e dos grãos de areia que rodam constantemente no ar, à volta dos moinhos de vento, que vivem estáticos de frente para ao mar. Lembro-me de me sentir feliz nesse dia. Muito feliz. Até o meu tio ter o acidente.
Não foi grave, ninguém ficou ferido, mas lá regressamos a casa com a culpa de quem tinha tido o atrevimento de achar que podia ser feliz. Feliz um dia inteiro.

4 comentários:

  1. Não é que se deva apagar o resto, mas sabemos hoje que, científica ou poeticamente (e para mim vai dar no mesmo), a memória pode ser mesmo muito selectiva, o que é maravilhoso:

    " Lembro-me do sol e dos grãos de areia que rodam constantemente no ar, à volta dos moinhos de vento, que vivem estáticos de frente para ao mar."

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  2. Acho que já li TODOS os posts deste blogue e posso dizer que estou viciada. :) Continua, por favor, e não demores muito. ;)

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  3. Tu és linda, pá! e acho Mesmo que devias atrever-te mais!

    Entretanto na minha terra estamos em pleno festival da Lampreia, sim?!!! :)

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  4. Lampreia também não é comigo (o bicho em si é assustador...). Apúlia e os seus moinhos conheço muito bem. :)

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