Direitos adquiridos

27.10.11
Eu gosto de livros, ou melhor, eu gosto de ler livros, não preciso de os ter. Durante muitos anos só lia livros emprestados por amigos e bibliotecas.
Não sei se lhe posso chamar vício, mas é um facto que leio como quem fuma cigarros. Acontece-me parar o que estou a fazer para ler uma página, que às vezes fica a meio, como quando temos de apagar o cigarro para entrar no autocarro. Ou, a meio de uma brincadeira com o Isaac, enquanto ele se distrai com alguma coisa, cravo um livro qualquer à estante e começo a ler até ele voltar a exigir a minha atenção.
Curiosamente, ou não, apesar desta minha dependência nunca tinha ido a uma apresentação de um livro até hoje (ontem, já passa da meia-noite).
E o que posso dizer é ainda bem que fui. Ainda bem que fui apesar do insucesso a tirar leite das mamas, apesar do temporal, apesar do trânsito...
É que fiquei de boca aberta com a apresentação que a Hélia Correia fez do Uma Mentira Mil Vezes Repetida (depois do momento constrangedor, apenas para mim, de estar à procura do bloco e da caneta para tirar notas, porque, por momentos, pensei que estava em trabalho) e emocionei-me com o discurso do Marmelo.
Para explicar o milagre de se ter tornado no escritor que é hoje, e depois de falar nos lápis do avô (um senhor pequeno, careca e alentejano de Castelo de Vide, que só sabia escrever o nome dele), disse que isso só foi possível graças ao ensino público. E lembrou que poder ir à escola até aos 18 anos deve ser um direito de todos.

2 comentários:

  1. Obrigado, Calita. Eu acho que me emocionei demais naquele momento. Mas são coisas que não se controlam. Bj

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