À procura de um caminho

20.6.11
O atletismo foi o único desporto que pratiquei em criança. A minha mãe achava mal porque podia "abafar" (sofria de asma), mas não se opôs. Acho que o permitiu, porque de todas as coisas que lhe pedi (ballet e piano são as que me lembro) esta era a única que não implicava gastos financeiros. Seja como for, eu gostava de correr. Ainda hoje gosto, apesar do empecilho das mamas ali aos saltos, e como tal estou determinada a retomar a actividade mal possa, ou seja, mal ganhe coragem e determinação para isso.
Foi por essa razão, ou melhor, foi porque me enervei (o que, no meu caso, pode facilmente ser confundido com determinação), que decidi ir fazer um reconhecimento da zona para escolher um circuito. Vesti as minhas calças de treino cinzentas e a t-shirt xxl com a publicidade da Eristoff  ("reality is an illusion caused by lack of vodka"), calcei as sapatilhas pretas e lá fui com passo acelerado. Desci a rua, atravessei a Avenida 24 de Julho e percebi que para ficar lado a lado com o Tejo tinha de seguir em direcção à Ponte 25 de Abril. Andei, dei umas corridas, arfei, suei e cheguei às docas de Alcântara. Quando vi que o único caminho para atingir o circuito mais aprazível era atravessar as esplanadas estaquei. Não fui capaz.
Costuma acontecer-me o mesmo em certas lojas, olho lá para dentro e não sou capaz de entrar. Fico com medo, não sei bem de quê, só sei que sou atacada por uma sensação de insegurança brutal.
A ver se da próxima vez atravesso aquilo, com as mamas ao despique com a barriga, de óculos escuros e ipod, qual tia roliça.

1 comentário:

  1. só o facto de saíres de casa para uma actividade completamente individual, como a de correr, para mim já é um grande feito. eu sou incapaz, de correr, diga-se...
    as esplanadas? nem sei como reparas nelas quando estás a ouvir a música que te apetece e a apanhar vento na cara:D

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