45

5.4.18
A ironia de ter vindo parar à minha cidade de origem aos 45 anos, quando nunca quis viver aqui, deve ter um significado qualquer, provavelmente relacionado com a falta de ar, que voltou, e o medo de ceder ao establishment. Mas talvez tenha estado enganada este tempo todo a achar que não fazia parte dele, daí a falta de ar.
Seja como for cheguei a uma idade que me põe a pensar como cheguei aqui e é estranho, porque olho para a miúda que tinha medo de anjos aos 8 anos, para a que achou que seria freira aos 12, a que viu a vida desmoronar-se aos 13, quando o pai morreu, a que se enojou com a sensação de uma pila na mão aos 16, a que julgou morrer de amor até aos 20, a que se apaixonou aos 23, a que foi mãe aos 28, a que descobriu os prazeres do sexo depois dos 30, a que encontrou o amor de uma vida e reconciliou-se com a maternidade depois dos 35, a que foi para Timor-Leste aos 42 e não tenho a certeza de ter sido sempre a mesma pessoa que está aqui agora. 
É claro que isto para ser um post como manda a lei das redes sociais punha aqui uma foto do meu dia de anos, mas às vezes não há como evitar ser uma fora da lei.

3 comentários:

  1. parabéns, maravilhosa!
    és uma gaja fora de série = fora da lei :)

    um enorme abraço, calita, gente boa!

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  2. Um post retumbante destes não precisa de imagem nenhuma, às tantas até estragava. Parabéns!

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