Bem, talvez tenha chegado a altura de dizer publicamente: "tinhas razão, mãe". Eu sempre quis dar passos maiores do que as pernas, ou, para usar a versão que mais te divertia, peidos maiores do que o cu.
O que eu nunca pensei é que ia chegar aos 40 anos (quase, vá) a querer continuar a dar peidos maiores do que o cu, tendo em conta o tamanho que este atingiu!
Mas a cena mais engraçada é que eu nem sequer tenho aquelas ideias megalómanas de tirar um curso superior, arranjar um emprego, sustentar-me sozinha, aprender tudo sobre literatura, cinema, artes em geral e desportos radicais, e conhecer o amor da minha vida e ter um filho (isso foi aos vintes); ou fazer novos amigos, viajar, encontrar outro amor da minha vida, descobrir outras tantas coisas novas e ter mais filhos (isso foi aos trintas). Não, as coisas que eu quero agora são mais simples, bem mais simples e, no entanto, parecem quase inalcançaveis.
Por exemplo, eu queria que o Nicolau não estivesse doente há duas semanas, que não tivesse sido sujeito a exames violentos e que depois de tomar o antibiótico duas vezes (duas vezes não significa duas tomas, mas não vou estar agora aqui com explicações técnicas) não fosse prendando com mais uma febre aftosa, mas vou fazer o quê? (além de chorar, obviamente) Vou esperar que ele amanhã acorde sem aquelas postulas na boca e que esteja bem disposto o suficiente para ir para a escolinha sem que uma pessoa se sinta a pior merda à face da terra. Vou esperar que a minha filha perceba que o meu amor por ela é igual ao de sempre, mesmo estando-me eu a cagar para os dramas da Rachel, no Glee, ou para o facto de ela não ter o que vestir (sobretudo, porque a roupa dela está algures no quarto para lavar). E vou esperar que o meu menino do meio saiba que ele será sempre o meu menino lindo, mesmo que eu não lhe dê tanto colo como dou ao irmão.
E, parecendo que não, acho que nunca tive de dar passos tão maiores do que as minhas pernas, sobretudo com a proximidade de mais uma viagem do Jaime, mas continuo a querer esticar os membros ao limite, apesar de já ter rachado a cabeça e esfarrapado as canelas.
Nem quero imaginar a sensação...
ResponderEliminarAs melhoras rápidas do Nicolau e força!
Há muitos anos atrás, quando andava à procura de emprego, estava na moda a questão do "diga-me três defeitos seus" que todos levávamos previamente preparada com respostas que vai na volta e até são qualidades. E um dos meus defeitos escolhidos a dedo (evitava claramente o meu problema sério com regras e autoridade) era o não saber parar. Utilizaria a palavra desistir se não se tratasse de uma entrevista de emprego. Consegui o emprego, que o sr. empregador viu ali uma boa aquisição de recursos ilimitados - Já para não falar que estavamos na década de 90. Outros tempos...
ResponderEliminarMas aqui entre nós, nada disto é muito inteligente.
Não ía pelo dar passos maiores que as pernas, mas sim por não saber quando é que o caminho já não vale a pena, quando é que é melhor parar, baixar os braços para os levantar melhor depois. Talvez não seja nada disto que precisas de ouvir, muito provavelmente a força que a Raquel te deseja é mais adequada.
Mas, pensando bem, não é apenas para continuar que se precisa de força.
...
Vivesse eu em Lisboa e ficava-te alegremente com o Nicolau por uns dias, que se continua o doce que foi naquela tarde solarenga do CCB, eu só tinha a ganhar com isso.
Beijinhos e coragem (para continuar ou para parar, não te esqueças que tens sempre escolha)
Se os passos parecem maiores que as pernas e não podemos/queremos/decidimos diminuí-los, anda-se mais devagar e encolhe-se os ombros na esperança que a Primavera chegue mesmo daqui a 3 dias. Força, beijinhos, e chega para lá nessas doenças todas!
ResponderEliminarCoitadinho do Nicolau... Tenho a certeza que vi correr tudo bem e que o Nicolau vai melhorar rapidamente e que vocês se conseguem organizar miraculosamente como sempre acontece no meio da vossa confusão toda! :)
ResponderEliminarolá!
ResponderEliminarespero sinceramente (de coração) que o pequeno Nicolau melhore.
Tenho ouvido falar em muitas crianças que apanharam esse raio dessa febre e é uma grande chatice para os miúdos e para os pais, que nada podem fazer.
Trabalhar é um mal necessário - por mais que se goste do que se faz - nada paga a ausência e a falta que fazemos aos nossos bebés.
Não sei se se lembra de mim.. a anónima que lhe sugeriu o BPI :)
Sabe que continuo na minha... pelo menos conseguia um part time!
Eu se pudesse, trabalhava a meio tempo.
God knows i wish..
As melhoras!
As melhoras do Nicolau! Enquanto não melhorar, provavelmente tudo te parecerá mesmo negro, de forma que não adiantará grande coisa dizer o que quer que seja...
ResponderEliminarEssa sensação dos passos maiores do que as pernas também tenho, mas é das tais coisas, não há como não continuar a andar - pelo menos enquanto não morrermos (desculpa o pragmatismo, mas é mesmo assim).
verao80
Bom...eu ia sugerir que te deixasses de lamechisses e escrevesses um livro, assim sempre ficavas em casa;O)
ResponderEliminarMas confesso, fiquei deliciada com o comentário da Anónima! Desta vez gostei de a ler (tambem) anónima...não te estou a tirar talento Calita...tu és a maior! lol
Mas assim perdia a oportunidade de me lamentar! se bem que podia estar em casa a queixar-me de não saber escrever um livro. Hmmm...
EliminarObrigada :)
EliminarÉ sempre um gosto gostar-se de um anónimo.
É que não somos todos maus!
Um comentário é um comentário e vale o que vale.
ResponderEliminarMas achei este texto comovente.Comovente.O amor mãe/filha é muitas vezes assim, triste,acho eu. Mas é amor.