Ontem fui ter com a minha mãe de 41 anos, a idade que tenho agora. Não me lembro especificamente da minha mãe com 41 anos, lembro-me apenas das circunstâncias à volta dessa idade, ela com 41, eu com 20. Percebo porque trabalhava tanto, para além da óbvia necessidade de sustentar quatro filhos sozinha. Bem, nessa altura já trabalhavam três filhos mas o dinheiro nunca chegava para nada. O trabalho, aquela demência pelo trabalho (que ela também criticava na mãe dela) era o único escape daquela mulher. A única forma de não enlouquecer.
No filme, a certa altura, o filho pergunta ao pai qual é afinal o sentido disto tudo. O pai diz que não faz a mais pequena ideia, que ninguém faz, que toda a gente vive o melhor que pode, que o que interessa é sentir as coisas.
Eu nunca perguntei à minha mãe, porque não era preciso. Ela fazia questão de nos explicar vezes sem conta que viemos ao mundo para sofrer. Que é esse o objectivo de viver: sofrer. E depois na outra vida ter a recompensa.
Quando a minha mãe tinha 41 anos acho que a odiava um bocado menos.
És uma pessoa que padece de excesso de lucidez. O problema é que pode ser contagioso.
ResponderEliminarDo que te odeias a ti?
ResponderEliminar___
p.s. - minha asna, com o devido respeito :)
Ah, isto de achar que se tem uma veia literária dá nisto.
EliminarEu não me odeio. Às vezes, muitas vezes, não me suporto, mas nunca me odiei, antes pelo contrário.
Eu odiava menos a minha mãe quando ela tinha 41 anos do que quando tinha 35, ou 36. Agora, que ela tem 62, já não resta um único fio de ódio.
1. Tu tens uma veia literária.
Eliminar2. Às vezes odeias-te, tem lá a santa paciência ou o que raio me/te parece/pareces.
3. acredito em ti, quando dizes que o ódio a ela não existe mais.
4. minha asna, com o devido respeito (já tinha dito? :)