Foi muito bom o Natal. Não me lembro da última vez que disse isto, que foi muito bom o Natal, mas a verdade é que foi. Se isso se deve ao estabilizador de humor, ou ao facto de ter sido um Natal diferente de todos os outros, é difícil de saber, mas neste momento não me interessa nada levantar esse tipo de questões.
Por isso, em vez de olhar para todas as contradições desta quadra, para uma certa nostalgia que se entranha involuntariamente, pus-me a ver as coisas a acontecerem.
Vi pedintes e a infelicidade das pessoas que trabalham em lojas no dia 23 de Dezembro, claro, pensei nos sem abrigo naquele temporal, mas também vi os meus filhos felizes. Tão felizes! Vi o meu irmão mais novo e a família dele no computador. Vi a minha mãe chocada por não haver televisão, primeiro, e depois divertir-se com o dominó, o bingo e o jogo dos nomes. Vi toda a gente comer com prazer, apesar de o bacalhau estar insonso (três dias de molho, a mudar três vezes a água) e nem faltou a discussão da praxe sobre o nascimento do filho de Deus feito homem.
Ri-me com o facto de o argumento "é festa, que se lixe" servir para os adultos enfardarem como loucos e as crianças alimentarem-se de chocolates.
Enfim, comi, bebi, dei graças por estarmos todos juntos com saúde e acordei com uma dor de cabeça insuportável.
Agora, o ano está a acabar e eu quero começar outro de forma diferente. Tenho muitas coisas maravilhosas na minha vida, mas não tenho a vida que quero. E a minha vida é para ser vivida por mim.
Bonito final, sim senhora! Sabes, outro dia o meu homem estava no zapping e parou num programa em que famosos contam episódios que mudaram a sua vida - quase todos de quase-morte. Apareceu uma actriz, não a reconheci, e ela passou por uma situação dessas, de quase-morte e disse algo que me anda a matutar desde então, ela disse basicamente que agora vê cada dia como Um dia, O dia e vive-o como quer. Não sei se me estou a explicar bem, há aquele cliché(será)? de que se deve viver cada dia como se fosse o último. É giro e tal mas não pensamos realmente nisso. Fazemos planos, vamos adiando, quem sabe até a nossa felicidade, fazemos fretes, engolimos sapos... sabemos do que falo. Ela disse algo muito parecido com a tua última frase: é a minha vida, sou eu, vou vivê-la como quero, profundamente, sem adiar. Realmente planeamos demais, adiamos, um dia, um dia será assim. temos que pensar que esse dia é hoje, que esse ano é este. E levanta-se realmente a questão: quem sou eu e o que quero viver?
ResponderEliminarÁs vezes parece que temos medo de fazer a pergunta pois não sabemos se aguentamos/queremos a responsabilidade de viver a resposta...
Posto isto: 3 dias o bacalhau de molho??? 3 mudas de água por dia??? A culpa é minha que devia ter comentado o post anterior, desculpa, sim??? :)
Ah! Eu demolho 2 dias e só mudo a água 2 vezes por dia no verão. E é esta a minha partilha tardia... :)
Péssimo final, sim senhora!
ResponderEliminarA malta enovelada em emoções e depois, sem pré-aviso, levando com uma bigorna na cabeça.
Isso do bacalhau é uma tarefa muito ingrata, o ano passado a banheira também serviu de tanque de bacalhau e no fim estava insonso, o ingrato! Fizeste-me sorrir, sou definitivamente criança, porque como não gosto dos doces típicos do Natal, enfardo bombons como se não houvesse a amanhã, mas há e a minha cara é só borbulhas! De resto é isso, a nova vida é mesmo para ser vivida por nós e eu também não ando por aí além contente com a minha... Feliz Ano Novo!
ResponderEliminarFeliz 2014 para toda a família, em especial para a Neta e a Avó panados! Um beijinho das Netas da Casa Azul:)
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