Não sei se te devia dizer isto, mas o irmão da Guilhermina vai espetar-lhe uma faca nas costas daqui a uns anos e ela vai sobreviver. Tu sabes que ela é uma sobrevivente e tem uma dignidade que a tua professora não tem.
Também sei que gostavas de perceber muitas outras coisas, mas vais ter tempo para isso. A sério, não queiras compreender tudo, conhecer tudo, e, sobretudo, não desprezes o que tens. Eu sei que é pouco, comparativamente com o que toda a gente que conheces tem, mas as comparações, vais ver, são coisas ridículas de se fazer.
E, não, não vais ser freira. Vais questionar a tua religião, um dia, vais abandoná-la, mas não vais conseguir deixar de ter fé, apesar de não saberes bem em quê.
Acima de tudo, e isto é mesmo muito importante, abraça o teu pai. Abraça muitas, muitas vezes o teu pai. Diz-lhe que gostas muito dele e que é o melhor pai do mundo. Daqui a três anos e pouco ele vai a Fátima com algumas pessoas da família. Despede-te dele.
Da tua sempre,
Eu adulta
* copiadíssimo daqui
Já trocámos beijos na net, mesmo na boca, mas agora o que me apetece mesmo é dar um grande abraço à Calita de 9 anos (e à Guilhermina).
ResponderEliminarE furar os pneus dessa professora.
Os CTTs deviam fazer um serviço mais completo, muitas vidas seriam melhores.
PS : O meu comentário, sou eu a armar-me em forte, mas apetece-me chorar depois de ler esta carta, se queres saber a verdade.
Esta carta e a "original" são comoventes e autênticas, mas quando as li lembrei-me não da minha (também) pouco recomendável professora da 2.ª e 3.ª classes, mas de quando tinha uns 11 ou 12 anos e andava a pé na Rua de Cedofeita, e num passe mágico percebi que a minha consciência-vontade era autónoma e poderosa - ela estava muito para além de todos os buracos negros que acumulara até ali. É preciso sacudir com força as pedras, porque quanto maior o buraco maior a pedra: e é realmente uma pena, além de buracos, carregar pedras.
ResponderEliminartão bonito. não consigo dizer mais...
ResponderEliminarRaios, mas tu vais sempre saber dizer tudo assim com tiros de metralhadora e fazer-nos chorar, pelas razões pelas quais se deve efectivamente chorar.
ResponderEliminarPoça. Estás a ficar cada vez melhor... Bom mesmo.
ResponderEliminarAndreia M.
prontoSS. Já chorei. Não se faz, pá!
ResponderEliminarCarla