Sítio mágico

30.6.15
Os meus vizinhos das sonatas de Mozart (acho eu) deram uma festa de aniversário no maravilhoso quintal deles. Estava na cozinha a ouvir a banda sonora da festa, que incluía o "Anel de Rubi", do Rui Veloso, e senti-me tentada a abrir a janela para espreitar, mais uma vez, as traseiras da minha casa.
Estas são as melhores vistas que alguma vez tive, e já vivi numa casa com vista para o Tejo.
Não se via nada para o quintal dos vizinhos, claro, mas via-se uma lua que não era quarto crescente, nem meia lua, nem cheia e que parecia mesmo a cara de uma pessoa que nasceu com lábio leporino. Era igual à cara da prostituta  que costuma estar em frente à sapataria e que me faz lembrar a miúda (linda de morrer) que frequentava o 207, no Porto.
Também se viam coisas estranhas no céu, tipo um balão de S. João a passar mesmo à frente dos meus olhos, e luzes que pareciam estrelas, ou vice-versa, mas sobre isso nem vale a pena falar que eu tenho fama de ver coisas que não existem.
Mas o casal na janela iluminada não foi uma visão. Estavam os dois na cozinha, ele em tronco nu, ela em t.shirt e cuecas. Parecia que havia qualquer coisa de sensual sempre que se cruzavam a arrumar coisas no armários, mas deve ter sido impressão. A certa altura acho que discutiram, depois sentaram-se e ela bebeu uma cerveja.
A cidade, às vezes, parece-me um sítio mágico.

P.S Como devem ter reparado o blog está diferente, a Sílvia pôs isto assim bem mais bonito e a funcionar como deve ser, mas infelizmente perderam-se os últimos comentários. As minhas desculpas.

2 comentários:

  1. Isto é um bocadinho pateta mas já estou a ficar com saudades tuas. Como se o facto de nos vermos uma vez por ano fizesse uma grande diferença em termos de distância geográfica. Olha, manda-me um postal sff.

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  2. Eu cresci em Lisboa, e dormia no beliche de cima, ao lado da janela. Lembro-me de ficar a olhar para as casas do outro lado da rua, como um filme que tentava decifrar. Lembro-me de pensar porque havia tantos candeeiros em casa do cego...
    Mais tarde vivi num prédio com um jardim mágico e uma pianista fantástica, perto do Principe Real. As saudades que tenho desse jardim musical. Na minha memória também há estrelas que parecem luzes ou vice-versa...

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