Da inutilidade

6.2.18
O meu computador chegou de Timor. Veio numa caixa de cartão sem a bateria e faço esta referência porque emocionei-me a desembrulhá-lo. Assim desmembrado, no meio de cartões e esferovite, era o retrato de um velho companheiro que passou certos tormentos para aqui chegar. Quase lhe perguntei: Então, meu velho, como está Timor? Já sabemos que uma coisa não é como uma pessoa que acorda num sítio e no dia seguinte acorda noutro sem que o corpo perceba como foi ali parar, mas pareceu-me cansado e feliz por me ver. Afinal, passámos muitas horas juntos, guardou uma infinidade de ideias e desabafos. Assistiu, talvez, a mais desesperos do que qualquer pessoa.

Chegou e a desculpa completamente esfarrapada que tinha arranjado para deixar o blog em suspenso deixou de existir.
Liguei-o e no meio das várias fotos espalhadas pelo ambiente de trabalho estava o diagrama do Ikigai que está ali em cima (ainda sem as minhas intervenções). Foi pouco antes de regressar a Portugal que li sobre este conceito japonês e quando olhei para o diagrama, e para tudo o que deixei no ambiente de trabalho, lembrei-me que quando desliguei o computador não fazia ideia que não ia regressar a Timor.

Sabia que a nossa vida nos trópicos tinha data de validade mas esta decisão foi tomada no seguimento de acontecimentos inesperados que foram surgindo quase em catadupa. E agora é começar tudo outra vez.
Um dia pode ser que descubra qual o meu Ikigai, para já sei que sou boa nesta coisa de mudar de vida.

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