Deixar de ser o que fomos

27.2.20
Acordei a pensar que tinha de começar a praticar exercício, que as caminhadas mais ou menos assíduas não são suficientes, que já chega de não conseguir enfiar-me em roupa que me ficava larga e tal e tal. Depois do café e croissant com queijo fui pesquisar ginásios na Póvoa, só de olhar para as imagens e nomes das modalidades comecei a achar que o circuito do Parque da Cidade é espectacular e que se calhar podia direccionar a minha força de vontade para aí. Não demorou muito a decidir que tinha era de intensificar as caminhadas e comprar roupa.
Entretanto é meio-dia e noto que ocupei a minha manhã com esta preocupação. Fui tratando de assuntos que tinha a tratar, claro, mas o tema 'ficar em forma' ficou a rebolar na cabeça e com ele todos os outros pendentes - tratar não sei o quê nas finanças, pagar umas contas, as fotos (e os conteúdos) que faltam no site, as mensagens e emails que devia ver respondidos e por aí fora. É por isso que as pessoas passam a vida ocupadas sem fazerem nada de útil. 
Ainda me levantei do computador para dançar não sei que música do spotify, ou da radar, mas trouxe um vestido transformado em camisa que está apertado nos braços e eu danço muito com os braços e como nem o Nicolau, que está de férias esta semana, se mexeu a não ser para me mirar de cima a baixo com um certo desprezo, desisti. 
É a desistirmos de coisas assim, aparentemente pequenas, que vamos desaparecendo. De desistência em desistência deixamos de ser o que fomos, o que somos. E, em alguns casos, é uma pena.

A foto é do Paulo Ricca, de 2006 (acho)

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