Têm-se dito coisas elogiosas do novo livro do Marmelo, do coiso como ele lhe chama, e eu fico muito contente não só porque me parece que está mais do que na altura do moço sair da sombra e vir para a televisão e jornais mostrar a focinheira, mas também porque gosto de me saber em sintonia com as críticas que li.
Depois do último livro do escritor, As Sereias do Mindelo , lembro-me de pensar que o moço estava a apurar a escrita, que andava ali às voltas do buraco negro que é a literatura do ponto de vista de quem escreve, acho eu. E desta vez lá se decidiu a mergulhar de cabeça. O resultado é um livro inteligente, com histórias bem contadas e a fazerem meditar sobre a literatura e a humanidade.
Eu confesso que, além do grande interesse das referências literárias e das personagens inventadas pelo escritor inventado, o que mais me me chamou a atenção em Uma Mentira Mil Vezes Repetida foi aquela coisa do narrador querer tornar-se um homem célebre por causa de um livro que ele inventou mas não escreveu. Como se escrevê-lo pudesse ser a sua ruína em vez da salvação que ele acredita poder encontrar na celebridade. É por isso que, ao contrário do que se diz, a história de amor não me parece forçada, mas percebo que outro desenlace pudesse ser mais apropriado ao romance.
Uma Mentira Mil Vezes Repetida, Manuel Jorge Marmelo, Quetzal, 2011
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