Mãe Dolorosa

6.6.13
Vi-o doente, ouvi os seus gemidos;
Sinto a memoria negra, ao recordá-lo!
A Mãe baixava os olhos doloridos
Sobre o Filho. E era a Dôr a contemplá-lo!

Depois, nesses instantes esquecidos,
Ou lhe falava ou punha-se a beijá-lo...
Mas, retomando, subito, os sentidos,
Estremecia toda em grande abalo!

Fugia de ao pé dele suffocada,
A sua escura trança desgrenhada,
Os seus olhos abertos de terror!

E então, num desespêro, a Mãe chorava,
E, por entre gemidos, só gritava:
Amôr! amôr! amôr! amôr! amôr!

Teixeira de Pascoaes, in 'Elegias'

4 comentários:

  1. Que poema extraordinário, já não me lembrava dele. E que sensibilidade a sua para falar do maior golpe do destino desta forma. Um abraço do coração. Susana Alves

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  2. é isto. sem músicas, imagens, sem mais uma palavra, sem rigorosamente mais nada. A dor.

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