Realidade e ficção

22.6.17

Foto daqui

Estava a virar a esquina para entrar na minha rua e um miúdo, mesmo à minha frente, abre as asas do morcego que tem nas mãos e guincha. Dei um pulo, assustada. Ele riu-se. "Pobre morcego", pensei. Talvez estivesse morto.
Tenho andado rodeada de morte. Das personagens: a Marta Téllez, do Javier Marías; das pessoas que morreram no incêndio; das pessoas que são também personagens: o João Jorge, do Bruno Viera Amaral; da minha lista de "Formas de morrer que não lembram a ninguém", retiradas das notícias.
Acordo todos os dias entre as 4h00 e as 5h00, assustada e volto a adormecer. Li qualquer coisa sobre isso querer dizer que um poder superior está a tentar comunicar comigo. Mas devo ser eu a querer comunicar, como a Hilda Hilst - Calita pedindo contacto.
No meio deste torpor, causado pelo calor e pelo anti-histamínico, misturo a realidade e a ficção. São difíceis de distinguir de qualquer das formas.

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