Vamos jogar um jogo?

8.9.11
Um dia, que parecia mais um dia como outro qualquer, aconteceu aquela coisa da borboleta bater as asas na China e chegar cá um furacão, que é como quem diz, um dia a vossa vida (sim, a vossa queridos leitores) mudou completamente. Nesse dia, o tal que parecia igual aos outros, deram-vos (assim de mão beijada) a oportunidade de fazer o que sempre quiseram: Deixar o trabalho e dedicarem-se de corpo e alma, durante todos os segundinhos da vossa vida, à criação dos vossos ricos filhos. Como sei que aceitavam logo sem pestanejar, porque é sonho de muitas mães e de alguns pais, o que eu gostava era que me apontassem a coisa que mais gostam de fazer em casa, nessa nova e gratificante vida.
Agradecida.

P.S este jogo não tem nenhuma outra finalidade que não seja eu sentir-me melhor comigo própria.


13 comentários:

  1. Isso é que era!
    Então nessa nova vida vejo-me, primeiro, a organizar as minhas ideias, porque acredito que me ia perder, então selecionaria o que faz ou não sentido. Nestas de certeza que incluiria crafts, atividades com os pequeninos feitas por mim, pensadas para nós, muito ar livre, criar coisas para eles a que o "mundo normal" não lhes dá acesso e também me envolveria numa iniciativa local (p. ex.: associação de pais, projeto de voluntariado).
    Por último digo-te que sei que embora esse fosse o meu sonho, provavelmente ia sentir-me muitas vezes perdida e a achar que estava a deixar o tempo passar sem fazer aquilo que achava que podia fazer. Por isso, sobretudo, saboreia essa realidade!

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  2. Calita, não sei se te faria sentir melhor a minha opinião. Também estive dois anos praticamente em casa e virei uma control freak e uma cleaning freak. E não se pode dizer que fosse a melhor das mães por estar em casa. Mas uma coisa te posso dizer: quando algo muda e outra borboleta maluca dá às asas e olhas para trás, tudo parece ter estado no sítio certo. Uma pausa a caminho de... Portanto, aproveita os chiliques, os tédios, os amores, as dúvidas, aproveita tudo. Porque não vai ser assim para sempre nem ninguém te garante que será assim por muito tempo. Avança lá com os teus trabalhos e os teus bonequinhos e só por aí já vai entrar ar... e de preferência, dinheiro também. Se só disse merda, podes puxar-me uma orelha. :D

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  3. :)
    Parece que agora voltou a estar na moda a mulher querer ficar em casa, dedicar-se à costura (crafts), à casa, à horta e aos filhos. Acredito que seja gratificante para algumas mulheres. Como para mim não é suficiente, não te consigo ajudar muito. Ainda assim, o meu parco conselho é que aproveites aquilo que tens. Os teus trabalhos revelam talento, por isso podes começar por aí.

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  4. agora olhei lá pra trás, para o tempo em que elas deambulavam por aqui por casa e até me deprimi. mas não me senti tão em baixo, na altura... :)

    gostava de te dizer que nunca li tanto como nessa época, ou que nunca fiz tantas experiências culinárias, ou tantas sestas, mas não digo porque não é verdade.

    eu tb andava a deambular por casa com elas. pouco lhes organizava/planeava actividades.

    mas fui esfregando na cara de quem podia que estava sempre nos supermercados às horas a que ninguém pode lá estar, nunca apanhava filas de nada em lado nenhum, marcam-se consultas em horários normais e não pós-laborais (nocturnas ou madrugadoras), o despertador tocava baixinho (só para ele) e acordávamos quando apetecia. e fazíamos a sesta. para mim, o melhor de tudo há de ser sempre a total liberdade de horários, não para se fazer coisas "especiais" ou "originais", mas o que toda a gente faz quotidianamente - sejam as lides, sejam as brincadeiras, sejam os banhos, eu sei lá.

    no fundo it's all about them. e depois vamos encaixando, devagarinho, coisas só nossas. raramente o consegui fazer estando com elas presentes (ainda hoje em dia, nas férias escolares fico semi-bloqueada), mas que é possível, é.

    (já encontraste algum jardim de infância que aceite meninos a "meio-tempo"?)

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  5. Não, pal, mas também não procurei muito. Vou ver como correm as coisas mais lá para a frente, com o Nicolau maior e em caso de necessidade chamo uma babysitter.

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  6. 1. vê-los crescer e fazer belos diários, com muitas fotografias;
    2. experimentar receitas novas, em vez de cozinhar algo que use apenas um tacho e fique pronto em 15 minutos;
    3. organizar armários, frascos, papeis, novelos, gavetas... - adoraria ter tempo para poder ser OCD e catalogar tudo de forma bonitinha;
    4. deixar de assassinar plantas;
    5. tricotar e tal;
    6. ter um blogue, mais ou menos daqueles "sobre a vida doméstica, com receitas caseiras, as gracinhas dos filhos e os lavores da mãe"

    :>

    eu por acaso não partilho o sonho de dedicar todos os segundos da vida a cuidar dos filhos e não creio ser, por isso, uma mãe chunga. gostava de ter mais tempo, seguramente. mas também preciso dos outros "eus".
    e não compreendo, Calita, a lógica que prevê que "as mãe que ficam em casa são as melhores mães do mundo e andam sempre felizes". acho um bocadinho freak.

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  7. pj, era exactamente aí que eu queria chegar. Eu tinha mais tempo (ou energia) para fazer o que dizes quando trabalhava e tinha a Beatriz na creche do que agora. Há muita essa ideia de que estar em casa com os filhos significa ter tempo para fazer o que gostamos. Se eles estiverem na escola, claro que sim, de outra forma parece-me impossível.

    E, obviamente, não és uma mãe chunga. Eu pensei que as chungas éramos nós, as que ficam em casa e põe em causa as ainda recentes conquistas da mulher.

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  8. Depende do que entendes por ficar em casa com os filhos. Se eu ficassem, sem empregada e sem a pôr no infantário, tenho a certeza que pouco mais faria além de limpar a casa, cozinhar, tratar de roupa e demais lida doméstica. Não me parece que fosse ficar mais crafty ou organizada ou que fizesse da domesticidade uma bela arte, como algumas pessoas. Ia ficar amargurada, assoberbada de trabalho que não gosto e um pouco desgrenhada, sem dúvida. Não me ia apetecer brincar com a minha filha toda sorridente se a tivesse pendurada nas pernas todo o tempo, nem ela ia gostar disso. Teria sempre que a mandar três horas por dia para o infantário, que é que acontece agora e todos ficamos melhor desde que ela lá anda. Ela ganhou uma vida própria e adora. E quando estou de folga nos dias de semana, ela fica comigo todo o dia e fazemos muitas coisas juntas.
    Trabalhar como free lancer ou em part time, seria, isso sim, o regime ideal para mim. Gostava era de ter mais tempo para passar com as pessoas que estimo.O que eu acho é que devias pôr o teu menino do meio no infantário a meio tempo e não procurar meios de aliviar o que tu sentes sobre a tua condição. Não há nada que alivie isso do que tirar algum peso dos teus ombros. E convence-te que o menino do meio vai preferir passar as manhãs com outros meninos do que com uma mãe exausta e um irmão bebé. Convence-te é uma forma de dizer, quem sou eu... Tu estás farta de saber isso.

    Dora

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  9. Trabalhar como trabalhamos não é uma conquista nenhuma. É uma merda duma conquista. Conseguir ter trabalhos que não olhem as grávidas, as mães em licença de maternidade e as mães que querem sair a horas de lado é que era uma conquista. O resto, trabalhar muitas horas e ainda tratar da casa, é apenas a forma moderna de escravidão feminina.

    Dora

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  10. as que ficam em casa não são nada chungas, Calita ;) é uma opção e a todo o instante é possível mudar de ideias. ou aguardar que termine a cena da amamentação. ou encontrar um sítio a meio tempo. ou de vez em quando chamar uma babysitter. em 2 anos, trocar fraldas x 2 é bastante hercúleo, rapariga!

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  11. pois eu acho que o mundo do trabalho hoje em dia é cada vez mais agressivo, exigente (pela quantidade de horas que temos que bulir e não pela qualidade do nosso trabalho), é um verdadeiro "salve-se quem puder" ... Eu preferiria estar muito mais tempo com os meus filhos, dentro de um ambiente onde tenho a certeza que sou mesmo querida. O ideal seria mesmo poder trabalhar-se no máximo 6 horas por dia para uma mãe ou um pai que queira estar mais presente em casa...filipa

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  12. A mãe que capotou11 setembro, 2011 22:24

    Agora de repente se estivesse outra vez em 2009 faria mais festas com mais balões e guirlandas e mais chocolate, mais musica, teria mais mascaras, às vezes convidava mais crianças, teria ainda menos regras, a minha casa seria ainda mais desarrumada e leria Walt Whitman alto com os cabelos desalinhados.

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  13. Concordo com a dora. Ficar em casa não é nenhum desrespeito pelas conquistas femininas. Acumular trabalho fora de casa e lides domesticas/maternas como se esse fosse o sonho de todas nós é que é. Eu até chego a casa as 18h, mas não páro até à hora de o miudo se ir deitar. Faço o jantar, arrumo roupa, dou lhe banho, jantamos, arrumo a cozinha, ponho roupa a lavar. Faço o que faria uma empregada, se ganhasse o suficiente para lhe pagar. Às vezes tambem brinco ou pinto com ele, mas na maior parte dos dias preferia era estar quieta no meu canto. Trabalhar fora de casa tambem nao é ser a melhor mae do mundo e ter toda a disposiçao do mundo para estar com eles. Estar com eles o dia todo é lixado, para mim sempre foi e continua a ser, sobretudo porque os meus fins de semana sao iguais as minhas semana (o pai trabalha). Mas trabalhar fora não é o paraiso. Qual seria a minha atividade preferida se ficasse em casa? Bom, não faço ideia, acho que ainda estou longe de ter outra vez vida própria (a atividade que prefiro, atualmente, é mesmo a sesta; mesmo que não durma, sei que ninguem me chateia - queres mais deprimente do que isto?)

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