Conversas mudas

12.7.12
Já falei muitas vezes dos acordares e de como tudo parece pior de manhã, mas é claro que ao fim do dia, desgastada e cansada como estou, parece tudo ainda mais horrível. Logo, os meus dias, ou grande parte deles, resumem-se a uns quantos frames dantescos.
A grande diferença é que ao fim do dia tenho uma enorme necessidade de verbalizar o que sinto, para mal dos pecados de toda a gente, enquanto  que de manhã sou incapaz de falar, o que não quer dizer que não olhe para o Jaime com a cara de "sim, já sei que te levantaste às seis da manhã, para entreter os rapazes até à hora em que tens mesmo de ir tomar banho, mas daqui a nada vais trabalhar, tomar café em frente à praia, conversar com pessoas, fazer uma pausa para almoço, programar a tua viagem a Timor e eu, eu VOU FICAR EM CASA". Ele olha para mim com a cara de "sabes que eu dava tudo para estar no teu lugar" e eu encolho os ombros, porque ambos sabemos que ele era gajo para fazer o que eu faço sem problemas e, muito provavelmente, com mais prazer, enquanto eu dificilmente faria o que ele faz, não pela falta de competências técnicas, que essas adquirem-se e eu tenho fama de aprender depressa, mas porque já teria mandado, há muito tempo, umas quantas pessoas lá do emprego pró caralho. Por isso, é como se costuma dizer, cada qual tem aquilo que merece.

10 comentários:

  1. Pois acho que acertaste. Umas pitadas de ressentimento, mudo ou não, são uma espécie de pimenta amarga de qualquer vida conjugal que se preze; não há como escapar-lhe. E quando não é por uma razão, é por outra...

    ResponderEliminar
  2. been there. tanto, tanto q até doi recordar esses tempos, de tão maus q foram.

    depois, um dia, tive uma oportunidade q agarrarei com tanta força, q me fez (faz) tão bem, q na maior parte dos dias parece q esses tempos nem existiram. a sério.

    Carla

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tens de me falar dessa oportunidade. Apareceu-te? Encontraste-a? Como foi?

      Eliminar
  3. pelo rigor: Esse tal Jaime não bebe cafés em frente à praia! Bebe cafés no bar da INATEL entre velhinhos ou num 12m2, na companhia de mais 3 pessoas, saido de uma KRUPS com mais de 10 anos.

    ResponderEliminar
  4. :D Ok, pronto, bebe café a 100m da praia está bem?

    ResponderEliminar
  5. é isso que me falta "tin.tins" para mandar, lá no meu trabalho, umas quantas pessoas, só duas ou três, para a p.q.a.p.

    ResponderEliminar
  6. Não queiras saber. Desisti do tudo (tinha 3 trabalhos aos 9 meses de gravidez).

    Depois, meses, anos a tentar voltar ao mercado de trabalho e ... nada!!

    Cedi. Vendi até a alma um bocadinho ao diabo (aceitei um lugar q tinha tudo para ser para mim mas q chegou por contactos conhecidos). Já não aguentava mais estar em casa.

    Acredito q passados 4 anos ninguém tem dúvidas q o lugar me assenta na perfeição e q foi uma win win situation. Mas ainda assim tenho o orgulho ferido pq foi o único emprego q eu não consegui sozinha.

    Foi como se antes das filhas eu tivesse o mundo inteiro de possíbilidades, e depois das filhas o mundo tivesse fechado para mim. A creise do país não sei mas a minha crise começou em 2005...

    Carla

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Começo a achar que a "culpa" é o do nome Carla... :)

      Eliminar
  7. Espero que nunca tenhas tido vontade de mandar-me ao caralho quando trabalhavas comigo, embora, provavelmente, eu tenha sido a única pessoa a quem poderias ter mandado ao caralho e termos ficado amigas na mesma. Mesmo sendo eu, como diz a Inês, susceptível.
    Eu tenho o pressentimento que um dia, mais ano menos ano, vais trabalhar comigo outra vez, faz-me perguntas.

    ResponderEliminar
  8. Espero que ele goste de timor :) Um país pobre em dinheiro mas muito rico em espirito.. :D

    ResponderEliminar