Vinha eu de mãos nos bolsos pela rua fora, a cheirar o ar como os gatos (é a única coisa que gosto mais nos gatos do que nos cães, os primeiros andam sempre com o focinho levantado e os segundos de focinho no chão), a levar com o sol na tromba e a pensar na vida, que no meu caso costuma incluir idealizações de cenários, onde apareço sempre com um cabelo decente rodeada de pessoas inteligentes e criativas a discutirem comigo os temas que estão na ordem do dia.
Curiosamente, no cenário de hoje estava num sítio específico, porque queriam contratar uma pessoa com, pelo menos, três filhos, uma vez que isso traria vantagens fiscais para a empresa. Nisto, ri-me muito com este cenário hipotético, por causa da ironia de estar a fazer exactamente aquilo que sempre quis por ser mãe de filhos, quando foi precisamente isso que me afastou de fazer aquilo que sempre quis. Bem, não foi só isso, mas adiante.
Depois, cheguei a casa e link daqui, link dali, vou parar a este texto. Ele há coisas do arco de velha!
adorei... no entanto prefiro não ser uma mulher de sucesso :p
ResponderEliminarQuando quiseres formar um clube à cause do título supra, contacta-me. Muito haverá a dizer sobre isto que escreves e eu vou mesmo mais longe: o que acontece, acontece com o conluio (cego?) social, que ainda (embora raramente admita, seja quem for o 'social') promove esta disparidade de oportunidades como se, por saírem das mulheres, os filhos devam ficar a seu cargo exclusivo até à maioridade, que é mais ou menos a época de todas as 'reformas' para a mulher.
ResponderEliminarEsta merda da menorização conjunta de mães e filhos tem mesmo que acabar, dê lá por onde der. E aproveito para usar as palavras da Ondina: nem eu quero ser uma mulher de sucesso. Caguei no sucesso desde sempre, prefiro uma vida normal.
Fiquei mais burra depois de ser mãe. Mais tolerante, paciente, criativa, resiliente, altruísta, porém mais burra. Ainda bem que não quero ser uma mulher de sucesso.
ResponderEliminarEu acho que a maternidade me puxou o lustro a muitas capacidades, fiquei mais perspicaz, sensível, organizada e focada no essencial. Mas isso não me vale de muito porque o que mais querem, no mercado de trabalho, é flexibilidade de horário e workaholismo. E isso não tenho nem nunca mais terei para dar.
ResponderEliminarSobre a mulher a quem deram cargos por ter filhos, há anos li uma história curiosa sobre ela: foi para os EUA acompanhando o marido, que tinha recebido um cargo importante numa universidade. Numa festa da universidade, um dos directores perguntou-lhe o que queria fazer nos EUA, e ela disse "tenho 4 filhos". Ele insistiu: "isso já eu sei, mas o que quer fazer nos EUA?"
ResponderEliminarPode ter sido a frase que lhe abriu os olhos.