Perspectivas

27.9.12


Ao descer em direcção à estação de metro Baixa/Chiado, o Nicolau às cavalitas do pai, feliz da vida no meio de tanta gente, e o Isaac pela minha mão, ligeiramente perturbado no meio de tanta gente, estranhei-me ali. Pareceu-me que passou uma fracção de segundo desde que deixei o Porto, a cidade onde a Beatriz nasceu e viveu até aos sete anos, vim para Lisboa, arranjei emprego, deixei o emprego, tive mais dois filhos, mudei de casa duas vezes (e vou mudar outra), fiz novos amigos.
E agora ali estava eu a contornar a Igreja do Loreto, quase a chegar ao quiosque, com um dos meus rapazinhos pela mão, na cidade onde ele nasceu e vive há quase três anos, ou há menos de uma fracção de segundo.
Já a hora e meia que passámos dentro da estação de metro, para assistir às cantorias da mais velha, pareceu-me um ano e meio. Um é porque queria vir para casa, o outro jogar badminton com a chupeta. Aquilo foi um corrupio de desce escada rolante, sobe escada rolante, desce escada rolante, sobe escada rolante, corre atrás de um, corre atrás de outro, enquanto o coro cantava, e bem, diga-se de passagem.
No final lá viemos para casa de rastos, maltrapilhos e um com o lábio rebentado, claro. Ou felizes, como se usa dizer agora.

4 comentários:

  1. Tive um flash desse a semana passada. Estava a sair da casa da minha mãe, olhei para o carro, os bancos cheios de miudos e estava a ir para a minha casa. Foi só naquele instante entre estar a fechar a porta - coisa tão comum por 30 anos em que ali vivi e quando olho para trás tenho uma vida de adulta, filhos meus, uma casa e apercebo-me que já sou crescida, ou o raio...
    Enquanto não chegar ao carro a perguntar quem são e o que fazem ali, está tudo bem! Ahahahaha
    Mas já falei com mais pessoas que volta e meia sentem isso, é estranho mas muito engraçado... Passamos anos embrenhadas no projecto e não temos noção de como cresceu e evoluiu!
    Nota: adorei o ultimo parágrafo, ahahahahahahah

    ResponderEliminar
  2. É pegar nestes momentos semi-lúcidos, semi-alucinados, e guardá-los numa caixinha.

    (ouvirdizer: tu hoje não paras de rir, mulher. Para quem não passeia pelos bosques, deves andar a inalar muita ervinha fresca...)

    ResponderEliminar
  3. A vida a acontecer :)
    Isto também pode ser um post sobre o cornetto de chocolate.
    Remate final merece outra menção honrosa.

    ResponderEliminar