Honra e lucro

11.5.15
O que procuras, quais são os teus sonhos? Li esta pergunta num comentário do blog da Carla (ainda fará sentido chamar-lhe a "mãe que capotou"?) e fiquei desconcertada. Tantas coisas que se podem perguntar a alguém que anda a viajar pelo mundo com a família e vão logo perguntar pelos sonhos. Eu, por exemplo, quero saber como é que tem sido viver 24 horas por dia com os filhos e o pai deles; quando é que sentiu medo; quando é que lhe pareceu que, talvez, estivesse melhor em casa; que parte do mundo a deixou mais maravilhada; que coisas/sítios tinha dispensado nesta aventura; se gostava de viver assim para sempre; quantas vezes se apaixonou e quantas se desiludiu; como fez com a depilação; se cagou para as fichas da escola das crianças; se se embebedou a sério alguma vez; se faz planos para o futuro; o que encontrou que nunca imaginou que pudesse encontrar e por aí fora.
Depois, achei que fazia sentido - as pessoas que viajam andam à procura de alguma coisa e, eventualmente, a perseguir os sonhos. E depois fiz-me essas mesmas perguntas.
O que procuro eu, afinal? Eu acho que procuro o mesmo que toda a gente, bem-estar, que é uma coisa que não tenho conseguido encontrar entre as duas realidade que o Paulo Querido retrata: Por um lado fui educada para ser honrada e sacrificar-me pela família; Por outro, vivo numa sociedade onde o que interessa é gerar lucros para o sistema financeiro.
Por isso, é normal que se entenda que trabalhar, "como já nem os animais irracionais trabalham, para gerar lucros", que nunca serão nossos, nem dos nossos filhos, seja o sacrifício que todos os pais precisam de fazer.

3 comentários:

  1. Ahahah bravo ! Também não percebi a pergunta e também tenho um par de mãos cheia s delas, algumas iguais as tuas.... Quanto ao resto, sei o que procuro' o pior é que não encontro o caminho certo, ou então só tenho medo de ir para aquele que implica fugir ao que dizes. ;-)
    Beijo s

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  2. Curioso: eu vou deixando a vida acontecer. E a dos outros também: não tenho uma única pergunta para fazer à Carla (fiquei muito impressionada com essa tua lista!), mas estou ansiosa pelo seu regresso e pelo que ela vai contar na próxima vez que tiver a sorte de estar com ela. Não venho dizer que é melhor assim - mas é a única maneira que tenho. Não sei o que quero nem me preocupo com isso, e depois olho para trás e vejo que fiz um belo caminho. Já inventava aqui uma nova tendência new wave: o importante não é o destino, nem o caminho. O importante é vaguear por aí de bem consigo.
    E agora, muito a sério, esta é a minha verdade: o importante é saber olhar para a vida com olhos de gratidão.

    (Ah, só mais uma coisa: ninguém me ensinou a sacrificar-me pelos filhos - desde sempre tratei de distribuir a felicidade equitativamente. Nem tudo para eles, nem tudo para mim.)

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  3. a sério que vocês me dão mesmo vontade de chorar...fazem -me sentir tão pequenina, insignificante e completamente perdida e frustrada. Já não sei se vos agradeça mais....:' |

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