Ando, aos poucos, a despedir-me de Lisboa. Acho que há sete anos não me despedi assim do Porto, porque com o Porto foi sempre um até já.
É verdade que aqui nunca me senti verdadeiramente em casa, mas de alguma forma Lisboa também é minha. Sinto-a, já, incrustada na pele.
Vou ter saudades desta cidade. Sei disso sempre que subo ao Miradouro da Senhora do Monte, sempre que ouço as sonatas de Mozart que os meus vizinhos tocam, sempre que vou a um restaurante paquistanês que me deixa beber cerveja da loja do lado, sempre que compro fruta portuguesa numa frutaria chinesa, sempre que tenho de fechar os olhos por causa da luz do sol na calçada, sempre que passo na fábrica do gelado, sempre que ouço música num dos jardins, sempre que passo a mão no tronco rugoso da oliveira, junto à Casa dos Bicos...
Ando a despedir-me aos poucos e, de repente, essa parece-me uma forma de vida como outra qualquer.
Muito bonito.
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